Versão para impressão
Jornal - Entrevista

50 Anos

              de Vida Pastoral nas Paróquias

O Sr. Padre Celestino Correia Fernandes celebrou,  no dia 17 de Julho, 50 anos de sacerdócio.

Notícias da Beira entrevistou-o.

N.B. – Quais as principais apostas: espiritual, familiar, cultural, social?

Quais os passos mais positivos que recorda e que o marcaram pessoalmente bem como as paróquias?

Padre Celestino - O sacerdote tem um campo de actividade muito variado e tem de estar atento a todos os setores da vida das paróquias que lhe estão confiadas. Penso que tem de ter especial preocupação com as crianças, com os jovens, com as famílias e com os doentes e idosos. Alguma coisa fui fazendo ao longo destes anos com a ajuda de Deus.

Mereceu especial preocupação o sacramento da confissão, que é fundamental para a vida cristã duma paróquia e de cada fiel. Tem havido confissões com sacerdotes de fora todos os meses ao longo destes anos, seguindo o costume deixado pelo meu antecessor.

Através de livros e sobretudo do jornal Família Paroquial vai-se ajudando muita gente na sua cultura religiosa e na correcta visão do mundo. Alguns cursos na paróquia, os Cursos de Cristandade e os Convívios Fraternos fizeram muito bem.

No campo da assistência social formou-se o Centro Paroquial com as suas diversas valências. Tem ajudado a viver a caridade cristã por parte da paróquia.

 

N.B.-Após tão longa experiência como comenta esta questão:

A Paróquia faz o Padre ou o Padre é que faz a Paróquia?

Pe. Celestino - A paróquia tem de ajudar os sacerdotes rezando e colaborando generosamente com eles. Mas o sacerdote, como pastor em nome de Cristo, tem a missão de conduzir o rebanho que lhe foi confiado com a sua palavra, com o exemplo, com a amizade por todos e com a sua oração. E, apoiado na graça de graça de Deus, vai transformando as paróquias para serem verdadeiras comunidades de fé. É pena que  não sejamos tão santos como o humilde Cura d’Ars.

 

N.B.- Que beneficia mais a ação Pastoral de um Padre:

A estadia limitada ou prolongada nas Paróquias?

Pe. Celestino - Depende muito das circunstâncias e do zelo dos sacerdotes. Às vezes vai-se ficando porque se fazem obras; depois ficam dívidas e não candidatos àqueles lugares. Assim me aconteceu ao longo destes anos.

 

N.B.- Pode pronunciar-se sobre a vida cristã local desde quando começou até aos tempos de hoje?

Se pudesse, optaria viver então ou agora?

Pe. Celestino - Cada um tem de viver no tempo presente, sem fantasias e sonhos quiméricos mas aproveitando os meios e sabendo contar com a graça divina. Todos os tempos são bons e são maus. Temos de trabalhar com optimismo sobrenatural.

Nas paróquias tem ajudado muito a devoção a Nossa Senhora, em concreto Nossa Senhora de Cervães. E também a devoção a S. José, o protector da Santa Igreja e grande amigo lá no Céu.

 

N.B.- A Igreja precisa de Padres e Leigos para os tempos de hoje

Pode comentar?

Pe. Celestino - Sempre precisou de padres e de leigos, porque é formada por uns e outros e não pode haver pessoas inúteis na Igreja. Até as crianças e velhinhos podem ajudar e devem ajudar. Hoje é mais urgente este trabalho dos leigos pela falta de sacerdotes.

O trabalho fundamental dos leigos é aquele que não se vê: nas famílias, na educação dos filhos, na relação com os colegas de trabalho e os amigos, na vida social e política e na evangelização da cultura..

E naturalmente também nos trabalhos próprios das paróquias. Dou graças a Deus pela colaboração generosa de muitos paroquianos.

 

N.B.- Para que uma Paróquia mais facilmente gere sacerdotes a ação do Padre também é determinante (se assim se pode dizer)?

Pe. Celestino - São precisos mais sacerdotes e é urgente despertar vocações. Isso depende das famílias, do exemplo e oração dos fiéis em geral, e também do empenho dos sacerdotes .

O ano assado tivemos a alegria de um novo sacerdote em Santiago de Cassurrães, ao fim de cem anos sem ordenações damos graças a Deus.

 

N.B.- Que mensagem deixa aos novos sacerdotes?

Pe. Celestino - Que lutem por ser santos, como Jesus deseja. É o segredo da eficácia. O exemplo do Cura d´Ars continua a ser uma lição muito atual.

 

N.B. - Que mensagem deixa às suas paróquias?

Pe. Celestino - Ao celebrar os cinquenta anos de sacerdócio, pedi-lhes uma prenda: continuarem a melhorar na sua vida cristã, na fé e no amor de Deus, seguindo os conselhos que o pároco em nome de Jesus lhes vai dando. É essa a alegria das mães, ao verem que os filhos se portam muito bem.