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Notícias da Igreja
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Jornal - Notícias da Igreja

Cristianismo:

 Papa evocou mártires do século XX e XXI e disse que fechar as fronteiras é um «suicídio»

O Papa Francisco evocou os cristãos perseguidos no século XX e XXI, denunciou tratados internacionais que contrariam os direitos humanos e disse que fechar as fronteiras aos migrantes é um “suicídio”.

Francisco presidiu à Liturgia da Palavra com a Comunidade de Santo Egídio, em memória dos “novos mártires” do século XX e XXI, onde afirmou que “a Igreja é Igreja se é Igreja de mártires”.

Os mártires tiveram a graça de “confessar Jesus até ao fim, até à morte”, sublinhou o Papa. “Eles sofrem, dão a vida e nós recebemos a bênção de Deus pelo seu testemunho”, acrescentou.

Para o Papa Francisco, “a causa de todas as perseguições é o ódio” manifestado pelos “príncipes deste mundo” diante “dos que foram salvos e redimidos por Jesus com a sua morte e com a sua ressurreição”.

“Com a sua morte e ressurreição resgatou-nos do poder do mundo, do poder do diabo, do poder dos príncipes deste mundo. E a origem do ódio é esta: depois de termos sido salvos por Jesus, e porque os príncipes deste mundo não o queriam, odeiam-nos e suscitam a perseguição, que continuam desde os tempos de Jesus e da Igreja nascente até aos nossos dias”, lembrou o Papa.

“Quantas comunidades cristãs são hoje perseguidas! Porquê? Por causa do ódio do espírito deste mundo”, sublinhou Francisco.

Para o Papa, “a Igreja tem necessidade de mártires, de testemunhas”, ou seja, de “santos de todos os dias”, da “vida quotidiana, vivida com coerência.

O Papa referiu-se aos refugiados perseguidos por causa da religião e disse que os acordos internacionais parecem “mais importantes do que os direitos humanos”.

O Papa recordou os refugiados que chegam à costa do Mediterrâneo de barco e são acolhidos em “países generosos como Itália e a Grécia”, mas depois “os tratados internacionais não deixam” que sejam encaminhados para as comunidades que os desejam integrar.

“Se em Itália se acolhessem dois, dois migrantes em cada município, estavam todos colocados”, lembrou o Papa.

Francisco agradeceu o acolhimento de refugiados, sobretudo no sul da Europa, em Lampesuda, Sicília e Lesbos, desejando que “contagie um pouco o norte”.

“É verdade: nós somos uma civilização que não faz filhos e mesmo assim fechamos a porta aos migrantes. A isto chama-se suicídio. Rezemos!”, concluiu Francisco.

A evocação dos “novos mártires” decorreu na Basílica de São Bartolomeu, no bairro de Trastevere, em Roma, Itália, onde a Comunidade de Santo Egídio foi fundada por Andrea Riccardi, professor de história contemporânea, em 1968; tem reconhecimento da União Europeia e do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), pelo trabalho em prol dos direitos humanos e da paz, a nível internacional.

 
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A ESPERANÇA EM DEUS

“Ter esperança – esperar no futuro, crer na vida – é uma necessidade primária do ser humano. Mas é importante que esta esperança esteja posta em alguém que verdadeiramente possa ajudar a viver, possa dar sentido à nossa existência. Por isso, a Sagrada Escritura acautela-nos contra falsas esperanças que o mundo nos apresenta e às quais muitas vezes nos sentimos tentados a confiar: são falsos ídolos. E não se trata apenas de imagens feitas de metal ou de barro, mas também imagens construídas na nossa mente, quando confiamos em realidades limitadas que transformamos em absolutos ou quando reduzimos Deus aos nossos esquemas e ideias de divindade: um deus à nossa medida, que possa servir as nossas exigências e intervir magicamente para mudar a realidade e torná-la como a queremos nós. Neste caso o homem, feito à imagem de Deus, fabrica um deus à sua própria imagem e uma imagem mal conseguida, pois não ouve, não age e sobretudo não pode falar. À esperança no Senhor da vida, que, com a sua Palavra, criou o mundo e conduz a nossa existência, contrapomos a confiança em imagens mudas. As ideologias com a sua pretensão de absoluto, as riquezas, o poder e o sucesso, com a sua ilusão de eternidade e omnipotência, valores como a beleza física e a saúde vistos como ídolos aos quais tudo se sacrifica: tudo isso são realidades que confundem a mente e o coração e, em vez de favorecer a vida, conduzem à morte. A mensagem do Salmo é muito clara: se colocamos a nossa esperança em tais ídolos, ficamos como eles: imagens vazias, com mãos que não apalpam, pés que não caminham, bocas que não podem falar. Não temos nada para dizer, tornamo-nos incapazes de ajudar, melhorar a vida, sorrir, dar-se. Pelo contrário, se pomos a nossa esperança em Deus, tornamo-nos como Ele, partilhamos a sua vida e irradiamos a sua bênção sobre a terra”.

