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HOMILIA DO 2º DOMINGO DA PÁSCOA (ANO A)

Oito dias depois do Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor, a primeira leitura, do livro dos Atos dos Apóstolos, apresenta-nos as características de uma comunidade cristã: “os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. Com os corações cheios de alegria em Cristo ressuscitado, procuremos estar sempre presentes na escuta do Evangelho e na fração do pão da Eucaristia, a dupla mesa da nossa festa.

O texto do evangelho de S. Mateus termina com esta promessa: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim dos tempos”. E o texto evangélico deste domingo, de S. João, faz referência a esta promessa: “Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus e colocou-Se no meio deles”. A promessa de Jesus cumpre-se e leva a paz e a alegria àquela comunidade assustada pelas consequências que poderiam surgir para ela por causa da morte de Jesus. O texto do evangelho deste domingo será o mesmo da solenidade do Pentecostes, encerrando o Tempo da Páscoa. Por isso, agora, podemos refletir mais na segunda parte, que nos narra o encontro de Jesus com Tomé, um dos Doze. Naquele domingo, Tomé não estava com os seus companheiros. E eles disseram-lhe: “Vimos o Senhor”. Os discípulos queriam partilhar com Tomé a experiência que tiveram: Jesus está vivo, derramou sobre eles o Espírito Santo, confiou-lhes a missão de perdoar os pecados. Mas Tomé não acredita neles; só acreditará se vir os sinais que comprovem que este “Senhor” é o crucificado, ou seja, os sinais da morte na cruz: as mãos feridas e o lado aberto. Tomé é o discípulo que representa todos aqueles que, entre dúvidas e sofrimentos, avançam pouco a pouco na caminhada da fé. As dúvidas vêm de nós mesmos, porque não é fácil caminhar para a fé em Jesus Cristo; mas também podem vir de fora, porque a nossa sociedade, com ou sem razão, está a ficar cada vez mais indiferente ao mistério de Deus.

Jesus disse a Tomé: “Vê as minhas mãos, mete a tua mão no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente”. “Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto”. Nós fazemos parte deste grupo! Os textos evangélicos foram escritos para acreditarmos que “Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhamos a vida eterna”. Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja. Por isso, como Tomé, hoje também dizemos do profundo dos nossos corações: “Meu Senhor e meu Deus!”.