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HOMILIA DO 1º DOMINGO DO ADVENTO (ANO A)

Iniciamos neste domingo o novo ano litúrgico e o tempo do Advento. Este é um tempo de esperança. Esperamos a vinda de Jesus, o seu nascimento entre nós. Na nossa vida há diversas maneiras de esperar. Pensamos somente em duas. Estar à espera, por exemplo, do comboio ou do autocarro. Se for possível, sentamo-nos e esperamos sem nada fazer, lendo o jornal ou um livro, ou ouvindo música. E se o lugar onde nos sentamos for cómodo, corremos o risco de adormecer. É uma espera passiva. Não fazemos mais do que esperar. Mas há outra maneira de esperar. Por exemplo, quando esperamos um amigo, ou um familiar que convidámos para comer em nossa casa. Com tempo começamos a preparar tudo: comprar o que é necessário, limpar a casa, preparar a refeição, preocupados para que nada falte. Não temos tempo para descansar. É uma espera ativa.

Estas duas experiências da nossa vida ajudam-nos a compreender como deve ser o tempo do Advento. As leituras deste domingo convidam-nos a viver numa esperança ativa: “Vinde, subamos ao monte do Senhor…, chegou a hora de nos levantarmos do sono…, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o Senhor…, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem”. O tempo do Advento é um tempo de esperança, mas de uma esperança ativa. Esperamos um amigo que vem a nossa casa e é necessário preparar a casa da nossa vida para o receber. Temos de tirar as teias de aranha da casa e os ciscos dos olhos, ou seja, ter tudo pronto e limpo para quando o amigo chegar encontre lugar no nosso coração. Este amigo que vem é Jesus. Ele deseja ser recebido por um coração aberto que sabe amar e que se deixa amar, ou seja, um coração igual ao seu. Um coração generoso, que sabe perdoar, um coração solidário, puro, justo, compassivo, um coração que semeie paz.

O tempo do Advento tem quatro semanas. É muito importante que preparemos bem as festas que se aproximam: decorar a casa, reunir a família, fazer o presépio. Mas também é muito importante que aproveitemos este tempo para nos reconciliarmos com os nossos irmãos, para visitarmos alguém que vive sozinho ou que está doente. No Advento, somos convidados a abrir os olhos e os ouvidos a todas aquelas situações que nos rodeiam, às quais não podemos ficar indiferentes: estender a mão a alguém com dificuldades económicas ou que está desanimada, acolher aqueles que fogem de desentendimentos familiares e de calúnias e que procuram um pouco de paz.

Se assim vivermos o Advento, a nossa esperança dará fruto. Jesus não nascerá somente no presépio, mas também no nosso interior e à nossa volta. As luzinhas de Natal não só embelezarão o exterior, mas também, à nossa volta, façamos brilhar as luzinhas da alegria, da paz e do amor. Procuremos ajudar, acompanhar, reconciliar, acolher e estar ao serviço dos nossos irmãos. Aproveitemos este tempo favorável, que é o Advento, para que Jesus não passe despercebido na nossa vida. Preparemos a casa do nosso coração para o acolher.

Cónego Jorge Seixas