 

 

Papa Francisco

2017-01-11

 
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IMACULADA CONCEIÇÃO

Em tempo de Advento, celebramos a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, Padroeira de Portugal. Maria foi a primeira a receber a vinda do Filho de Deus à humanidade. Com o seu “sim”, Maria aproxima-nos do grande mistério da encarnação e da humanização de Deus. Nove meses antes da celebração da Festa da Natividade de Maria (8 de Setembro), juntamos as nossas vozes para celebrar a Mãe de Deus no singular privilégio da Conceição Imaculada da sua humanidade. Aquela que foi escolhida para ser a mãe de Cristo, foi concebida sem mancha, sem a culpa do pecado.

A primeira leitura do livro do Génesis é o relato do pecado original, porque foi desta culpa que Maria foi preservada desde o início da sua existência, pelos méritos do seu Filho. “Onde estás?”, perguntou Deus que, por amor, veio ao encontro da sua criatura predileta. Adão respondeu: “Tive medo e escondi-me”, ou seja, respondemos nós, amedrontados. Esta leitura revela todas as nossas inúteis estratégias de defesa, e faz-nos ver como nós nos escondemos de nós mesmos e de Deus, e como descarregamos facilmente as nossas culpas sobre os outros: “A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore, da qual estávamos proibidos de comer, e eu comi”. Seria mais correto assumirmos e confessarmos as nossas culpas, o nosso pecado de orgulho. Mas não. Fugimos, escondemo-nos de nós próprios, e respondemos: “Foi a mulher”, “foi aquele”, “foi aquela”. E se não assumirmos as nossas culpas, se nos escondemos de Deus, como podemos corrigir os nossos erros? Quando nos escondemos de Deus, estamos também a esconder a Alegria, o Amor e o Perdão de Deus. É habitual dizer que esta conhecida página do livro do Génesis narra a entrada do mal no coração do homem e no mundo. Mas do que se trata mesmo é da importância da relação do homem com Deus. Diz-nos que o mal entra no mundo quando o homem quebra esta relação e se desliga de Deus. Deus procurou o homem e a mulher. Eles esconderam-se. Mas não podemos esquecer que o homem não pode estar fechado sobre si, auto-suficiente, mas completamente aberto e voltado para Deus, de quem por amor tudo recebe. E completamente voltado para os outros, a quem tudo entrega por amor.

Ao contrário de nós, Maria foi visitada por Deus, não foge, não se esconde de si mesma, não se esconde de Deus, não esconde Deus na sua vida. Ela tinha consagrado a Deus toda a sua vida. Expõe-se a Deus, aceitando a sua vocação que lhe vem de Deus. Maria vai ser a Mãe, não de um filho, mas do Filho há muito esperado, ansiado e anunciado pelos profetas. É o Filho de Deus, é o Filho de Maria. Por isso, o Anjo Gabriel diz-lhe: Avé, cheia de graça, o Senhor está contigo” e “Não temas, Maria”. Ao dar conta que tudo o que irá nela acontecer será obra do Espírito Santo, obra de Deus, Maria disse: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Deus chama, mas não impõe. A Maria, e a cada um de nós. Podemos sempre aceitar Deus ou esconder-nos de Deus, deixar Deus entrar, ou fechar-lhe a porta. Maria aceitou. Por isso, hoje, podemos dizer: Feliz és tu, Maria, porque acreditaste em tudo quanto te foi dito da parte do Senhor! Feliz também aquele que ouve a Palavra de Deus e a põe em prática.

