Versão para impressão

HOMILIA DO 17º DOMINGO COMUM (ANO C)

Neste domingo, as leituras da Liturgia da Palavra ensinam-nos a importância que a oração tem na nossa relação com o Pai do Céu. Com a sua conversa com Deus, Abraão revela-nos que podemos ser bons intercessores diante de Deus. No evangelho, Jesus Cristo ensina-nos a oração do Pai-Nosso e como devemos rezar ao Pai do Céu. A oração é fundamental para a nossa vida cristã. Por isso, este domingo é uma oportunidade para pensar como está a nossa oração, tendo consciência que temos um longo caminho a percorrer na nossa vida espiritual.

Na primeira leitura, Abraão tem o atrevimento de “negociar” com Deus a salvação daqueles justos que viviam nas cidades de Sodoma e Gomorra. Abraão considera injusto que aquelas pessoas boas destas cidades sejam condenadas como os outros e apela à misericórdia de Deus em seu favor. A primeira leitura narra-nos um exemplo de oração insistente e intercessora por aqueles nossos irmãos que consideramos que merecem a graça de Deus.

O Pai-Nosso é a oração mais importante dos cristãos. Está gravada no nosso ADN cristão desde o dia do nosso batismo, porque foi Jesus que no-la ensinou. Surge de uma necessidade real. Segundo o evangelho deste domingo, João Batista tinha ensinado uma oração aos seus discípulos. Tendo conhecimento disto, os discípulos de Jesus também queriam a sua própria oração: “Senhor, ensina-nos a orar, como João Batista ensinou também aos seus discípulos”. Durante o dia, rezamos o Pai-Nosso várias vezes. Esta oração foi rezada pelos nossos pais e padrinhos no dia do nosso batismo, porque ainda éramos demasiado pequenos para invocar a Deus como Pai. É a oração que foi ensinada pelos nossos pais e catequistas. Ela acompanhar-nos-á toda a vida, nos momentos de alegria para invocar o nome do Senhor e dar-lhe graças, e nos momentos de tristeza para encontrar conforto e coragem. Como sabemos de memória, nem sempre damos conta de tudo o que dizemos nesta oração e da sua riqueza espiritual. Por isso, pensemos em cada pedido feito nesta oração.

“Pai, santificado seja o vosso nome”: Jesus ensina-nos a chamar Pai a Deus. Desta maneira, aproxima Deus dos homens e das mulheres e vice-versa. A nossa relação com Deus é filial, cordial e próxima. “Venha o vosso reino”: pedimos que o reino de Deus venha até nós, ao nosso mundo, à nossa sociedade. Era a missão de Jesus Cristo ao iniciar a sua vida pública e também é a nossa como seus discípulos. “Dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência”: O Pai-Nosso revela a nossa confiança na providência de Deus. É Ele quem conduz as nossas vidas e nos dá tudo o que realmente necessitamos. Pedimos o nosso pão para cada dia, ou seja, o alimento. Não esqueçamos todos aqueles que têm dificuldades e passam fome. Mas este pedido não é só material. Sobretudo, pedimos o Pão da Vida, ou seja, a Eucaristia, o próprio Cristo que sustenta as nossas forças. “Perdoai-nos os nossos pecados”: na nossa humildade, reconhecemos a nossa condição de pecadores. Cada vez que rezamos esta oração, pedimos a Deus que perdoe os nossos pecados. Isto faz-nos recordar que a nossa vida ainda está em caminho, ainda há muito que fazer como cristãos. “Também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende”: nesta oração, não só pedimos perdão pelos nossos pecados, mas também recorda-nos que temos de perdoar aos nossos irmãos. Não podemos gastar as nossas energias a alimentar mágoas e ressentimentos. Temos de aprender a perdoar e a pedir perdão. “Não nos deixeis cair em tentação”: finalmente, pedimos que as forças do mal saiam da nossa vida, ou seja, tudo aquilo que nos separa do amor de Deus. Que saia da nossa vida tudo aquilo que nos condena e que, através de nós, pode condenar os nossos irmãos. É uma luta que temos de combater todos os dias.

Neste domingo, peçamos ao Senhor: “Senhor, ensina-nos a rezar”. A oração é um diálogo de amizade com Deus. Rezemos com confiança, rezemos para interceder pelos outros, não deixemos de rezar. Quando rezamos, algo muda à nossa volta, porque falamos com Aquele que verdadeiramente nos ama.