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Jornal - Notícias da Igreja

Proclamar a Palavra de Deus

Quando se lê na Igreja a Sagrada Escritura, é Cristo que fala (Cfr. S.C. 7). Esta asserção do último Concílio, reproduzida nos subsequentes documentos pós-conciliares, tem um peso bastante para que suscite uma função, uma ocupação e um serviço pastoral da máxima importância. É que, em contrapartida, a vida espiritual dos cristãos não flui nem prospera, e as comunidades cristãs não subsistem, se lhes falta esse sustento vital e essencial. Infelizmente, num ambiente de dispersão, também pastoral, que tudo nivela, torna-se cada vez mais difícil discernir o que verdadeiramente interessa. Se, com efeito, ao menos uma vez por semana, não chegar o alimento da Palavra e do Pão vivo, isto é, Cristo, e se qualquer deficiência ou desleixo impedir que a Palavra se faça ouvir, como poderão aguentar-se os discípulos de Jesus e as comunidades e como há-de chegar aos outros o anúncio da salvação que anelam?

A restauração do ministério laical de leitor, pela Carta apostólica de Paulo VI, Ministeria quaedam, de 1972, como extensão da importância da Palavra de Deus na Liturgia que o Concílio pretendeu resgatar e inocular, veio criar um dinamismo novo, ainda não suficientemente abrangido e acudido. “ [O leitor] proclamará as leituras da Sagrada Escritura, excepto o Evangelho, na Missa e nas outras celebrações sagradas… Para realizar melhor e mais perfeitamente estas funções, medite com assiduidade a Sagrada Escritura. O Leitor, consciente da responsabilidade adquirida, diligencie com todo empenho, e procure os meios aptos, para conseguir, cada dia mais plenamente, o suave e vivo amor, bem como o conhecimento, da Sagrada Escritura, para chegar a ser mais perfeito discípulo do Senhor”.

Hoje muita gente imagina que sabe ler e pensa que, só por isso, pode ler na Igreja… E quanto ao ler, felizmente, que assim é… (Para muitos, seria uma ofensa pensar-se outra coisa!) Mas, uma coisa é ler para si, outra é ler para que outros ouçam e compreendam, outra é ler em público, finalmente outra é ler expressivamente em voz alta, realizar uma proclamação litúrgica. E os padres vão deixando ler quem quer, como quer... Talvez porque, no fundo, até lhes pareça que isso não é assim tão relevante... Nesses casos, a leitura da Palavra de Deus na liturgia (por vezes, em linguagem estranhíssima!) é reduzida a mero elemento decorativo ou número de programa, exibição de vaidades ou promoção deslocada de protagonismos, em nada condizentes com o desempenho de um autêntico serviço ou ministério.

Dar voz a Deus para que fale ao seu Povo… E Deus quer falar (é do que se trata na Liturgia) e os fiéis gostariam de ouvir (!), precisam de entender, desde o que preside aos participantes (ministros e fiéis). Mas porque, por vezes, o instrumento está incapacitado ou desajustado, a palavra (a semente) fica-se pelo caminho… Que lástima!

Mas não se trata só de dar a voz! Importa mostrá-la bem entranhada em si mesmo, na vida, no testemunho efectivo, comprometido e militante. S. Cipriano (séc. III), bispo de Cartago, dizia-o muito bem, com estas palavras (Cartas 28, II-1… 29, IV-1): “Pareceu-nos bem que Aurélio tenha o encargo de leitor para que, depois de ter confessado a Deus, a sua voz ressoe nas leituras divinas. Depois de ter pronunciado as palavras do martírio de Cristo, pronuncie as do Seu Evangelho que cria os mártires. Do tribunal ao ambão... Ali foi ouvido com espanto pelo povo que o rodeava; aqui, com alegria pelos fiéis... A voz que confessou o Senhor pode ser escutada na leitura das suas palavras”.

Outrora os leitores eram mártires e confessores da fé. Hoje, lamentavelmente, no desleixo e improviso, tantas vezes, sem dar por isso, martirizam as assembleias e mortificam a Palavra. Porque ler bem em público não é fácil. O ler bem treina-se, ensaia-se, adquire-se e prepara-se. É uma verdadeira arte ao serviço da Fé: posicionar devidamente o corpo e a voz, utilizar sapientemente o microfone, respirar bem, saber pronunciar e acentuar correctamente, articular as sílabas e as frases segundo as regras da prosódia, ritmando harmoniosamente as pausas e a emissão de voz... E, para além de tudo e sempre, compreendendo intimamente e aderindo cordialmente à Palavra a que se dá voz e vida.