Neste dia, louvamos a Mãe de Deus e nossa Mãe, a Padroeira de Portugal. Procuremos ir ao encontro dos homens e das mulheres que se escondem de si mesmos, que continuam a esconder-se de Deus. Não esqueçamos que há pessoas que pretendem esconder Deus, retirá-lo da nossa vida, da vida pública, da sociedade de hoje. Às pessoas que andam nas trevas, tristes, escondidas, desanimadas, levemos a Luz, gerada no seio virginal de Maria, Jesus Cristo. Peçamos a Maria que não se canse de derramar sobre nós o seu olhar misericordioso e que nos faça dignos de contemplar o rosto da misericórdia, o seu Filho Jesus.

 
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Exclusões pastoraisa divorciados recasados em análise

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que as “exclusões do ponto de vista litúrgico” colocadas a divorciados recasados “podem e devem ser revistas”, tendo em conta cada caso.

 Em declarações à comunicação social no fim dos trabalhos da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente disse que aguarda “indicações mais concretas” do Vaticano sobre os aspetos que podem ser revistos. “O Papa diz na exortação apostólica ‘Amoris laetitia’ que há uma série de exclusões do ponto de vista litúrgico, pastoral que podem e devem ser revistas atendendo à diferença dos casos pessoais. Mas ainda não explicitou quais. Certamente nas congregações romanas se estudará isso e nos darão indicações mais concretas”, afirmou o presidente da CEP.

Para D. Manuel Clemente, “efetivamente não é tudo a mesma coisa, os casos não são todos iguais e têm de ser acompanhados com discernimento e integração”. O cardeal-patriarca de Lisboa insistiu que a análise de segundas uniões por quem já tenha recebido o sacramento do matrimónio exige discernimento porque “são histórias pessoais que divergem muito de umas para as outras”. “Em muitos casos até podem isentar de culpabilidade pessoal numa determinada situação e em algumas realidades, que não podem recuar, por se ter constituído uma segunda família”, indicou D. Manuel Clemente.

“Da parte da Igreja, a insistência na indissolubilidade do matrimónio é original, está no Evangelho. Mas depois há as pessoas, muito distintas nos seus percursos”, sublinhou.

Em resposta aos jornalistas, D. Manuel Clemente disse também que a “verificação ou não da validade de um suposto matrimónio” é sempre a “primeira linha de atuação”. O presidente da CEP referiu depois que alguns passos podem e devem ser dados no acompanhamento e a integração de casais em segunda união nas comunidades cristãs. “O Papa insiste muito nesse ponto, e nós com ele, e vamos ver até onde isto nos pode levar”, afirmou, acrescentando que se trata de uma decisão que não depende “de cada um”. “É um ato de Igreja. Não é uma coisa de cada um”, sublinhou. Questionado sobre a oportunidade de ser elaborado um manual para distribuir aos párocos sobre o discernimento e acompanhamento de divorciados recasados, à semelhança de outras conferências episcopais, como na Argentina, o presidente da CEP referiu que ainda não chegaram a esse ponto. “Vamos ver o que é possível. O que for possível e conveniente faremos de certeza”, concluiu.

 

 
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CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

Instrução Ad resurgendum cum Christo a propósito da sepultura dos defuntos e da conservação das cinzas da cremação

1. Para ressuscitar com Cristo, é necessário morrer com Cristo, isto é, “exilarmo-nos do corpo para irmos habitar junto do Senhor” (2 Cor 5, 8). Com a Instrução Piam et constantem, de 5 de Julho de 1963, o então chamado Santo Ofício, estabeleceu que “seja fielmente conservado o costume de enterrar os cadáveres dos fiéis”, acrescentando, ainda, que a cremação não é “em si mesma contrária à religião cristã”. Mais ainda, afirmava que não devem ser negados os sacramentos e as exéquias àqueles que pediram para ser cremados, na condição de que tal escolha não seja querida “como a negação dos dogmas cristãos, ou num espírito sectário, ou ainda, por ódio contra a religião católica e à Igreja”.[1]Esta mudança da disciplina eclesiástica foi consignada no Código de Direito Canónico (1983) e no Código dos Cânones da Igreja Oriental (1990).

Entretanto, a prática da cremação difundiu-se bastante em muitas Nações e, ao mesmo tempo, difundem-se, também, novas ideias contrastantes com a fé da Igreja. Depois de a seu tempo se ter ouvido a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, o Pontifício Conselho para os Textos Legislativos e numerosas Conferências Episcopais e Sinodais dos bispos das Igrejas Orientais, a Congregação para a Doutrina da Fé considerou oportuno publicar uma nova Instrução, a fim de repôr as razões doutrinais e pastorais da preferência a dar à sepultura dos corpos e, ao mesmo tempo, dar normas sobre o que diz respeito à conservação das cinzas no caso da cremação.

