Versão para impressão

Respostas ao Inquérito do Sínodo dos Bispos

sobre a Família da Zona Pastoral da Beira Alta

(Mangualde,Fornos de Algodres, Nelas e Carregal do Sal)

inquérito-1 800x600

Resumo de todas as respostas recebidas dos casais que quiseram responder ao inquérito e dos Conselhos Pastorais de todas as Paróquias desta Zona Pastoral da Diocese de Viseu.

Este texto foi redigido pelos quatro arciprestes e pelo Vigário Episcopal desta Zona Pastoral.

O texto foi enviado à Diocese para ser enviado ao Vaticano.

 

1. Sobre a difusão da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja a propósito da família.

Alguns conhecimentos pouco assimilados da Bíblia. Quanto aos documentos da igreja sobre este tema, há um desconhecimento quase completo, com raras excepções. Devido ao Sínodo Diocesano, há um certo conhecimento do Catecismo da Igreja Católica e da Constituição Conciliar “Gaudium et Spes”. O pouco que os fiéis sabem é fruto das homilias, dos cursos do CPM e de alguns movimentos de pastoral familiar. Grande dificuldade de viver na prática de acordo com esses conhecimentos. O relativismo, o individualismo, a indiferença religiosa, o comodismo, a falta de valores, a visão actual da instituição família e o factor económico são razões que não ajudam a aceitação do ensinamento da Igreja. Nos ambientes extra-eclesiais nota-se bastante desconhecimento, rejeição e muitas vezes são postos a ridículo, particularmente a indissolubilidade, fidelidade e castidade dentro e fora do matrimónio. Devia haver mais catequese sobre a Família.

 

 

2. Sobre o matrimónio segundo a lei natural

Dificuldade em saber o que consiste a lei natural, embora seja aceite que o natural é que o homem e a mulher estão chamados a constituir uma família para dar continuidade à espécie humana. A lei natural conta pouco para muitas pessoas e alguns até apoiam as novas leis contra o matrimónio. Há quem rejeita uma parte do princípio que para amar não é necessário um contrato (mesmo civil) e muito menos sacramental. Quanto aos que pedem a celebração do casamento não sendo praticantes deve haver um esforço de os preparar minimamente para o matrimónio. Perante o pedido de casamento por partes não praticantes ou que se dizem não crentes deve aceitar-se os nubentes, encaminhando-os para uma preparação para o matrimónio.

 

3. Pastoral da família no contexto da evangelização

A experiência mais conhecida e divulgada são os CPM e as Equipas de Nossa Senhora. Também tem crescido a influência dos movimentos ligados à família. Têm-se valorizado as celebrações de aniversário dos 25 e 50 anos de casamento, a celebração da festa da Sagrada Família, procurando realçar o papel dos pais por ocasião do baptismo e no acompanhamento da catequese e bênçãos das novas casas. A oração em família desapareceu de muitos lares. Os pais descuidam a educação na fé. Verificam-se dificuldades na hora de por em prática os ensinamentos da família. Todavia, ainda há famílias que os momentos de oração são valorizados e promovidos, mesmo em casais novos. Na atenção pastoral a casais em crise, existe uma ausência da presença visível da Igreja.

 

4. Sobre a pastoral para enfrentar algumas situações matrimoniais difíceis

Há de facto, e cada vez mais, situações de coabitação pré matrimonial e as chamadas uniões de facto são também uma realidade bastante relevante, bem como os separados e recasados. Há quem até frequente os sacramentos em situação irregular. Salientamos que muitos baptizados sentem-se marginalizados e vivem com sofrimento a sua situação de impossibilidade de receber os sacramentos. Mesmo sem uma pastoral formulada para estes casos, aconselha-se a simplificação do processo para a declaração de nulidade do matrimónio. Não existe uma pastoral verdadeiramente organizada para estas situações e a misericórdia de Deus, muitas vezes, não é anunciada com a devida fidelidade a Jesus Cristo.

 

5. Sobre as uniões de pessoas do mesmo sexo

Há de facto situações dessas, não nos meios mais pequenos, mas com tendência a crescer nos meios urbanos. Normalmente a reacção a essas situações é negativa, embora se note alguma mudança de mentalidade. A Igreja tem uma postura muito passiva e de indiferença. Todavia, a Igreja deve respeitar, acolher, não condenar, consciente de que essa não é a lei natural. A Igreja deve acolher as pessoas sem “acolher” a situação. É muito importante acolher as crianças, vindas destas uniões, com uma acção pastoral e psicológica privilegiadas para estas situações.

 

6. Sobre a educação dos filhos no contexto das situações de matrimónio irregulares.

Duas atitudes bem diferenciadas quando se dirigem à Igreja: exigência e humildade. Pedem o mesmo que as restantes famílias. As paróquias, com raras excepções, também não reagem com grande diferença em relação a essas situações.

 

7. Sobre a abertura dos esposos à vida.

Constata-se que há muita ignorância em relação à doutrina da Humanae Vitae bem como às implicações morais dos diferentes métodos de regulação dos nascimentos. Os aspectos problemáticos que tornam a sua aceitação difícil para a grande maioria dos casais derivam da ignorância e do receio da abertura à vida e da fiabilidade dos métodos naturais que desconhecem. O aspecto económico é determinante na falta de abertura à vida. A baixa taxa de natalidade pode ser combatida através da evangelização e apoio social à natalidade. Não há consciência de irregularidade nestes casos no que se refere à celebração do sacramento da Reconciliação e da Eucaristia. Nota-se o total afastamento entre a Igreja e a educação civil.

 

8.Sobre a relação entre a família e a pessoa.

A família deixou de ser o lugar privilegiado onde Cristo revela o mistério e a vocação de cada ser humano. Na maior parte dos casos, a família não é lugar de encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Derivado às várias situações críticas, nomeadamente os problemas económicos, famílias destruídas pelos vícios, o grande afastamento que se vive cada vez mais da Igreja, a falta de capacidade da Igreja em apontar caminhos e soluções para os dramas e problemas das famílias do nosso tempo, torna cada vez mais difícil o encontro com a pessoa de Jesus Cristo. A Igreja tem esta dimensão pastoral desactualizada. Além disso o que acontece com mais regularidade é a vida familiar incidir na caminhada de fé dos próprios filhos.

 

9. Outros desafios e propostas

Continuar a promover o apoio às vítimas de abuso físico e psicológico; ao envelhecimento e acompanhamento de idosos; eutanásia; o fim da vida: dignidade no sofrimento (cuidados paliativos) e políticas sociais contra o aborto e pela defesa da vida. A Igreja deve fazer uma revisão da doutrina sobre a família, para ir ao encontro de situações novas e de sofrimento existentes, utilizando uma linguagem acessível a todos.