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Jornal - Entrevista

Entrevista com o novo Pároco da Mesquitela

e da Cunha Baixa

João Luís  Leão Zuzarte

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Notícias da Beira – Fale-nos um pouco de si?

Pe. João Luís Leão Zuzarte - Chamo-me João Luís Leão Zuzarte, tenho 27 anos e sou originário da freguesia de S. Joaninho, concelho de Santa Comba Dão.

Ingressei no Seminário Menor de Fornos de Algodres em Outubro de 1995, onde permaneci até 2001. Neste mesmo ano fiz a admissão no Seminário Maior de Viseu onde frequentei o curso de Teologia, com a periodicidade de 6 anos, tendo terminado em 2007. Durante este período estagiei (aos fins de semana) nas Paróquias de Torredeita, Boaldeia, Farminhão e Caparrosa; Molelos, Nandufe; e Vouzela, Cambra e Carvalhal de Vermilhas.

Após terminar o curso de Teologia, estive 2 anos a estagiar e colaborar no arciprestado de Fornos de Algodres. Durante este período ordenei-me Diácono a 26 de Outubro de 2008 e Sacerdote a 28 de Junho do presente ano na Sé de Viseu (Data que coincidiu com encerramento do Ano Paulino).

 

N.B. – Como é que descobriu a sua vocação?

J.Z.-Costumo dizer que Deus conduz a nossa vida através de sinais, pessoas e episódios, que nos ajudam a descobrir a verdadeira felicidade.

A história da minha vocação é mais uma entre tantas outras. Confesso que, inicialmente, a minha motivação para entrar no Seminário deveu-se à influência (a mais significativa) de um amigo que, tal como eu, era acólito e tencionava ser padre. Nessa altura tinha eu 11 anos.

Lembro-me, também, que se deram uma série de episódios que me motivaram; recordo-me, por exemplo, de um convite que um padre (meu conterrâneo) me dirigiu, a mim e aos miúdos da minha idade, para iniciarmos o Seminário; o contacto que tive com padres missionários; evoco ainda a admiração que tinha pelos meus párocos.

Por tudo isto, muito mais, reconheço a contínua presença de Deus na minha vida. Por isso, identifico a minha caminhada vocacional com a célebre frase de Charles de Foucauld: “A Vocação não se escolhe; recebe-se, aceita-se, prestando ouvidos ao querer de Deus”.

 

N.B.- O que é ser Padre no século XXI?

J.Z.- Um desafio enorme com um sentimento de aventura misturado pelo meio. Dada a conjuntura actual em que vivemos, todos sabemos que não é fácil ser-se uma presença do religioso no mundo. Ainda assim, penso que as circunstâncias actuais tornam esta missão mais interessante e desafiadora, pois obrigam a uma aposta mais contínua e personalizada no serviço da Evangelização.

 

N.B.- No dia 4 de Outubro vai tomar posse das suas Paróquias, Mesquitela e Cunha Baixa.

O que espera deste dia? E destas paróquias?

J.Z.- O que todos esperam, que seja o início de uma nova etapa na vida destas comunidades, sem esquecer ou eclipsar o trabalho realizado pelo meu antecessor o Sr. Pe Joaquim, que dedicou toda uma vida em prol dos seus paroquianos, e, por isso, merece todo o respeito e admiração.

Pelas poucas informações que já possuo, creio que vou encontrar gente boa e de valor, disponível para colaborar e procurar a sintonia perfeita que nos leva à prática da co-responsabilidade, da proximidade e da confiança.

 

N.B.- Sabemos que irá residir em Mangualde, fazendo comunidade com outro sacerdote. Quais as vantagens vivendo desta forma?

J.Z.- Uma das apostas do nosso Bispo para a Diocese é centralizar os padres de cada arciprestado num espaço comum, de forma a formarem uma comunidade. O D. Ilídio propôs-me fazer comunidade com o Sr. Pe. Jorge Seixas e eu aceitei com todo o gosto.

Como é evidente, esta situação também traz algumas desvantagens. Mas centramo-nos nos benefícios mais significativos desta aposta: o apoio mútuo que podemos prestar uns aos outros (a todos os níveis); o combate ao isolamento e à solidão, que se tem vindo a constatar em diversos sacerdotes; a programação da estratégia pastoral mais homogénea e personalizada, entre outras.

 

N.B.- Que projectos tem para estas paróquias?

J.Z.- Ainda é prematuro adiantar planos para pastoral paroquial.

Claro que tenho idealizados alguns projectos para concretizar nas paróquias, mas, antes de os aplicar, tenho obrigatoriamente de analisar e avaliar as condições e necessidades mais urgentes, e reflectir se esses projectos têm suporte e substância, e se são aplicáveis ou não nas mesmas.

Aos poucos vamos procurando respostas para as situações concretas que se impõem por elas mesmas, com a certeza de que, sem método, quem mais se apressa menos avança.

 

N.B. - Todos sabemos que há falta de padres. Qual será a causa desta situação?

J.Z.- São diversos os factores que contribuem para esta diminuição.

Para mim a base desta carência está, sobretudo, no seio das famílias.

Começa logo pela diminuição do agregado familiar (quanto menor é o numero de filhos, menor a probabilidade de candidatos aos Seminários); depois, a lacuna da educação religiosa no meio familiar (as famílias estão a deixar de transmitir as orações que todos aprendíamos em pequenos, para não falar da catequese e das aulas de Religião e Moral nas escolas); as novas tipologias de família; etc…

É evidente que existem outros factores, mas estes parecem-me os mais preocupantes.

 

N.B.- Que mensagem gostaria de deixar às suas paróquias antes da sua tomada de posse?

J.Z.- A mesma que repetiu tantas vezes Jesus Cristo: “Vim para servir e não para ser servido”.

Aos meus queridos paroquianos dirijo uma palavra de afecto e amizade fazendo saber que do Pe. João Luís podem esperar um Amigo sempre pronto a Escutá-los e ajuda-los com a certeza de que a coisa mais bela consiste em ser útil ao próximo.

 

N.B.-  Para terminar, diga-me qual a sua figura religiosa preferida na história do cristianismo?

J.Z.- Entre tantas dou destaque a S. Maximiliano Kolbe.