2. A ressurreição de Jesus é a verdade culminante da fé cristã, anunciada como parte fundamental do Mistério pascal desde as origens do cristianismo: “Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze” (1 Cor 15, 3-5).

Pela sua morte e ressurreição, Cristo libertou-nos do pecado e deu-nos uma vida nova: “como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós vivemos uma vida nova” (Rom 6, 4). Por outro lado, Cristo ressuscitado é princípio e fonte da nossa ressurreição futura: “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram….; do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo todos serão restituídos à vida” (1 Cor 15, 20-22).

Se é verdade que Cristo nos ressuscitará “no último dia”, é também verdade que, de certa forma já ressuscitámos com Cristo. De facto, pelo Baptismo, estamos imersos na morte e ressurreição de Cristo e sacramentalmente assimilados a Ele: “Sepultados com Ele no baptismo, também com Ele fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus, que O ressuscitou dos mortos” (Col 2, 12). Unidos a Cristo pelo Baptismo, participamos já, realmente, na vida de Cristo ressuscitado (cf. Ef 2, 6).

Graças a Cristo, a morte cristã tem um significado positivo. A liturgia da Igreja reza: “Para os que crêem em vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna”.[2]Na morte, o espírito separa-se do corpo, mas na ressurreição Deus torna a dar vida incorruptível ao nosso corpo transformado, reunindo-o, de novo, ao nosso espírito. Também nos nossos dias a Igreja é chamada a anunciar a fé na ressurreição: “A ressurreição dos mortos é a fé dos cristãos: acreditando nisso somos o que professamos”.[3]

3. Seguindo a antiga tradição cristã, a Igreja recomenda insistentemente que os corpos dos defuntos sejam sepultados no cemitério ou num lugar sagrado.[4]

Ao lembrar a morte, sepultura e ressurreição do Senhor, mistério à luz do qual se manifesta o sentido cristão da morte,[5]a inumação é, antes de mais, a forma mais idónea para exprimir a fé e a esperança na ressurreição corporal.[6]

A Igreja, que como Mãe acompanhou o cristão durante a sua peregrinação terrena, oferece ao Pai, em Cristo, o filho da sua graça e entrega à terra os restos mortais na esperança de que ressuscitará para a Glória.[7]

Enterrando os corpos dos fiéis defuntos, a Igreja confirma a fé na ressurreição da carne,[8]e deseja colocar em relevo a grande dignidade do corpo humano como parte integrante da pessoa da qual o corpo condivide a história.[9] Não pode, por isso, permitir comportamentos e ritos que envolvam concepções erróneas sobre a morte: seja o aniquilamento definitivo da pessoa; seja o momento da sua fusão com a Mãe natureza ou com o universo; seja como uma etapa no processo da reincarnação; seja ainda, como a libertação definitiva da “prisão” do corpo.

Por outro lado, a sepultura nos cemitérios ou noutros lugares sagrados responde adequadamente à piedade e ao respeito devido aos corpos dos fiéis defuntos, que, mediante o Baptismo, se tornaram templo do Espírito Santo e dos quais, “como instrumentos e vasos, se serviu santamente o Espírito Santo para realizar tantas boas obras”.[10]

O justo Tobias é elogiado pelos méritos alcançados junto de Deus por ter enterrado os mortos,[11]e a Igreja considera a sepultura dos mortos como uma obra de misericórdia corporal.[12]

Ainda mais, a sepultura dos corpos dos fiéis defuntos nos cemitérios ou noutros lugares sagrados favorece a memória e a oração pelos defuntos da parte dos seus familiares e de toda a comunidade cristã, assim como a veneração dos mártires e dos santos.

Mediante a sepultura dos corpos nos cemitérios, nas igrejas ou em lugares específicos para tal, a tradição cristã conservou a comunhão entre os vivos e os mortos e opõe-se à tendência a esconder ou privatizar o acontecimento da morte e o significado que ela tem para os cristãos.

