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HOMILIA DO 5º DOMINGO DA QUARESMA (ANO B)

Neste domingo, somos convidados a refletir sobre o significado da morte salvadora de Jesus, que, por amor, se entregou à morte para nos dar a vida. Na sua vida, Jesus viveu a dinâmica do dar e receber. Ganha-se a vida na medida em que se está disposto a dá-la, a dar-se aos outros. É o exemplo do grão de trigo que, lançado à terra, tem de morrer para dar muito fruto.

A primeira leitura, do Livro de Jeremias, anuncia-nos algo de novo e belo. Apesar das muitas infidelidades do povo judeu, do povo eleito, de ter maltratado os profetas, de ter desprezado as suas palavras e de se ter esquecido da Aliança, Deus oferece-lhe uma nova oportunidade: “Dias virão em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova… hei-de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no seu coração. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”. Esta nova aliança realizar-se-á em Jesus Cristo. Como afirma a Carta aos Hebreus, na segunda leitura, Ele “aprendeu a obediência no sofrimento e tornou-se para todos os que Lhe obedecem causa de salvação eterna”. Ele é a verdadeira fonte da salvação.

 

O texto evangélico deste domingo é muito curioso. Alguns gregos aproximam-se dos Apóstolos e pedem para ver Jesus. André e Filipe vão anunciar o pedido a Jesus, e este faz um discurso sobre a sua Paixão! Coisa estranha! Estes gregos, que são pagãos, ainda não conhecem Jesus, querem ver Jesus. Nunca saberemos se Jesus atendeu a este pedido, não ficou registado no Evangelho, mas o que sabemos é que o Filho de Deus dá-se a conhecer na sua glorificação na cruz. Nem sempre este texto evangélico foi bem entendido. Ninguém fique a pensar, como já aconteceu muitas vezes, que Deus quer o sacrifício do seu Filho como um preço a pagar. Deus não é um Deus que precise da dor, do sangue ou da morte de alguém para que o possa perdoar e salvar. Deus é um Deus misericordioso e se o seu Filho sofreu o sacrifício da cruz foi para cumprir a sua missão: “quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim”. A parábola do grão de trigo ajuda a compreender a missão de Jesus. Se o grão não morrer, não dará fruto. O fruto começa no próprio grão que morre. Assim, se explica a morte voluntária de Jesus: “Não maior prova de amor do que dar a vida por alguém”.

Se queremos ser “grãos de trigo”, para dar fruto, teremos de morrer. Como isto acontece na nossa vida? Sabemos, por experiência própria, que, na maior parte das vezes, para se conseguir algo de bom e importante na vida é necessário passar primeiro por alguma provação. Um atleta, para conseguir bons resultados, tem de se sacrificar muito em treinos; um aluno, para conseguir boas notas, tem de se dedicar ao estudo; uma mãe, para dar à luz, tem de passar pelas dores de parto. Assim, o grão de trigo lançado à terra poderá dar muito fruto, mas primeiro tem de morrer! A vida de Jesus foi um contínuo morrer para Si mesmo para se entregar e servir os outros. Ele gastou-se e desgastou-se para que outros pudessem viver melhor e salvarem-se. Aceitou a perseguição, a condenação e a morte que lhe deram. Fez a experiência dura do sofrimento e das nossas fragilidades.

Para nos acompanhar e nos dar coragem na vida, Deus plantou em nós uma semente de esperança e uma força de vida, que é o Espírito Santo. Era isto que nos dizia Jeremias na primeira leitura: a aliança e amizade de Deus para connosco já não consiste em algo exterior a nós próprios, já não é apenas uma lei ou uns mandamentos que Deus nos dá, que são sempre importantes, já não é um contrato entre duas partes. A aliança de Deus connosco é algo íntimo: Ele habita em nós, Ele vive no nosso coração para nos transformar, esquecendo as nossas faltas e perdoando os nossos pecados.

Por isso, entreguemo-nos a Deus, confiemos em Deus, esperemos em Deus. Deixemos que Deus nos renove interiormente para, purificados das nossas faltas, saborearmos sempre a alegria da nossa salvação.

Cónego Jorge Seixas