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Jornal - Notícias da Igreja

Palavra de Deus e Homilias

O que entendemos quando dizemos ‘Palavra de Deus’ e as homilias?

 

O Cardeal D. Odilo Scherer coloca esta questão: “Que entendemos quando dizemos “Palavra de Deus”? E responde: “A Igreja afirma com firme fé que Deus se manifestou aos homens, de muitos modos, ao longo da história, e não ficou fechado no seu divino silêncio nem isolado no céu, mas entrou em diálogo com a humanidade”. Salienta que o homem “é capaz de perceber e acolher esta manifestação de Deus, que se comunica com ele”. Deus falou aos homens, “de maneira muito clara, através de Jesus Cristo, seu Filho, enviado a este mundo para nos salvar”. Sublinha: “São João, no início do seu Evangelho, diz que a Palavra eterna de Deus se fez carne e habitou no meio de nós. Para nós, portanto, a Palavra de Deus, por excelência, é o próprio Jesus Cristo. E os Evangelhos são o centro da Bíblia”. Acrescenta que a Palavra de Deus “tem a autoridade de Deus, por isso, dizemos que ela é inspirada pelo Espírito Santo e nos comunica aquilo que é importante para a nossa salvação (...) De facto, a Palavra da salvação não é palavra morta ou artigo de museu, mas continua viva na comunidade de fé, a Igreja de Cristo”. D. Odilo deseja “que o inestimável tesouro da Palavra de Deus presente na Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja continue a ser comunicado à humanidade”. E cita S. Jerónimo que afirmava que desconhecer a Sagrada Escritura é desconhecer Cristo.

Em relação às homilias, o teólogo Salvatore Vitiello, professor de Teologia Sacramental no Instituto Superior de Ciências Religiosas de Turim, afirma: “As homilias devem falar da vida, e não do que o sacerdote (bispo, presbítero, diácono) pensa, porque os fiéis têm direito, participando da Santa Missa, a escutar o que a Igreja ensina, não o que ele pensa ou acha que seja certo num momento determinado. As opiniões pessoais não devem nunca ser objecto de pregação pública, porque assim se faria uma instrumentalização da homilia”. Sem generalizar, afirma que as homilias são “pobres”. E sublinha: “Na homilia, que não por acaso está reservada aos ministros sagrados e não pode ser pronunciada por fiéis leigos, exercita-se, de modo particular, o que a Igreja chama de “munus docendi”, o dever de ensinar. Ensinar o quê? A resposta à pergunta é muito simples: nada que não seja a pura doutrina da Igreja. O ponto talvez mais delicado seja “como” pregar e ensinar”.

Um sacerdote já muito velhinho, pouco antes de morrer, recomendava: “Na homilia é preciso ter em conta duas coisas. A primeira: ‘O que é que o Senhor quer que eu diga’. A segunda: ‘o que é que os fiéis esperam que eu lhes diga em nome do Senhor’”.