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HOMILIA DA FESTA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO – 2014

 É com profundo júbilo e gratidão, que celebramos, hoje, a mais amada festa mariana das nossas terras, a de Nossa Senhora do Castelo. Desde alguns séculos, Maria ocupa um lugar de predilecção no coração de todos os que vivem pelas terras de Mangualde. Para a imagem de Nossa Senhora do Castelo, memorial da ternura materna da Virgem, se orienta o nosso olhar nas diversas circunstâncias da vida.

Maria acolhe no seu coração materno todos os seus filhos e filhas, que, ao longo dos anos, muito particularmente, no dia da sua festa, acorrem a este santuário, aqui no cimo do monte, para lhe pedir ajuda nas suas dificuldades e aflições. No dia 8 de Setembro, todos os olhares e corações, sem esquecer os dos nossos queridos emigrantes, estão voltados, em especial, para a Senhora do Castelo.

A festa de Nossa Senhora do Castelo continua a ser a mais emblemática e de fundamental importância nas terras de Azurara. Ao redor da Mãe se congregam pessoas de todas as terras, que neste dia vêm cumprir as suas promessas e agradecer a Deus as graças recebidas na sua vida pessoal, profissional e familiar, por intercessão de Nossa Senhora.

Este é o dia em que Deus começa a pôr em prática o Seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Esta “casa”, que é Maria, foi construída com sete colunas, ou seja, os dons do Espírito Santo. Conta-nos a tradição que os pais de Nossa Senhora, Joaquim e Ana, já eram velhos e não tinham filhos; visitados por Deus, Ana ficou grávida de Maria, a qual, ao nascer, logo muito cedo foi apresentada no Templo e consagrada ao Senhor. Maria é escolhida por Ele desde o ventre de sua mãe, tornando-a Imaculada, sem a mancha do pecado original em vista à missão que ela teria: ser a Mãe do Salvador.

José, Filho de David, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela acção do Espírito Santo (cf. Lc 1, 20). Este é o segredo da vida de Maria; desde o seu nascimento, a sua vocação era caminhar com o seu Filho até à cruz e também no nascimento da Igreja no dia do Pentecostes. O segredo da vida de Nossa Senhora é ser conduzida pelo Espírito Santo. Maria nada fez sem a acção do Espírito de Deus, por isso, Ele é a “cheia de graça”.

Era esposa e mãe, educadora, dona de casa conduzida pela acção de Deus. Dócil e obediente, ao mesmo tempo educava e ensinava, era submissa a Jesus e à Sua missão: “Fazei tudo que Ele vos disser”, disse Maria, nas Bodas de Caná, àqueles que serviam (cf. Jo 2, 5).

Celebrar o aniversário da Mãe de Jesus é celebrar a sua participação na história da salvação, a sua vocação e o mistério da escolha de Deus sobre a humanidade. O desígnio salvífico de Deus passa pelo ‘sim’ de cada pessoa, de cada filho e filha. O Senhor criou-nos sem nós, mas ‘não pode’ salvar-nos sem a nossa participação. Cabe a nós, como à Virgem Maria, ser, cada vez mais, dóceis e abertos à acção do Espírito Santo. Nela, tudo foi feito pelo Espírito Santo! E hoje, o Espírito de Deus encontra lugar para agir e conduzir a nossa vida, segundo a vontade de Deus, para o bem de todos?

Hoje, com toda a Igreja, celebramos a Natividade de Nossa Senhora, ou seja, queremos louvar e bendizer a Deus pela Encarnação do Seu Filho que, assumindo a nossa humanidade, salva-nos do pecado e da morte; através da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o pecado e a morte não possuem mais a última palavra na vida de todo ser humano.

Todavia, para isso, Deus quis contar com uma pessoa, uma criatura, que pudesse vir ao mundo; o Altíssimo quis precisar dela, pois essencialmente, Ele não precisa de nada e nunca precisou, pois é Deus. A Encarnação de Cristo, por meio de uma mulher, foi a forma mais viável, agradável e querida pela Trindade Santa. Sendo assim, Deus Pai quis contar com uma mulher para ser a Mãe do Seu Filho: a Santíssima Virgem Maria.

Por causa da missão, não por ser maior ou menor do que qualquer outra criatura, a Virgem Maria é considerada em si mesma e no lugar que ocupa na história da salvação como a escolhida para ser a Mãe de Deus e Mãe de todos os homens.

Todavia, nesta liturgia de hoje, também somos convidados a agradecer a Maria, nossa Mãe, por tão grande amor à humanidade aceitando a missão dada pelo Pai de ser a Mãe do Redentor e, por isso, é corredentora. E em que sentido Nossa Senhora é corredentora? Maria é corredentora na obra da salvação, da redenção de Deus, pois pela maternidade divina tem uma acção conjunta, mas subordinada a Cristo redentor. A Sua corredenção corresponde à sua maternidade física a Cristo e mística aos cristãos.

Pela sua maternidade divina, a Virgem Maria participa de maneira subordinada na função mediadora de Cristo, participa como intercessora.

