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SANTÍSSIMA TRINDADE (ANO B)

 

a)      O primeiro domingo depois do tempo pascal é dedicado à Santíssima Trindade. É evidente que em cada celebração estão presentes as três pessoas divinas e a nossa oração orienta-se ao Deus Uno e Trino. Apesar disso, reservamos um domingo do ano litúrgico para a reflexão da nossa fé trinitária. Tem também um aspecto pedagógico dentro do Calendário, ou seja, depois de termos celebrado na Páscoa a morte e a ressurreição de Jesus Cristo e termos actualizado no dia de Pentecostes a efusão do Espírito Santo sobre os apóstolos, a liturgia recorda-nos que acreditamos num só Deus em três pessoas distintas. Assim, a intervenção do Filho ou do Espírito Santo na história da salvação, que foi o motivo da nossa reflexão nas últimas semanas, é situada na sua “moldura”: os dois formam parte do único Deus que é o principal autor da história da salvação, apesar de em cada uma das etapas tenha tido maior destaque uma das pessoas divinas.

b)      A Trindade está presente em cada celebração da Eucaristia, desde o início (“Em nome do Pai…”) até ao seu fim (“Abençoe-vos, Deus…”). O Gloria que entoamos salienta também a nossa fé trinitária. Depois da homilia, a comunidade reza o Credo: a nossa fé trinitária, a nossa fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo. A nossa oração litúrgica dirige-se, por regra, ao Pai, pelo Filho no Espírito Santo. Assim acontece com a conclusão da oração colecta (“Por Nosso Senhor Jesus…”) e a oração eucarística (“Por Cristo, com Cristo, …”).

c)      Apesar da presença da Trindade em cada Eucaristia, a liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade contém textos eucológicos e leituras bíblicas “trinitários”: 1) A proximidade de Deus. A primeira leitura fala-nos de um Deus todo- poderoso no céu mas também próximo, ou seja, que se preocupa e que fala com o seu povo: “Que povo escutou como tu a voz de Deus … e continuou a viver?” Também no salmo se acentua esta ideia: “Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem”. A segunda leitura fala-nos da expressão máxima do amor de Deus: o envio do Seu Filho ao mundo para nos fazer seus filhos (“Vós não recebestes um espírito de escravidão…, mas o Espírito de adopção filial”). 2) Somos herdeiros. Deus faz-nos seus filhos. Por isso, temos direito a uma herança: “Se somos filhos, também somos herdeiros” (2ª leitura). A herança que recebemos é a vida eterna: somos arrancados do poder da morte (cf. salmo responsorial) para sermos glorificados com Cristo (cf. 2ª leitura). 3) Pai de toda a humanidade. Deus tem uma predilecção amorosa por toda a humanidade. Todos os homens e mulheres são chamados a ser filhos de Deus e a receber como herança a vida eterna. “Ide e ensinai todas as nações” será o mandato de Jesus no evangelho que neste dia se proclama. Baptizar-se e viver como Jesus nos ensinou será a única condição necessária para fazer parte do povo de Deus. 4) Fé Trinitária. O mistério da Santíssima Trindade supera a nossa capacidade de compreensão. O prefácio, como se de um pequeno tratado teológico se tratasse, resume a fé trinitária: “um só Deus, … não na unidade de uma só pessoa, mas na trindade de uma só natureza… Adoramos as três Pessoas distintas, a sua essência única e a sua igual majestade”. Explicar o mistério ultrapassa os limites da celebração e da compreensão. Neste domingo, não nos é pedido que o compreendamos, mas que confessemos a nossa fé trinitária e adoremos a Deus Uno e Trino.