4. Onde por razões de tipo higiénico, económico ou social se escolhe a cremação; escolha que não deve ser contrária à vontade explícita ou razoavelmente presumível do fiel defunto, a Igreja não vê razões doutrinais para impedir tal práxis; uma vez que a cremação do cadáver não toca o espírito e não impede à omnipotência divina de ressuscitar o corpo. Por isso, tal facto, não implica uma razão objetiva que negue a doutrina cristã sobre a imortalidade da alma e da ressurreição dos corpos.[13]

A Igreja continua a preferir a sepultura dos corpos, uma vez que assim se evidencia uma estima maior pelos defuntos; todavia, a cremação não é proibida, “a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã”.[14]

Na ausência de motivações contrárias à doutrina cristã, a Igreja, depois da celebração das exéquias, acompanha a escolha da cremação seguindo as respectivas indicações litúrgicas e pastorais, evitando qualquer tipo de escândalo ou de indiferentismo religioso.

5. Quaisquer que sejam as motivações legítimas que levaram à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica.

Desde o início, os cristãos desejaram que os seus defuntos fossem objecto de orações e de memória por parte da comunidade cristã. Os seus túmulos tornaram-se lugares de oração, de memória e de reflexão. Os fiéis defuntos fazem parte da Igreja, que crê na comunhão “dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja”.[15]

A conservação das cinzas num lugar sagrado pode contribuir para que não se corra o risco de afastar os defuntos da oração e da recordação dos parentes e da comunidade cristã. Por outro lado, deste modo, se evita a possibilidade de esquecimento ou falta de respeito que podem acontecer, sobretudo depois de passar a primeira geração, ou então cair em práticas inconvenientes ou supersticiosas.

6. Pelos motivos mencionados, a conservação das cinzas em casa não é consentida. Em casos de circunstâncias gravosas e excepcionais, dependendo das condições culturais de carácter local, o Ordinário, de acordo com a Conferência Episcopal ou o Sínodo dos Bispos das Igrejas Orientais, poderá autorizar a conservação das cinzas em casa. As cinzas, no entanto, não podem ser dividias entre os vários núcleos familiares e deve ser sempre assegurado o respeito e as adequadas condições de conservação das mesmas

7. Para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista, não seja permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou, ainda, em qualquer outro lugar. Exclui-se, ainda a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objectos, tendo presente que para tal modo de proceder não podem ser adoptadas razões de ordem higiénica, social ou económica a motivar a escolha da cremação.

8. No caso do defunto ter claramente manifestado o desejo da cremação e a dispersão das mesmas na natureza por razões contrárias à fé cristã, devem ser negadas as exéquias, segundo o direito.[16]

O Sumo Pontífice Francisco, na Audiência concedida ao abaixo-assinado, Cardeal Prefeito, em 18 de Março de 2016, aprovou a presente Instrução, decidida na Sessão Ordinária desta Congregação em 2 de Março de 2016, e ordenou a sua publicação.

Roma, Congregação para a Doutrina da Fé, 15 de Agosto de 2016, Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria.

Gerhard Card. Müller

Prefeito

+Luis F. Ladaria, S.I.

Arcebispo titular de Thibica

Secretário

 

[1] AAS 56 (1964), 822-823.

[2] Missal Romano, Prefácio dos Defuntos I.

[3] Tertuliano, De resurrectione carnis, 1,1: CCL 2, 921.

[4] Cf. CDC, can. 1176, § 3; can. 1205; CCIO, can. 876, § 3; can. 868.

[5] Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1681.

[6] Cf. CDC, can. 1176, § 3; can. 1205; CCIO, can. 876, § 3; can. 868.

[7] Cf. 1 Cor 15,42-44; Catecismo da Igreja Católica, n. 1683.

[8] Cf. Santo Agostinho, De cura pro mortuis gerenda, 3, 5: CSEL 41, 628.

[9] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Constituição pastoral Gaudium et spes, n. 14.

[10] Cf. Santo Agostinho, De cura pro mortuis gerenda, 3, 5: CSEL 41, 627.

[11] Cf. Tb 2, 9; 12, 12.

[12] Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2300.

[13] Cf. Suprema e Sagrada Congregação do Santo Ofício, Instrução Piam et constantem, de 5 de Julho de 1963: AAS 56 (1964), 822.

[14] CDC, can. 1176, §3; cf. CCIO, can. 876, §3.

[15] Catecismo da Igreja Católica, n. 962.

[16] CDC, can. 1184; CCIO,

 
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