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HOMILIA DO 20º DOMINGO COMUM (ANO B)

É realmente impressionante o número de passagens bíblicas, quer do Antigo, quer do Novo Testamento, que nos falam na alimentação. E não é de estranhar: o próprio Jesus compara várias vezes o Reino dos Céus a um grande banquete. Na primeira leitura, aparece-nos a mesa repleta de pão, vinho e animais. Na segunda leitura, encontramos o apelo a tomar a bebida com moderação. No texto evangélico, Jesus afirma que a sua carne e o seu sangue são alimentos que conduzirão à vida eterna.

Nos últimos domingos temos feito uma reflexão sobre a Eucaristia, a partir da pregação de Jesus sobre o pão da vida. Já refletimos a Eucaristia como sacrifício, como presença real de Cristo e como penhor da glória futura. Neste domingo, somos convidados a refletir outro aspeto: a Eucaristia como banquete que nos une a Cristo. Uma das imagens utilizadas nos textos sagrados para falar sobre a vida em Deus é a do banquete. À volta de uma mesa, reina a alegria e o convívio, fazem-se e fortalecem-se amizades. Mas não é um alimento qualquer que se come nesta refeição. O texto do evangelho é muito claro: “A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele”. Para esta refeição, todos são convidados: os justos para continuarem a ser fiéis, os pecadores para se arrependerem, os fortes para não enfraquecerem, os fracos para restabelecerem as suas forças, os doentes para se curarem, os saudáveis para não ficarem doentes.

Vale a pena comungar o Corpo e o Sangue de Cristo? Que benefícios temos? Comungar une-nos a Cristo, une-nos à Igreja, porque a Eucaristia simboliza a unidade da Igreja, alimenta-nos para a caminhada da vida que culminará na glória de Deus. A Eucaristia é figura do banquete celestial.

É verdade que todos são convidados para este banquete, mas são necessárias algumas condições. Em primeiro lugar, é necessária a fé, porque a Eucaristia é o mistério da fé: anunciamos a morte do Senhor, proclamamos a sua ressurreição até ao fim dos tempos. Em segundo lugar, é necessária a humildade para reconhecer que estamos famintos e necessitados deste Pão da Vida. Em terceiro lugar, é necessário estar na graça de Deus. São João Crisóstomo dizia que aquele que se aproxima da comunhão manchado pelo pecado está a crucificar novamente Jesus Cristo.

Agradeçamos a Jesus Cristo, porque na Última Ceia partiu o pão em diversos pedaços e distribuiu o vinho para saciar a nossa fome e a nossa sede; porque no pão e no vinho entregou-nos a sua própria vida e enchei-nos da sua presença; porque nos amou até ao fim, até ao extremo: morrer por outro, dar a vida por outro; porque quis celebrar a sua entrega à volta de uma mesa com os seus Apóstolos, para que eles fossem uma comunidade de amor. Agradeçamos a Jesus Cristo a possibilidade que temos de celebrar a Eucaristia e, assim, continuar a ajudar os nossos irmãos e a renovar a nossa vida, pouco a pouco, até alcançarmos o banquete celeste, a glória eterna.