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HOMILIA DO 17º DOMINGO COMUM (ANO A)

Os textos bíblicos, proclamados em cada domingo, convidam-nos a rever a nossa vida e a nossa caminhada da fé. Leva-nos a levantar questões que nos ajudam a esta revisão. Que pediríamos ao Senhor, se um dia Ele nos dissesse, como disse a Salomão: “Pede o que quiseres”. O rei Salomão, consciente das exigências e das dificuldades da sua missão, escolheu o mais importante: “Dá ao teu servo um coração inteligente, para saber distinguir o bem do mal. O discernimento é muito importante para um bom governo pessoal e comunitário. Na segunda leitura, S. Paulo afirma que, aconteça o que acontecer, “sabemos que Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam”. No evangelho, encontramos as três últimas parábolas do Reino, que temos vindo a reflectir nos últimos domingos. Três histórias breves que, novamente, destacam a importância do discernimento para saber valorizar as coisas, numa busca do caminho da verdadeira felicidade.

A parábola do tesouro escondido e do negociante de pérolas preciosas ajudam-nos a avaliar os “tesouros” mais importantes. São parábolas breves, mas com uma mensagem muito clara. Jesus oferece-nos o reino de Deus, como o “tesouro escondido” e como “pérola preciosa”. Jesus convida-nos a procurar os valores que Ele nos oferece, que, muitas, vezes, não os que o mundo aprecia. Jesus convida-nos a deixar o secundário e a valorizar o que é mais importante, pois aí estará a nossa felicidade: “que saibamos usar de tal modo os bens temporais que possamos aderir desde já aos bens eternos” (Oração Colecta). Por isso, como Salomão, na primeira leitura, pedimos “discernimento”, “um coração sábio e inteligente”, ou seja, a sabedoria necessária para não ficarmos naquilo que atrai, que é encantador, mas que é imediato. Assim, não cair na opção pelo dinheiro, pelos prazeres e vícios da vida, pelo êxito, pelo prestígio social, mas optar pela amizade, amor, educação, paz, solidariedade, generosidade, entrega. Podemos comprar uma cama, mas não o sono; podemos comprar remédios, mas não a saúde, podemos comprar o luxo, mas não a beleza; podemos comprar a diversão, mas não a felicidade; podemos comprar uma companhia, mas não o amor, podemos comprar um crucifixo, mas não a fé; podemos comprar um lugar no cemitério, mas não o céu.

Na vida, sejamos homens e mulheres de esperança, optimistas e serenamente alegres para que possamos dar testemunho de que não nos arrependemos pela escolha que fizemos, ou seja, de sermos anunciadores e construtores do Reino. Nesta atitude, teremos força para continuar a vida sem desfalecer.

A última parábola, a da rede, volta a recordar, como na parábola do trigo e do joio, que o bem o mal existem ao mesmo à nossa volta. Aqui, não podemos esquecer o pedido de Salomão a Deus: “Dá-me um coração inteligente, para saber distinguir o bem do mal”. O Reino de Deus, o projecto de Deus, é para todos (a rede apanha todos os peixes). Não podemos ser juízes de ninguém. Deus é quem julga. Aqueles que seguem Jesus Cristo não estão para julgar nem para condenar, mas para imitar a missão do pai de família “que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas”. Deus terá sempre a última palavra.

Ao terminar de proferir estas parábolas, Jesus pergunta aos discípulos: “Entendestes tudo isto. Eles responderam-lhe: Entendemos”. Também hoje o Senhor faz a cada um de nós esta pergunta. Que a nossa resposta seja um “sim”, expressão que sabemos quais são os nossos tesouros e as nossas pérolas preciosas, ou seja, que sabemos quais são os momentos e as pessoas que transmitem o entusiasmo da fé e nos ajudam a caminhar para a felicidade. Assim, será um “sim”, manifestando que vivemos a nossa vida, segundo a vontade de Deus.