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HOMILIA DO 13º DOMINGO COMUM (ANO B)

A liturgia deste domingo coloca-nos diante da morte, de uma realidade que nos perturba. Todos temos vontade de viver, de ser felizes, mas tudo tem um fim e o nosso fim é a morte. Porém, hoje não pensemos na morte como um “ponto final”, porque perante a realidade da morte, Jesus recupera a vida a quem a perdeu. A leitura do Livro da Sabedoria prepara-nos para o texto evangélico: diz claramente que “não foi Deus quem fez a morte”. Portanto, Deus quer que o homem e a mulher vivam, não quer a morte, porque os fez à sua imagem e semelhança. Assim, temos a certeza de que a morte não tem a última palavra, porque foi vencida por Jesus Cristo com a sua morte e ressurreição. Nós não acreditamos num Deus de mortos mas de vivos; somos discípulos do Crucificado e também do Ressuscitado: Emanuel, Deus-Connosco.

O texto do evangelho diz-nos que um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, vai ter com Jesus para pedir a cura da sua filha que está a morrer. Enquanto vão a caminho da sua casa, uma mulher que tinha um fluxo de sangue há doze anos tocou no manto de Jesus e ficou curada. Ele disse à mulher: “Minha filha, a tua fé te salvou”. Ainda Ele falava, quando vieram dizer a Jairo que a sua filha tinha morrido. Jesus conforta o chefe da sinagoga, afirmando: “Não temas; basta que tenhas fé”. Quando chegou a sua casa, Jesus entrou no lugar onde jazia a menina, pegou-lhe na mão e disse: “Talitha Kum”, que significa: “Menina, Eu te ordeno: levanta-te”. Jesus recuperou a vida desta menina e todos ficaram cheios de alegria. No domingo passado, Jesus acalmava a tempestade no mar; neste domingo, apresenta-se como senhor e libertador da enfermidade e da morte. E só com um toque! O contacto de Jesus Cristo cura-nos e salva-nos. Para ser curados da doença e da morte, é necessário que sejamos tocados por Jesus, como a filha de Jairo, ou que nós o toquemos com fé e confiança como a mulher do fluxo de sangue.

Primeira ideia deste domingo: Deus fez-se homem para estar em contacto connosco. Deus desceu até nós para nos tocar e para nós o tocarmos. Deus quer tocar a humanidade e curá-la, porque estava ferida pelo pecado que mata. Toda a vida pública de Jesus consistiu em tocar os homens e as mulheres com a sua Palavra confortadora, com o seu gesto e olhar misericordioso e com os seus milagres.

Segunda ideia deste domingo: através do Evangelho, sabemos que nem todos souberam tocar Jesus e não se deixaram tocar por Jesus. Os sumos-sacerdotes, os escribas e os fariseus iam ter com Ele, mas não deixaram que a força salvadora de Cristo entrasse neles e os curasse da sua soberba e orgulho. Outros quiseram tocar Jesus só por curiosidade ou conveniência e também não se salvaram. Mas também sabemos que muitos se aproximaram de Cristo com fé e confiança, como Jairo e aquela mulher com um fluxo de sangue. E o que aconteceu? Foram curados e recuperaram a vida.

Terceira ideia deste domingo: Hoje, como e onde podemos tocar Cristo e ser tocados por Ele e, assim, ser curados? Hoje, podemos tocar Cristo nos sacramentos, na nossa família, nos nossos irmãos com dificuldades! Na Eucaristia, tocamos no Pão da Vida que nos alimenta e santifica. Na confissão, tocamos em Cristo Médico que nos perdoa, nos anima e cura as chagas que o pecado deixou em nós. Tocamos Cristo quando, pelo Matrimónio, abençoa a vida conjugal de um casal, quando unge um homem, fazendo dele um sacerdote. Este toque ainda é mais visível quando o sacerdote derrama o óleo santo na testa e nas mãos do doente. Hoje, tocamos em Cristo nos nossos irmãos necessitados, através da nossa caridade misericordiosa, atenta e generosa, e sem preconceitos. Podemos tocar Cristo naqueles que estão à nossa volta (esposa, marido, filhos, amigos e vizinhos…) com um sorriso, uma palavra amável, um gesto e com o perdão.

Se quisermos ser curados, toquemos com fé o manto de Jesus. Tantas vezes vamos perdendo a nossa vida com hemorragias não de sangue, mas de interesses, de indiferença, de faltas de respeito, de falar mal dos outros e condená-los, de aparências, de poder e de dinheiro. Que Jesus nos toque com a sua graça divina e nos cure para que possamos levar o toque divino aos nossos irmãos.