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HOMILIA DE SEXTA FEIRA SANTA

As três leituras bíblicas deste dia falam-nos das denominadas “noites escuras” do ser humano. No quarto cântico do servo do Senhor, do profeta Isaías, aquele que é apresentado como rei-Messias, sacerdote e profeta, é contemplado no seu sofrimento e na sua morte. Solidário com as nossas culpas, foi trespassado por causa da nossa rebeldia, foi atormentado por causa das nossas maldades; o castigo que sofreu trouxe-nos a paz e pelas suas feridas alcançamos a saúde. A carta aos Hebreus apresenta-nos Jesus Cristo que, apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento. “E, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se, para todos os que Lhe obedecem, causa de salvação eterna”. A leitura da paixão segundo S. João descreve-nos a passagem triunfal de Jesus para o Pai. Este dia é o grande dia da teologia da cruz; colocam-se diante dos nossos olhos alguns momentos vividos por algumas pessoas: o abandono, o esquecimento e o silêncio de Deus. Uma teologia da cruz que tem de ser contemplada a partir da perspetiva pascal, salientando a unidade da cruz e da ressurreição.

Durante o ano, em dois momentos, são proclamadas as narrações da paixão, escritas pelos quatro evangelistas. Em cada ano, no Domingo de Ramos lê-se uma das narrações dos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas); na sexta-feira santa, é sempre proclamada a narração da paixão segundo S. João. Este texto narra-nos o que viveu Jesus: em Cristo realiza-se a nova aliança de Deus com a humanidade; o seu sacrifício é um grande ato voluntário de amor; Ele é a definição essencial de Deus-amor. A relação do ser humano com Deus será através do amor a Cristo crucificado. A narração da paixão segundo S. João tem alguns aspetos que devem ser tidos em conta. Uma das características do quarto evangelho é que toda a vida de Jesus está orientada para a chamada hora de Jesus, e esta hora final é a cruz, donde brotará uma vida eternamente nova. Também nós, um dia, chegaremos à nossa hora final para passarmos a uma vida nova. Outro aspeto é que a narração da paixão segundo S. João começa num jardim e acaba noutro jardim: “Jesus saiu com os seus discípulos para o outro lado da torrente do Cédron. Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus discípulos…; No local em que Jesus tinha sido crucificado, havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora sepultado”. Há nesta coincidência uma recordação do jardim do Genesis, onde aconteceu o combate entre a luz e as trevas. Ali triunfaram as trevas, agora triunfará a luz. Na história da humanidade, este combate será permanente até ao fim. Também no livro do Cântico dos Cânticos, um jardim é o lugar onde se manifesta, em diversos textos, o amor entre o esposo e a esposa. Um último detalhe que não podemos esquecer na narração de S. João é a presença da Mãe, Maria, ao pé da cruz. Ela simboliza a Igreja, e o próprio João, a seu lado, é o sinal dos crentes. Toda a Igreja há-de permanecer sempre, como Maria e João, ao pé da cruz…

A Semana Santa não pode ficar reduzida a recordar coisas do passado, que aconteceram já há muitos séculos. Todos os momentos que estamos a viver nestes dias são momentos do hoje de Deus. Como diz a Carta aos Hebreus, Jesus Cristo é sempre o mesmo, ontem hoje e por toda a eternidade. A Semana Santa é tempo propício, é tempo de graça, é tempo de anunciar uma verdadeira primavera do espírito que renova as forças da nossa vida.

Cónego Jorge Seixas