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Decorridos 2 anos da ordenação,

como Diácono Permanente

Sr. Vaz 800x600 

o Sr. Manuel Vaz, dá-nos o seu testemunho

N.B. - Estes dois anos correspondem à sua expetativa?

D.P. Vaz - Em boa verdade quando da ordenação em 22 de Julho de 2012 eu não tinha criado ou prespetivado um conjunto de expectativas, bem pelo contrário eu simplesmente tinha decidido seguir Jesus entregando-me confiadamente a Cristo e solicitando sempre mas sempre que o Espírito Santo fizesse em mim a sua obra, e como, pegando nas minhas dificuldades, no meu pouco saber e que o colocasse ás ordens de Deus.

Penso que talvez fosse interessante recordar o que disse o Santo João Paulo II sobre ao Elementos da Espiritualidade Diaconal na “ Audiência- Geral de 20 de outubro de 1993”, “ … é particularmente importante e atraente o que diz respeito ao espírito do diaconado, que toca e envolve todos os que recebem este sacramento para desempenhar as funções segundo uma dimensão evangélica…”,

Pelo que atrás se diz daqui, brota não só na espiritualidade diaconal, mas e também um auxílio precioso no desempenho de várias funções e essas pessoas (diáconos) fazem a doação da sua pessoa ao serviço do reino de Deus na Igreja.

Jesus disse para os doze “ ... O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir…“( Mc 10,45 ; Mt 20,28 ), e se nesse tempo foi dito para os doze no hoje e agora aplica-se a todos os ministros sagrados, tendo no entanto um significado muito especial para o Diácono, pois,para ele, por força da ordenação, a ênfase é colocada expressamente nesse serviço. O Diácono não tendo a autoridade pastoral do Sacerdote manifesta mais profundamente a intenção de servir.

O Diácono serve o seu Bispo a quem no momento da ordenação professou reverência e obediência.

O Diácono é chamado a participar no mistério da cruz, a partilhar os sofrimentos da Igreja, a sofrer a hostilidade que o atinge, em união com Cristo redentor, sendo que este aspeto doloroso o torna mais fecundo.

Como já tive oportunidade de dizer nunca programei ser Diácono, foi acontecendo, primeiro o convite do nosso Bispo depois 3 anos na Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa concluindo com aproveitamento 43 disciplinas, mais tarde um período de reflexão, depois a ordenação e finalmente a possibilidade de servir a comunidade

Posso afirmar que DIACONADO é   SERVIÇO e MISSÃO.

 

N. B. – Como tem vivido esta experiência junto da comunidade?

D.P. Vaz – A comunidade de Mangualde é muito exigente e ainda bem que assim é, mas é também muito misericordiosa e muito generosa.

À generalidade dos paroquianos de Mangualde eu sinto-me verdadeiramente agradecido, pois ajudaram-me muito e em variados aspetos e situações e estou a pensar na Catequese ( em média 64 maravilhosos catequistas por ano ) , no Cursilho de Cristandade e no Renovamento Carismático ( grupo maravilhoso de pessoas que partilham e testemunham a sua vivência com Cristo ), nas celebrações e procissões que se realizam não só em Mangualde, mas nas povoações ( Almeidinha, Cubos, Pinheiro, St, Amaro, Sta. Luzia, S. Cosmado, Darei , Sto. André, Canedo e Roda ).

Não posso deixar de enaltecer esta comunidade pela forma como me aceitou e mesmo incentivou a continuar e celebrar os sacramentos do batismo e do matrimónio.

Também me senti sempre apoiado na celebração do último adeus aqueles que amaram e partiam para o PAI e estou a falar das exéquias ( funerais ).

Ao fim destes dois anos acho que pastoralmente fiz um bom trabalho, mas fico a dever este bom trabalho à comunidade de Mangualde que sempre me apoiou e ajudou.

 

N. B. – Ao nível familiar houve algumas mudanças?

D.P. Vaz – Gostaria de dizer que não, mas na verdade foi preciso alterar alguns comportamentos, limar algumas situações que talvez não fossem próprias, e, quando falo assim ,estou a falar de mim, da minha esposa e dos meus filhos.

A minha adesão pessoal foi aceite com satisfação no seio familiar e o meu testemunho de vida diária encarado como uma forma muito natural de relação com Deus, quero eu dizer, todos respeitam as horas do dia destinadas às minhas orações ( Liturgia das Horas), não me marcam qualquer compromisso que possa chocar com as minhas obrigações pastorais.

Enfim também aqui Deus me ajudou e me deu uma família que é só e simplesmente maravilhosa.

 

N. B. – o que pensa a sua esposa decorrido este tempo?

D.P. Vaz – Não gosto de falar pelos outros, mas como ela sempre me acompanha e está sempre presente o melhor seria ser ela a responder pois está aqui junto de nós.

Fátima Vaz – No início tive algumas dúvidas pois era uma figura nova que iria aparecer na comunidade e eu receava que o entusiasmo do meu marido viesse a sofrer um rude golpe por a comunidade não aceitar o Diaconado.

Este mesmo meu medo apresentei-o ao Ex. Sr. Bispo que me disse para me acalmar pois o Espírito Santo também iluminaria a comunidade e tudo correria bem.

