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Jornal - Entrevista

António Cândido em entrevista ao Notícias da Beira

 
Cristina Rodrigues
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Tem 83 anos, é natural de Lisboa e veio para Mangualde em 1963 .

Foi o principal dinamizador do Grupo Cénico, desde a sua fundação em 1969. Apesar de outras actividades culturais em que participou, o Grupo Cénico  foi o que mais lhe tocou, dedicando-lhe muito tempo da sua vida.

 

Conte-nos um pouco da história do Grupo?

António Cândido - O Grupo nasceu no dia 10 de Julho de 1969 e foi legalizado em Janeiro de 1970.

O Grupo surgiu devido em Mangualde  não haver nada cultural, apenas existia o Conjunto Azurara.

O Pe. Lobinho  fazia os espectáculos do 1º de Maio com a juventude generalizada  no antigo patronato e em 1968 choveu e eu que colaborava também neste Grupo tive a ideia de no próximo ano ser no Cine-Teatro, visto o espectáculo ser de cariz cultural e tivemos a casa cheia . O espectáculo,  como sempre  fez o Grupo Cénico, foi a título gracioso. Dado a grandiosidade do espectáculo, a juventude queria mais e então continuou com mais espectáculos e assim o Grupo Cénico, em 4 de Outubro de 69, realizou o primeiro espectáculo com cerca de 60 figuras em palco, sendo repetido 8 dias depois a pedido do público.

No mês seguinte, fomos  convidados para fazer um espectáculo em Canas de Senhorim (duas peças de teatro – num acto), e com actuação do conjunto musical  e alguns cantores a partir daí o Grupo legalizou-se. Com o andamento, corremos o país e criaram-se grandes amizades.

Até ao encerramento do cine-teatro em Julho de 84, (sala onde ensaiávamos) apresentamos por todo o concelho 31 peças. As que mais marcaram foi a “Casa de Pais” e o “Caso Rosemberg” que levamos a vários festivais.

Com a falta de sala para ensaiarmos, andámos durante dois anos a fazer espectáculos pelas salas do concelho e fora com o cinema 16 minutos.

Participámos no Bigh Show (SIC) , a  “Prata da Casa” também nos levou a várias localidade entre elas a Marinha Grande, Leiria , Samora Correia.

Mais tarde começaram aparecer os conjuntos musicais e os jovens foram recebendo propostas e foram-se desagregando, (pois aqui recebiam dinheiro), no Grupo Cénico era a titulo gracioso.

Até 2006, o Grupo ainda fez vários espectáculos, vindo a reduzir até aos dias de hoje, devido a falta de verba e de uma sala para ensaiar. Apesar de prometida várias vezes pela autarquia e seus vereadores, até à data ainda não vimos o sonho realizado.

É de salientar que o Grupo Cénico em 2006/2007  colaborou nas duas Galas que foram exibidas na Biblioteca Municipal de Mangualde, no Programa Radiofónico da Região Demarcada do Eng. Artur Vicente.

Ao longo dos anos tivemos sempre a sensibilidade de consagrar várias homenagens, destacando-se a do Dr. Dino, Dr. Amândio Marques – Historiador, D. Manuel da Rocha Felício (na altura Pe. em Mangualde), Sr. José Santos, Sr. Ernesto Matias, entre outros.

Neste  momento o Grupo Cénico tem colaborado com várias Associações trazendo vários artistas a estes espectáculos  sempre a título gracioso.

Na minha opinião parte destes espectáculos, devido a sua qualidade, deviam ser transmitidos pela rádio e nada ficavam a dever se fossem apresentados nas festas da cidade como já aconteceu.

 

N.B.- Como consegue sobreviver o Grupo?

A.C.- Vai  sobrevivendo com muitas dificuldades, sendo a maior falta o espaço para ensaiar.

Tenho pessoas que se têm oferecido para colaborar, que gostavam de fazer teatro ou outras actividades mas não temos condições. Há os que têm sede e não as utilizam...

A Câmara seja ela da cor que for, tem que ter consideração pelas Associações.

 

N.B.- Qual é o balanço destes 40 anos?

A.C.- O balanço apesar de tudo é positivo. A cultura é sempre positiva. A cultura transmitida ao povo através dos Grupos Amadores de teatro, está na base de sangue, suor e lágrimas de todos quantos para esse fim trabalham.

No meu entender qualquer Câmara que não fomente a cultura, se não está morta, está moribunda.