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HOMILIA DO 3º DOMINGO DA QUARESMA (ANO A)

 

“Dá-me de beber”; “Dá-nos de beber”. No deserto, lugar de provação, lugar de tentação, a falta de água não é só carência de algo necessário para a vida, mas também apresenta-se como a certeza de que Deus, se em algum sítio está, não parece que esteja nos atribulados caminhos do povo de Israel. Daí a pergunta: “O Senhor está ou não no meio de nós?”. O povo tem sede no deserto, porque tentaram o Senhor. Tem sede a mulher que, na cidade da Samaria, chamada Sicar, vai tirar água do poço de Jacob. O povo de Israel tem sede e procura Deus nos caminhos do deserto; a mulher samaritana tem sede e procura Deus nos caminhos da sua vida. E nós, temos sede? Sede de quê? De vida, de liberdade, de perdão, de reconciliação, de graça, de sabedoria divina, de Espírito Santo, de justiça, de paz? Será que temos sede de Deus? Hoje, nós formamos uma comunidade, sedentos de Deus. Mas não vamos ao poço que Jacob tinha dado a seu filho José, mas a Jesus Cristo, a fonte de água viva que Deus enviou para matar a sede da humanidade. Em Cristo podemos beber a vida, a liberdade, o perdão, a reconciliação, a graça, a sabedoria que nos permite evangelizar o mundo sem que sejamos do mundo, a justiça de que temos fome, a paz que sonhamos.

O caminho quaresmal para a Páscoa leva-nos ao encontro com Jesus Cristo. É um caminho de purificação tendo como ponto de chegada Jesus Ressuscitado. Todos nós, que já ressuscitámos com Cristo através dos sacramentos, procuramos, durante a Quaresma, renovar a experiência de comunhão com Cristo ressuscitado e participar no mistério da sua morte e ressurreição. Neste terceiro domingo da Quaresma, “o domingo da mulher samaritana”, o texto do evangelho é o primeiro das catequeses batismais que a Igreja faz com textos do evangelho de S. João. A mulher que vai buscar água ao poço de Jacob é a imagem da humanidade sedenta. Sentado à beira do poço, está Jesus de Nazaré, a fonte de água viva que o Pai fez brotar para nós, para que bebamos dela e nunca mais voltemos a ter sede. Apesar de ser a mulher que se põe a caminho, não é ela que procura Jesus, porque ela só vai buscar água ao poço; mas é Jesus, apesar de estar sentado, que saiu ao encontro desta mulher. É Jesus que quis estar com sede da fé daquela mulher, para acender nela o fogo divino.

O evangelho deste domingo, ao narrar o caminho da samaritana desde a sede de água até ao reconhecimento de Jesus como Messias, mostra-nos o caminho da fé. Mostra-nos um caminho que parte da curiosidade por Jesus ao diálogo com Jesus e à novidade que, pouco a pouco, começamos a ver em Jesus. O evangelho mostra-nos um caminho que termina num encontro pessoal, quando, naquele homem que nos esperava sentado à beira do poço, descobrimos o Messias esperado, o Salvador do mundo. O evangelho mostra também qual é a meta do caminho da fé: não é uma lei que agora se promulga; não é uma doutrina religiosa que agora se revela; a meta do caminho da fé é Jesus de Nazaré, a quem devemos escutar e com quem devemos falar; a meta do caminho da fé é a fonte que Deus nos deu para saciar a nossa sede, onde podemos beber a sabedoria de Deus, a vida de Deus, o Espírito de Deus; é “uma nascente de água que jorra para a vida eterna”.

A samaritana reconheceu o Messias, em Jesus de Nazaré, sentado no poço de Jacob. Nós encontrámos o Messias no dia do nosso batismo, “sentado” na fonte batismal, à nossa espera, com sede de nós. Desde esse dia, dentro de cada um de nós está a fonte da água viva que jorra para a vida eterna.

Cónego Jorge Seixas