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Jornal - Entrevista

Unidade de Cuidados Continuados

pronta de arquitectura

Faz um ano que foi assinado o auto de consignação e início dos trabalhos de remodelação e adaptação do antigo hospital que dará lugar a uma Unidade de Cuidados Continuados.

O Notícias da Beira foi falar com o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, Sr. Coronel  Fernando Morais de Almeida, para saber como se encontram as obras.

 

N.B. - De uma forma resumida explique-nos em que consiste uma Unidade de Cuidados Continuados?

Provedor Morais de Almeida- Resumidamente, diria que, até há bem pouco tempo, as pessoas doentes, em situação de dependência ou com patologias associadas à idade, não tinham alternativa senão permanecer largo tempo nos hospitais, ocupando camas necessárias para outras urgências mais agudas, ou então eram convencidas a regressar aos seus domicílios ou a ser internadas em Lares, obviamente não preparados para receber este tipo de doentes, cujos cuidados são em muitos casos intensos, a pedir uma vigilância clínica de 24 horas diárias. Então surgiu esta solução, isto é as pessoas que já referi passaram a dispor de instalações de internamento para “continuar a ter cuidados”, daí a designação de Unidades de Cuidados Continuados.

 

N.B.- O nosso concelho tem grande necessidade deste serviço?

P. - Eu acho que sim. Se não repare, actualmente, o que está a suceder é que as pessoas do concelho que tipificam esta necessidade estão a ser encaminhadas para unidades já existentes noutros concelhos, dificultando a visita dos familiares, visitas essas que tão importantes são nesta fase da vida das pessoas. Repare-se que estamos a falar de “cuidar”, mais do que “tratar”. Cuidar implica afectos. Ora foi a pensar nisso que a Misericórdia de Mangualde decidiu empreender esta obra. Cuidar da Saúde está na génese da criação das Misericórdias.

 

N.B. –O prazo da obra vai ser cumprido? Para quando está prevista a abertura?

P. - A obra pode-se considerar pronta de arquitectura. Não chegou a um ano. Já foi assinado o auto de recepção provisória. Faltam alguns acabamentos e em breve poderemos pedir a licença de utilização, não sem antes obtermos as certificações nas mais diversas áreas que são etapas cujo tempo de demora temos alguma dificuldade em controlar. Claro que, entretanto,  decorrem as diligências para o equipamento móvel e as acções de recrutamento, selecção de pessoal e sua formação. Quando tudo estiver pronto esperamos assinar o necessário acordo com o Estado para que entre em funcionamento.

 

N.B. – Qual o investimento total da obra?

P. - Estamos a falar de cerca de três milhões de euros.

 

N.B.- Qual é a comparticipação da Santa Casa da Misericórdia?

P. -Sendo a comparticipação do Estado de 750.000 Euros e a comparticipação da Câmara Municipal de Mangualde, deliberada em cerca de 275.100 Euros, a pagar em cinco anos, o restante é da responsabilidade da Misericórdia. Claro que tivemos de pedir um volumoso pedido à Banca que estamos a pagar. Não há mais transparência possível.

 

N.B. Quantos postos de trabalho vão ser criados?

P.- Esperamos criar cerca de 30 postos de trabalho directos.

 

N.B.- A ACAB, no dia 9 de Abril, realizou um Sarau  e a receita reverteu a favor da U.C. C. 

A população aderiu?

P.- Acho que sim, se atendermos a que, como nos diz a ACAB, os bilhetes foram praticamente todos vendidos, e alguns duas vezes, isto é, houve pessoas que os compraram e ofereceram de novo para revenda, de modo a que constituíssem donativo, já que não podiam ir ao espectáculo. De uma forma geral, as pessoas de Bem têm-nos feito chegar a sua ajuda, algumas dando-nos quantias que lhes fariam falta.

 

N.B.- Tem havido outras iniciativas para ajudar na angariação de receitas?

P. - Tem havido e mais há e haverá, à medida que as pessoas ficam informadas do alcance da obra. Há felizmente gente e instituições que nos abordam manifestando-se disponíveis para ajudar por qualquer forma. Comovem-nos, às vezes, pessoas que pouco têm e nos trazem do que se vê lhes fazer falta. Toda a esmola é bem-vinda, mas tem muito valor o que se dá daquilo que nos faz falta. Todos serão inscritos no Livro dos Beneméritos da Obra.

Hoje ou amanhã seremos velhos a precisar destas ajudas de saúde no final da vida. No futuro colheremos do Bem que agora semearmos.