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HOMILIA DE DOMINGO DE RAMOS

Neste domingo, reunidos em assembleia, aclamamos Jesus, comemorando a sua entrada em Jerusalém. Jesus entra na cidade santa, na cidade do rei David, montado num jumentinho, filho de uma jumenta. É sinal de humildade por ser mensageiro da paz. Em Jerusalém, espera-lhe a paixão e a morte cruel na cruz. Jesus está consciente do que Lhe vai acontecer. Por isso, disse aos discípulos: “Olhai, subimos agora a Jerusalém e vai cumprir-se tudo o que foi escrito pelos profetas acerca do Filho do Homem: vai ser entregue aos gentios, vai ser escarnecido, maltratado e coberto de escarros; e, depois de o açoitarem, vão dar-lhe a morte. Mas, ao terceiro dia, ressuscitará.” Eles, porém, nada disto entenderam. Aquela linguagem era incompreensível para eles, e não entendiam o que lhes dizia (cf. Lc 18,31-34).

Sabemos que isto aconteceu realmente. Não há dúvida histórica, apesar de nos custar a entender certos factos. Custa entender e aceitar que tenhamos sido salvos por um condenado ao cruel suplício da cruz. Só se pode entender como expressão de amor, da força poderosa de um amor que vence o ódio, o pecado e todo o mal do mundo. Os sábios de Jerusalém não compreenderam nada. Escandalizaram-se com os cânticos e aclamações das crianças e da gente humilde que aclamavam Jesus como Filho de David, Aquele que vem em nome do Senhor. Neste dia, aclamemos Jesus com fé e gratidão. Bendito o que vem em nome do Senhor. Hossana nas alturas, hossana ao nosso Deus e Salvador!

Neste dia, escutamos o relato impressionante da Paixão. No início, aparece Pedro, valente e decidido, pronto a defender Jesus. Porém, na hora da verdade, teve medo e foi fraco. Nega, por três vezes, conhecer Jesus. Já o Senhor o tinha avisado que isso iria acontecer. Pedro amava Jesus de verdade. Tinha deixado tudo para O seguir. Ao sair do tribunal, Jesus olha para ele e faz com dê conta da sua fraqueza, da sua infidelidade ao amor que professava ao seu Mestre e Senhor. Pedro chorou amargamente o seu pecado. Teve depois a oportunidade de, por três vezes, confirmar o seu leal apreço por Jesus ressuscitado. Constituído cabeça visível da Igreja fundada por Jesus, selará a sua amizade e a sua lealdade com o seu martírio em Roma (Cf. Jo21,15-19).

Reunidos na celebração deste domingo, pertencemos àqueles que caminham com Jesus e com Pedro. Eles vêem-nos. Eles conhecem-nos. Sejamos capazes de manifestar a fidelidade e a lealdade a Jesus e a Pedro, o primeiro de entre os Apóstolos. Será que conhecemos verdadeiramente Jesus? Somos seus discípulos, somos amigos de Jesus? Somos capazes de proclamar que Jesus é o Mestre e Senhor, Messias Salvador, Filho Eterno do Pai, o Deus Connosco? Seremos capazes de dizer como Tomé: “Vamos também com Ele para morrermos com Ele?” (cf. Jo, 11,16).

Elevemos o nosso olhar para Jesus Crucificado. Contemplando-O morto na cruz encontraremos o sentido de todas as coisas, o sentido da vida. Teremos a coragem de dar a primazia aos valores do Reino de Deus, ao cumprimento da vontade do Pai, acima do nosso egoísmo e dos nossos interesses.

Cada celebração da Eucaristia anuncia a morte do Senhor, proclama a sua ressurreição, na esperança da sua vinda gloriosa. O Corpo e o Sangue de Cristo são entregues para a salvação de toda a humanidade. É uma salvação universal, porque ninguém, excepto os que livremente a rejeitam, é excluído do poder salvador do Sangue de Cristo.

Que a comemoração dos santos mistérios que celebramos na Semana Santa nos dê a coragem para vencer as inúmeras dificuldades da vida (a nossa paixão) com a força redentora do Evangelho.