Versão para impressão

HOMILIA DO 2º DOMINGO COMUM (ANO B)

Com a Festa do Baptismo de Jesus, terminaram as festas do Natal. Iniciamos, agora, a primeira parte do Tempo Comum até ao início da Quaresma. Se no domingo passado, Jesus foi apresentado, no rio Jordão, pela voz vinda do Céu, como o filho muito amado de Deus Pai, neste domingo somos convidados não só a gravar no nosso coração a ideia de que também somos filhos e filhas de Deus, mas também, como nos diz o texto evangélico, de seguir Jesus, proclamando, em todos os momentos da nossa vida, que Ele é o Messias: com a família, os amigos, os vizinhos, no trabalho, na escola, na universidade…

O texto do evangelho diz que “Jesus voltou-se; e, ao ver que O seguiam, disse: Que procurais?”. São as primeiras palavras de Jesus no evangelho de S. João. Esta pergunta fará, novamente, a Maria Madalena, depois de Ele ter ressuscitado: “Mulher, porque choras? Quem procuras?”. Seguir o ritmo de Deus é-nos impossível; por isso, Ele vai sempre à nossa frente, porque é Ele quem toma sempre a iniciativa de uma maneira surpreendente: pára, volta-se para trás para nos olhar, faz-nos perguntas e fala-nos. Deus acompanha-nos sempre na caminhada da nossa vida.

Não só nos acompanha na nossa vida, mas também nos convida a estar com Ele. A resposta à pergunta que fez aos discípulos de então e de agora (Que procurais?) é Ele próprio: “Vinde ver”. É um convite a cada um de nós para fazer amizade com o Filho de Deus, a ir com Ele a todos os lugares: também a ir com Ele à cruz e à ressurreição. Os dois discípulos foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Foi uma experiência tão profunda que nunca esqueceram a hora: nunca saberemos o que aconteceu, mas sabemos que foi por volta das quatro horas da tarde. Encontraram-se com Deus, mas não num lugar sagrado, templo ou sinagoga, mas numa pessoa: Jesus de Nazaré.

No domingo passado, escutámos na narração do baptismo de Jesus como Deus fala do Céu. A primeira leitura deste domingo narra-nos como Samuel, através do sacerdote Heli, descobre a voz de Deus e o chamamento divino. Depois de ouvir, pela terceira vez, o seu nome, “Samuel, Samuel”, respondeu: “Falai, Senhor, que o vosso servo escuta”. Mas Deus continua a chamar de outras formas. Agora, fala-nos ao ouvido, como um amigo, um confidente. Fala-nos, agora, da terra, através do seu Filho Jesus, feito homem. Precisamos de estar atentos, porque em qualquer momento pode falar. Mais do que encontrar a Deus é Ele quem se deixa encontrar e quer sempre alojar-se no nosso coração, na nossa vida, através dos sacramentos, da Palavra da Salvação, da palavra de um irmão, de uma circunstância da vida…

Os primeiros discípulos ouviram a célebre frase de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus”. Seguem Jesus e consideram-no como um Mestre que lhes irá ensinar coisas novas. Seguem-no e ficam com Ele para depois confessarem Jesus como Messias. Assim, tendo conhecido Deus, já nada pode travar o seu entusiasmo e a sua alegria. Começam logo a proclamar a Boa Nova: “Encontrámos o Messias”. Por isso, afirma S. Paulo, na segunda leitura: “Aquele que se une ao Senhor constitui com Ele um só Espírito”. São os primeiros evangelizadores na sua família e nas suas terras. André anuncia ao seu irmão Simão e leva-o a Jesus. Ao ver Simão, Jesus transforma toda a sua vida, até o seu próprio nome: “Chamar-te-ás Cefas – que quer dizer Pedro”. Já não são somente amigos ou irmãos, mas agora são discípulos do Messias. É o início da Igreja.

Neste domingo, recordemos todas as pessoas que nos ajudaram a descobrir Jesus, como Messias. Dêmos graças a Deus por todas as pessoas que nos ajudaram a ver o Cordeiro de Deus, a descobrir Jesus como Mestre, a segui-lo e a confessar que Ele é o Messias. Hoje, continuemos a obra da evangelização de todos os que nos rodeiam, como afirma o salmo responsorial: “Proclamei a justiça na grande assembleia, não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis”. Esta é a nossa missão: “eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”.