Versão para impressão

HOMILIA DO 13º DOMINGO COMUM (ANO C)

Neste domingo, a oração coleta, a primeira oração presidencial da celebração eucarística, contém um desejo de autenticidade na nossa vida: “não permitais, Senhor, que sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas permaneçamos sempre no esplendor da verdade”. Ser cristão é viver na verdade, é viver em Jesus Cristo. Mas este caminho que cada um de nós inicia no dia do batismo é muito exigente e radical. Esta exigência e radicalidade é-nos recordada no texto do evangelho.

“Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém”. Mandou alguns discípulos à sua frente que entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem. Por causa da tensão existente entre judeus e samaritanos, aquela gente não quis receber Jesus, porque ia a caminho de Jerusalém. Os discípulos Tiago e João ficam revoltados e querem que desça fogo do céu que os destrua. Mas Jesus repreendeu-os. Nestes últimos tempos, são muitas as notícias de atentados por esse mundo fora. A imposição e a violência nunca trazem bons frutos. Por isso, o anúncio da fé tem de ser sempre alegre e livre. A nossa missão não é impor aos outros o anúncio da Boa Nova de Jesus. A nossa missão é dar testemunho de uma vida coerente, porque este é o melhor anúncio da nossa fé.

Depois deste imprevisto na sua viagem para Jerusalém, Jesus surpreende-nos com a exigência para o seguir. Só podemos seguir Jesus Cristo se estamos realmente decididos a querer ser seus discípulos. Por isso, temos muito a aprender do texto do evangelho deste domingo, porque pensamos que ser cristão supõe cumprir somente alguns preceitos ou devoções. Nada disso! Ser cristão é viver Cristo plenamente e isto tem algumas condições. Os três discípulos anónimos, que aparecem no evangelho, dão-nos uma ajuda com a sua forma de ver o anúncio do Reino. O primeiro discípulo anónimo é alguém entusiasmado, dizendo: “Seguir-Te-ei para onde quer que fores”. E Jesus parece que o quer desanimar, dizendo: “As raposas têm as suas tocas e as aves do céu os seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. É um aviso para as dificuldades que irão aparecer. Nem sempre seremos bem aceites e seremos rejeitados. Jesus assumirá estas dificuldades até às suas últimas consequências. Este discípulo promete que seguirá Jesus para onde quer que Ele vá, mas sabemos que, no monte das Oliveiras, os apóstolos abandonaram-no. São Pedro negou Jesus, Judas atraiçoou-o. E nós? Estamos dispostos a seguir Jesus, até nos momentos difíceis, da cruz, do Calvário? O segundo discípulo anónimo quer seguir Jesus, mas põe a condição de ir primeiro sepultar o seu pai. A resposta de Jesus é clara e pode parecer dura: “Deixa que os mortos sepultem os seus mortos”. Com esta resposta, Jesus exorta a não deixar passar o tempo, ou seja, se queres anunciar o Reino de Deus não há tempo a perder, nem há um momento ideal no futuro para o começar a fazer. O terceiro discípulo anónimo, antes de seguir Jesus, quer primeiro despedir-se da sua família. Novamente, a resposta de Jesus parece ser dura: “quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus”, ou seja, se queremos anunciar o Reino de Deus não há tempo para olhar para trás, para o nosso passado. Na nossa vida, só pode haver uma direção que é avançar para o Reino de Deus.

Com o texto do evangelho deste domingo, fica este aviso: se queres ser discípulo de Jesus, anunciador do Reino de Deus, não ponhas condições nem reservas, mas procura ser valente, corajoso e decidido. Tenhamos a coragem de nos entregarmos a Jesus sem reservas, realizando a nossa missão com zelo e não termos medo com a tentação de olhar para trás e ficar escravo do passado da vida. Olhar em frente para Jesus. Só assim teremos coragem para anunciar e alcançar o Reino de Deus.