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HOMILIA DO 4º DOMINGO DA PÁSCOA (ANO C)

Nos textos evangélicos, encontramos várias imagens para descrever quem é Jesus: Cordeiro, Senhor, Rei, Pedra angular, Luz, Verdade, Porta…. Neste domingo, Jesus apresenta-se a todos nós como o Bom Pastor. Por isso, é conhecido como o Domingo do Bom Pastor. Um Pastor que conhece, ama, alimenta, defende e dá a vida pelas ovelhas. E as ovelhas escutam a sua voz e seguem-no.

Jesus Cristo é Pastor para todos, ou seja, para todo o tipo de ovelhas: saudáveis e doentes, calmas e rebeldes, coxas ou não, perdidas ou não, fortes e fracas. Ele conhece muito bem as suas ovelhas, ama-as com ternura e misericórdia, alimenta-as todos os dias, mata-lhes a sede nas fontes das águas vivas dos sacramentos e defende-as dos lobos, ou seja, de todos os perigos que poderão afastá-las do seu rebanho. Jesus é o Pastor que vai adiante, à frente, guiando-nos no caminho. Ele conhece-nos, ama-nos, adapta-se a cada um de nós, ajuda-nos nas nossas necessidades e fraquezas. Bem sabemos que num rebanho, há algumas ovelhas que são preguiçosas, outras são mais ansiosas, algumas estão doentes, outras coxas, algumas facilmente se desviam do rebanho e têm a tendência a perderem-se. Jesus está muito atento a cada um de nós e guia-nos, com a sua infinita compaixão e misericórdia, às pastagens da verdadeira vida. Ele é um Pastor que sabe que foi o seu Pai que colocou nas suas mãos estas ovelhas (evangelho).

Mas, quais são as condições para pertencer ao rebanho de Cristo Pastor? A resposta encontramos no texto do evangelho: “As minhas ovelhas escutam a minha voz…e elas seguem-Me. É necessário escutar e seguir este Pastor. Toda a Sagrada Escritura é um convite a estar sempre à escuta. Na primeira leitura, Paulo e Barnabé falam à cidade de Antioquia e muitos gentios aceitaram perseverar na graça de Deus. Porém, “ao verem a multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfémias”, porque tinham os ouvidos fechados à Boa Nova da ressurreição. É que para escutar este Pastor é necessário humildade e silêncio interior. E para seguir a voz deste Pastor é preciso serenidade e abertura, para que o Espirito Santo possa modelar em cada um de nós a imagem de Cristo, exortando-nos a sair dos vícios e do pecado, a desprender-nos do homem terreno e aspirarmos às coisas do alto.

Há um aspeto que não podemos esquecer neste domingo. Este Pastor, antes de o ser, foi Cordeiro que se imolou na Cruz para com a sua morte conceder-nos a vida eterna, abrindo-nos as portas do céu. A partir dos sacramentos, salpica-nos com o seu sangue que nos purifica. O que fez este Cordeiro por nós? A segunda leitura deste domingo dá-nos a resposta: Ele preparou-nos o caminho para as pastagens eternas, para o céu. “Uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão”. Assim, temos a certeza que no céu já não teremos fome nem sede, nem seremos oprimidos pelo sol ou o vento ardente, nem pela injustiça e maldade dos lobos desta sociedade e deste mundo. Seremos felizes e ninguém nos poderá afastar das mãos de Deus Pai.

Jesus é o Bom Pastor. Ele é misericordioso e ternurento: deixemo-nos, então, levar aos seus ombros e ser conduzidos por Ele. Ele é destemido e corajoso: defende as ovelhas dos lobos e de todos os que as atacam. Ele e o Pai “são um só”: à volta de um só Pastor, que é Jesus, vivamos não somente unidos uns com os outros, mas também unidos a Cristo e, por Ele, ao Pai.

Cónego Jorge Seixas