Em Maria aprendemos algumas características fundamentais para que nossa vida atinja a santidade tão querida e desejada por Deus. Ela é modelo da Igreja, ou seja, no exemplo da Mãe de Jesus e nossa, aprendemos como chegar à vontade de Cristo, a santidade perfeita. A Virgem Santíssima é a mulher do silêncio, guardava tudo no seu coração. Não murmurava nem se queixava das dificuldades da vida, mas procurava ver o que Deus Pai queria ensinar-lhe e falar-lhe, independentemente do que viesse a acontecer. Maria é a mulher do olhar, ou seja, tinha um olhar somente para Deus e para a Sua santa vontade. Nossa Senhora ensina-nos a ver a vida não “a partir” do sofrimento, das cruzes, mas “além” do sofrimento, das cruzes… numa profunda confiança no Pai. Maria é a mulher atenta, aquela que está sempre pronta para servir; serviço este cuja essência não é fazer algo, mas ser portadora do mistério e levar outros a saborear o mistério de Deus. A Santíssima Virgem Maria, quando vai à casa de Isabel, vai para levar o mistério àquela mulher que está sedenta de Deus. Quando ela chega, tudo estremece, como o seio de Isabel, pois está a chegar, na verdade, o mistério contido nela.

A Virgem Maria, a Nossa Senhora do Castelo, pela sua ternura, obediência, contemplação e entrega à missão que lhe foi confiada por Deus, é um modelo eclesial para a evangelização” (Alegria do Evangelho, 288).

No contexto do tempo actual marcado, para muitos, por certas situações de injustiça e de dificuldades económicas, com os seus reflexos negativos no mundo laboral e familiar, pela crise de fé e ausência de valores, como Maria somos convidados a assumir a lógica do dom, da partilha, do amor e do serviço alegre. Como ela corramos a ajudar os outros, sobretudo os que mais precisam, os desanimados, os que não têm esperança e não acreditam em Deus nem na humanidade. Grandes são os desafios e a urgência de soluções! Não entremos na globalização da indiferença, recorda-nos o Papa, que referindo-se ao desemprego dizia aos jovens em recente visita pastoral: “uma geração sem trabalho é uma derrota futura para a humanidade” (5 de Julho de 2014).

Maria, a jovem dos grandes silêncios, da escuta da Palavra guardada no coração, irrompe num admirável cântico de Louvor a Deus, pelas maravilhas realizadas nela, a favor do seu povo. Com Maria aprendemos a cantar a bondade do Senhor na nossa história e a abrir o coração à plenitude da Vida em Deus. Com Maria cantamos o “Magnificat”, o belo Cântico de Amor e de Louvor, que perpetua as maravilhas de Deus realizadas nos pobres e nos humildes. Maria é, para todos nós, perfeito modelo de fé, obediência e amor, a mais fiel discípula de Cristo. Que possamos, como a Virgem Maria, ser portadores e anunciadores, com o testemunho de vida, do mistério, que é Jesus Cristo, na vida das pessoas, especialmente àqueles que mais sofrem.

 

Irmãs e Irmãos: confiai a Nossa Senhora do Castelo os vossos problemas, dificuldades, sofrimentos, alegrias e esperanças. À semelhança de Isabel, recebei jubilosamente Maria nas vossas casas e nos vossos corações. Deixai-a visitar as vossas famílias, escolas, locais de trabalho, lares e todas as instituições de solidariedade social; deixai-a percorrer convosco as estradas da vida.

Perante as necessidades do nosso tempo, pedimos nesta celebração por todos os homens e mulheres que, marcados pelo espírito das Bem-Aventuranças, se empenham na construção de caminhos de verdade e de justiça, do bem comum e da fraternidade humana lançando alicerces para uma sociedade nova.

Pedimos pelos mais carenciados de valores humanos e dos bens materiais necessários para uma vida condigna: pelos desempregados, pelos que passam fome, pelos que precisam de maior apoio à saúde e educação.

Pedimos pelos nossos emigrantes, em especial os deste tempo, em que a crise social e económica os afasta das suas terras e famílias, para que sejam fortes e firmes na esperança, em busca de uma vida melhor.

E unindo-nos em oração ao Papa Francisco e a todos aqueles que estão a sofrer pedimos hoje, também pelos cristãos perseguidos, no Médio Oriente e, em especial no norte do Iraque, vítimas da intolerância por causa da sua fé.

Senhora do Castelo, a vós dirigimos a nossa prece: vós que viveis na glória da Santíssima Trindade, envolvei e acarinhai as nossas crianças e jovens, as nossas famílias e cada um de nós, na ternura do vosso abraço maternal. Queremos caminhar ao ritmo dos vossos passos, com alegria, entusiasmo e amor, ao encontro de Jesus e dos nossos irmãos e irmãs. Acendei em nós a estrela da Esperança, nas manhãs em que o sol já não brilha, para que a nossa vida se transforme num belo Hino de Fé, Amor e Gratidão.