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Jornal - Entrevista

Entrevista com ... Pe. Sérgio de Pinho

“Tenho vivido de uma forma alegre, porque tudo é novidade e é o concretizar de um sonho.”

 

Como tem vivido estes dias após a ordenação sacerdotal?

Tenho vivido de uma forma alegre, porque tudo é novidade e é o concretizar de um sonho. Sinto-me realizado, preenchido, e sinto que tenho um objetivo para viver e tenho algo para fazer neste mundo. Não vivo desorientado, tenho objetivos.

 

Como foi presidir à celebração eucarística na sua terra natal?

Foi de uma importância vital, foi mesmo de uma importância fundamental. Como disse na homilia, foi celebrar a eucaristia onde fui batizado, onde fui confirmado, onde recebi pela primeira vez a eucaristia como fiel. Celebrei a eucaristia onde me fiz cristão. Isto para mim foi muito importante porque depois de ter sido lá que senti o chamamento de Deus que me conquistou, lá também disse um pouco do meu sim, pois, apesar de ter sido ordenado em Viseu, foi lá que manifestei perante os meus conterrâneos, aqueles que me viram crescer desde pequeno até aos meus atuais 24 anos e dizer-lhes que estou disponível para servir a Deus no local onde Deus me cativou.

 

Que mensagem deixa aos paroquianos de Mangualde após 9 meses de estágio?

Estes 9 meses de estágio deram para conhecer um pouco da realidade e penso que neste momento a mensagem que eu devo deixar aos paroquianos de Mangualde é uma mensagem de coragem e usando um pouco daquilo que disse na homilia do passado Domingo, todos nós sabemos que estamos em crise de vocações e é neste momento que nós podemos ver a maturidade de uma comunidade. Com a falta de sacerdotes, pede-se mais às pessoas, pede-se mais aos leigos e estes devem estar cientes do seu papel ativo na Igreja. E esta é a mensagem que eu deixo aos paroquianos de Mangualde: que se sintam membros ativos da Igreja para que todos caminhemos para a constituição de uma comunidade mais forte, mais saudável, mais unida, como manifestação da presença de Cristo no Mundo.

 

Que desafios e dificuldades prevê encontrar no futuro, no exercício do sacerdócio?

Quando eu entrei para o seminário com 11 anos não imaginava aquilo que era ser padre, pensava que ser padre era só dizer a missa. Hoje tenho ciente que as grandes dificuldades que vou enfrentar serão: por um lado a quantidade de trabalho, o número de paróquias, o número de pessoas para atender, o número de serviços; por outro lado a falta de recetividade das pessoas neste mundo secularizado. Penso que são os dois grandes problemas, o trabalho agressivo e em grande quantidade e o facto das pessoas muitas vezes não estarem abertas à mensagem do Evangelho, àquilo que nós dizemos.

O grande desafio para mim sempre foi, desde que percebi aquilo que é essencial na vida sacerdotal, apresentar a pessoa de Jesus Cristo de uma forma credível, digna e capaz de que as pessoas a entendam e se sintam cativadas por ela e desta forma tornar Cristo presente na vida das pessoas a quem me sou enviado.

 

Perante a crise atual de vocações sacerdotais e religiosas, que mensagem gostaria de deixar aos jovens?

Aos jovens gostaria de dizer que o mundo nos coloca muitos entraves. Temos muitas coisas que nos puxam, são-nos dadas muitas propostas, mas faço um apelo aos jovens, pois, por aquilo que tenho observado muitas vezes não está presente no coração deles. Apelo para que eles estejam com o espírito aberto, isto é, Deus chama mas muitas vezes nós estamos com o coração fechado e não é escutado e os jovens devem viver com o espírito mais aberto ao chamamento de Deus e cientes de que a felicidade pode estar onde nós menos esperamos.