Na grande maioria das pessoas eu vejo e mesmo fazem-mo saber que estão agradadas pela desempenho pastoral do Vaz na comunidade.

Quanto a nós, em casa, tivemos que alterar algumas coisinhas, tais como horários, férias, saídas ao sábado e domingo, etc, nada que não pudesse ser mudado, mas na generalidade das coisas não foi preciso tocar pois também eu estou empenhada na Igreja ( catequese e alguns movimentos ).

Agradeço a Deus ter escolhido o meu marido para o servir, servindo a comunidade de Mangualde.

 

N. B. – Se pudesse voltar atrás faria tudo novamente?

D.P. Vaz – Compreendo que seja feita essa pergunta e acredite que é de resposta muito fácil, SIM faria tudo na mesma e se isso fosse possível gostaria de a fazer mais novo, isto é, tentaria não ter desperdiçado tantos anos da minha vida.

Permita-me que não resisto a dizer aqui uma afirmação do Papa Bento XVI na encíclica “ Salvos na esperança “ onde ele diz; “ A vida é como uma viagem no mar da história, com frequência enevoada e tempestuosa, uma viagem na qual perscrutamos os astros que nos indicam a rota. As verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas que souberam viver com retidão. Elas são luzes de esperança. Certamente Jesus é a luz por antonomásia, o sol erguido sobre todas as trevas da história. Mas, para chegar a Ele precisamos também de luzes vizinhas, de pessoas que dão luz recebida da luz Dele e oferecem, assim, orientação para a nossa travessia. “

Este texto do Papa Bento XVI é por si só a VERDADE DO CAMINHO DA VIDA PARA CADA UM DE NÓS.

 

N. B. – Que mensagem deixa a outros que possam estar a pensar seguir esta vocação?

D.P. Vaz – Uma das frases bíblicas que sempre me tocou foi “ Não Tenhais Medo… “ ( Mt. 17,7 ; Lc 12,4 ; e muitos outros) e como eu gostaria que todos os paroquianos entendessem a importância que esta frase tem na vida de cada um de nós, pois de uma forma muito simples é o mesmo que dizer, eu não terei medo porque Cristo está comigo todas as horas e momentos da minha vida, isto é, nos momentos bons e lindos partilha da nossa alegria, nos momentos de indecisão ajuda-nos a dar o rumo certo às nossas opções, nos momentos maus é nosso conforto e amparo e no momento da morte é nossa salvação.

Todos temos ou devemos ter um ídolo de referência que seja um modelo daquilo que cada um de nós pensa ser o melhor, eu não escapo a questão e lanço aqui um desafio para lerem a vida de Santo Estêvão ( um dos primeiros diáconos da Igreja ) a forma humilde como ele foi capaz de viver até à morte aquele Cristo em que acreditava..

Para quem sentir o chamamento de servir Deus servindo os outros eu propunha que lesse o Evangelho do XV domingo do tempo comum ( foi do domingo passado 13 de Julho ) e tivesse a coragem de responder a ele próprio a qual destas quatro situações pertence;   Aquele que recebe a semente à beira do caminho? Aquele que recebe a semente em terreno pedregoso? Aquele que recebe a semente no meio dos espinhos? Aquele que recebe a semente em boa terra?

Da resposta honesta a esta questão estará com toda a certeza a diferença entre ser capaz de assumir o diaconado ou não.

O número de Diáconos Permanentes na Igreja foi aquele que mais aumentou desde 2009, passando de 28.000 par 35.000 em 2013,, onde cabe cada um de vós.

Aos que se sentirem chamados eu tomo a responsabilidade de vos dizer “ vinde para Cristo, Ele vos ajudará “ e eu ajudarei todos aqueles que decidirem esta ligação eclesial com a Igreja de Cristo!

 

N. B. – para terminar, quer deixar alguma informação particular?

D.P. Vaz – Claro que quero e desde já agradeço esta oportunidade.

Vou fazer alguns agradecimentos, não porque estas pessoas queiram os meus agradecimentos, mas porque eu me sinto bem ao fazê-los.

Agradeço ao Reverendíssimo Bispo D. Ilídio pela confiança e apoio que sempre me dispensou, como Pastor não deixou em tempo algum que esta ovelha se tresmalhasse.

Aos diversos Sacerdotes que ao longo da minha vida me foram acompanhando e semeando em mim a PALAVRA de DEUS entusiasmando-me com a sua espiritualidade, estou a pensar nos saudosos Cónego Monteiro e padre Lobinho, no Padre Manuel Fernandes e Padre Felício (hoje Reverendíssimo Bispo da Guarda), do padre José Marcelino, a todos eles um grande bem-haja.

Mais recentemente quero deixar um agradecimento muito grande aos senhores Padre Armando ( ecónomo da Diocese) e com quem tenho trabalhado co Conselho Económico da Diocese.

Quero agradecer aos Sacerdotes da Zona Pastoral da Beira Alta e muito particularmente aos do Arciprestado de Mangualde por me terem acolhido como um irmão, me terem ajudado neste integração comunitária.

Finalmente agradecer ao reverendo Cónego Seixas, pois quando recebi a ordenação tinha terminado uma licenciatura na Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa, mas os meus conhecimentos em termos pastorais e práticos eram bastante reduzidos e ele não se poupou a esforços para me fazer crescer na fé e no serviço a Deus e aos irmãos.