Versão para impressão

HOMILIA DO 19º DOMINGO COMUM (ANO B)

Neste domingo, continuamos a reflexão da catequese de Jesus, no evangelho de S. João, sobre o Pão da Vida, na sinagoga de Cafarnaum. Hoje, Jesus Cristo diz-nos o seguinte: “Eu sou o pão da vida; quem acredita tem a vida eterna”. Jesus convida-nos a acreditar Nele, ou seja, a ter fé para acreditar que Ele é o verdadeiro pão da vida que Deus enviou à humanidade para saciar a sua fome. Todo aquele que acreditar Nele terá a vida eterna. Sem fé é impossível entender, valorizar e aproximar do banquete onde se serve este pão de vida eterna, que é Jesus.

Todavia, por vezes, a fé vacila e pode passar por momentos de crise, como aconteceu com o profeta Elias na primeira leitura deste domingo, do primeiro Livro dos Reis. Elias teve de fugir das ameaças de morte da rainha Jezabel. Foi para o deserto, sentou-se debaixo de um arbusto e desejou a morte, dizendo: “Já basta, Senhor. Tirai-me a vida, porque não sou melhor que meus pais”. Depois de ter sido um homem valente e corajoso a denunciar o que não estava bem na sociedade do seu tempo, tem medo, está inseguro e deprimido. Deus tem um gesto de ternura e de carinho para com Elias. Através do seu mensageiro enviou-lhe, por duas vezes, um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água. Ele comeu e bebeu e tornou a deitar-se. Mas o Anjo disse-lhe: “Levanta-te e come, porque ainda tens um longo caminho a percorrer”. “Fortalecido com aquele alimento, caminhou durante quarenta dias e quarenta noites até ao monte de Deus, o Horeb”. A fuga de Elias converte-se numa peregrinação ao Horeb, à montanha de Deus; ele dirige-se às origens da fé para se fortalecer interiormente. Deus deu a Elias pão para comer, o que lhe deu muita alegria e forças. Assim também nos dá a Eucaristia, como alimento para vencer os obstáculos da nossa vida, através da fé e da esperança.

Depois do milagre da multiplicação dos pães, as pessoas continuaram a seguir Jesus, mais por interesse (matou-lhes a fome) do que pela fé. E agora começaram a criticar Jesus por Ele ter dito que era o pão que desceu do Céu. Não estavam preparados para acreditar e seguir as suas palavras, ou seja, não tinham fé: “Não é Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora que desceu do Céu?”. Jesus afirma que a fé é um presente de Deus: “Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer”. Quer dizer, temos que sentir atração por Jesus!

Juntos de Jesus, a nossa fé é fortalecida e purificada. Assim, estaremos preparados para comer o pão da vida. Se comermos o Corpo de Cristo não morreremos para sempre; viveremos para sempre depois da morte, pois a Eucaristia é penhor da glória futura. No domingo passado, refletíamos a Eucaristia como um sacrifício: o memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Hoje, acrescentamos mais um aspeto à nossa reflexão: a Eucaristia é também penhor da glória final. Não quer dizer que a Eucaristia liberta-nos da morte; comungamos, mas um dia iremos morrer. Não nos liberta da morte física, mas pode libertar-nos da morte espiritual, da morte eterna, porque Jesus disse: “Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”. Jesus alimenta-nos para a vida eterna. Na primeira leitura, Elias, para se salvar peregrinou ao monte de Deus, o Horeb. O nosso monte de Deus é o Céu para onde caminhamos, alimentados pelo pão da vida, o pão descido do Céu.

A Eucaristia não só nos alimenta na nossa peregrinação para a glória celeste, mas também semeia um pouco de “céu” no nosso interior. Que ao aproximarmo-nos do altar para a comunhão, sintamos que estamos a receber Jesus ressuscitado e glorioso. Por isso, “saboreai e vede como o Senhor é bom”. Na comunhão, recebemos Aquele em quem podemos confiar e que nos oferece a sua amizade e felicidade, que é Jesus, o pão vivo que desceu do Céu.