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O Bem Comum do nosso País

Passadas que são as campanhas eleitorais para o Parlamento Europeu, para a Assembleia da República e, por fim, para as Autarquias, regresso à vossa convivência na forma epistolar. Foi um tempo de paragem para que não houvesse confusões de qualquer género. A prudência também tem de existir nestas alturas!

Encontramo-nos, agora, no começo do tempo para a concretização das ideias e dos programas dos eleitos pelo povo português.

Como o regime vigente em Portugal é a democracia, compete à força política vitoriosa em eleições livres, orientar a vida do País sob o olhar da oposição atento, colaborante e crítico. Todos sabemos que isto é elementar em democracia política.

Agora todas as energias devem convergir para a solução dos reais problemas do País sem desvios para interesses particulares não permitidos.

Ao escrever isto estou a pensar que uma oposição esclarecida e lúcida há-de exigir a fidelidade dos eleitos aos seus programas no sentido da realização do bem comum do povo português.

 

Este discurso poderá parecer provocador para alguns, dominados em excesso pela cor da sua força política tomada como um absoluto que não cede o passo a nada mais. Se assim fosse diria: Pobre País que tem quem dele se queira servir e não que o sirva garantindo a sua unidade, coesão e desenvolvimento. Estes juízos não são mera especulação, são realidades presentes no passado das nossas governações, a nível nacional ou local e, infelizmente, a alastrar por todo o mundo.

 

Não faltam, porém, numerosas excepções a esta reprovável conclusão mas, como excepções, não são a totalidade.

Como a plano local e nacional, há bastantes casos de recondução isto há-de ajudar a uma avaliação objectiva e corajosa da acção anterior para melhor orientação no futuro. Infelizmente esta coragem nem sempre existe. Muitas lamentações do século XIX referiam-se aos mesmos problemas e abusos de hoje! Sei que me estais a dizer que é a fraqueza do género humano e é certo, mas ela não devia irromper como acontece hoje. Com o abandono e, por vezes, com algum “achincalhamento” da necessidade dos grandes valores éticos e morais, que queremos serão a progressiva descredibilização da vida política! Não é isso que significa o alastramento da corrupção com tantas faces e cores?

É incompreensível que se resista tanto a um ordenamento legal, no sentido ético, da vida do país, de modo que esse monstro da corrupção não se sinta tanto à vontade! Fica-nos a esperança de melhores dias, havendo responsáveis fortes diante das tentações e corajosos diante das clientelas?

Transigir com o mal e o erro é caminhada para a desordem e a insegurança. Governar com sabedoria é difícil, muito difícil, mas não é impossível, desde que na humildade e na solicitação da colaboração de todos se queira servir, antes de mais nada, o bem de todo o país com sugestões e crítica sã.

Em tempo de tantos e graves problemas esta colaboração de todos e de cada um é urgente. Como vemos não interessa só votar, é necessário acompanhar os eleitos depois das votações.

Que todos aqueles que receberam poder entendam a sua função como serviço a todos os portugueses na defesa dos valores do seu verdadeiro património nacional e na consecução do seu necessário desenvolvimento.

Porque o mal existe e há pessoas insensíveis ao bem dos outros e do país, são necessários orientadores da vida nacional que não se deixem encantar e seduzir por melodias aliciantes e de má qualidade?

Que ninguém recuse a sua colaboração específica a quem tem de orientar a vida nacional no seu todo ou, localmente, nas autarquias.

A Igreja, praticamente desde o início da sua história, sempre pediu a Deus, fonte de todos os bens e de todas as luzes, que assista, ilumine e fortaleça aqueles que dispõem de autoridade.

Termino manifestando a minha confiança na bondade, lucidez, e rectidão que reside no coração de tantos homens e mulheres honestos do nosso País.

Pe. Jorge Seixas