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HOMILIA DO 28º DOMINGO COMUM (ANO C)

As leituras deste domingo fazem-nos, novamente, pensar nas pessoas que sofrem. Muitas pessoas morrem inocentes em atentados; são mortas nas atividades normais da sua vida. A fome continua a matar tantas pessoas todos os dias e a riqueza acumula-se nas mãos de poucos. Tanta gente sem pão, sem água, sem emprego, sem condições para ter uma vida com dignidade! Estas realidades entram pelos nossos olhos, através dos meios de comunicação social. Tendo em conta as leituras bíblicas deste domingo, podemos afirmar que a lepra da maldade ainda reina na sociedade. Com tristeza, vamos dando conta do seguinte: alguns que praticam estas más ações dizem ter fé em Deus. Estas pessoas estão doentes e não sabem. Ou será que sabem?

Se assim é, estas pessoas precisam de ser curadas urgentemente. Porém, esta cura depende deles. O texto do evangelho diz-nos que Jesus curou os dez leprosos, porque acreditaram nele. Na primeira leitura, Eliseu curou da lepra Naamã. “O general sírio Naamã desceu ao Jordão e aí mergulhou sete vezes, como lhe mandara Eliseu, o homem de Deus. A sua carne tornou-se tenra como a de uma criança e ficou purificado da lepra”. Naquele tempo, a lepra era uma doença contagiosa; hoje, é possível ser tratada com o avanço da medicina. Mas, porque é que a cura da lepra está presente no contexto religioso? Para revelar a bondade divina. A cura do leproso é utilizada na história da salvação como meio de manifestação do poder de Deus.

Quando Jesus se dirigia para Jerusalém, passando entre a Samaria e a Galileia, vieram ao seu encontro dez leprosos, pedindo-lhe que tivesse compaixão deles. Jesus mandou-os ir ter com os sacerdotes. E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra, pela fé que tiveram. Soubemos disto, porque um deles, que era samaritano, ao ver-se curado, voltou atrás para agradecer a Jesus. Nesse momento, Jesus revelou qual foi o remédio que os curou: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”. A fé foi o remédio. Então, porque é que a fé não continua hoje a fazer milagres? Porque se vive como se quer e não como se deve. Aqueles que foram curados fizeram o que deviam, em nome da fé. Foi o que aconteceu com o general sírio Naamã. Ele foi curado porque fez o que lhe ordenou Eliseu, o homem de Deus, acreditou na palavra de Eliseu. Nós somos convidados a fazer o mesmo, ou seja, a fazer a vontade de Deus. Qual o caminho a percorrer?

A segunda leitura, da 2ª Carta de S. Paulo a Timóteo, dá-nos a resposta: “Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos; se sofremos com Cristo, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos negará; se Lhe formos infiéis, Ele permanece fiel”. Morrer com Jesus é o segredo da nossa vida. Como se morre com Jesus? Morrendo para as nossas próprias vontades, paixões e vícios, desuniões e guerras. Significa entregar o leme do barco da nossa vida a Jesus. Ele conduzir-nos-á às águas tranquilas do Reino dos Céus.

Ao leproso curado que voltou atrás para agradecer, Jesus disse-lhe: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”. Tenhamos fé suficiente para também, um dia, ouvirmos o mesmo. Que o Senhor nos cure das nossas enfermidades. Procuremos salvar a nossa vida, deixando-nos curar pela graça de Deus. Temos a certeza que o mais importante é viver segundo a vontade de Deus. Só assim viveremos e reinaremos, porque a nossa fé nos salvará.

Cónego Jorge Seixas