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Celebrar o Natal em Advento

 

A qualidade de uma festa já se adivinha na/pela sua preparação. Veja-se o que se passa à nossa volta, com outros interesses, mesmo que com limitado horizonte. O “Natal” já aí está nas ruas, ou, ao menos, parece pelo que vemos e ouvimos. Assim se vem repetindo desde há alguns anos e sem pré-aviso, sem preparação, mas com impacto. As montras, os “media” prometem-nos o paraíso efémero do pai natal que até já antecipa a sua vinda para registar as encomendas. Este ano, ainda os sinos dobravam a defuntos e já se trabalhava com afã na grande campanha. É assim e não depende muito de nós fazer que seja de outro modo. São outras as leis que regem o calendário comercial, estudadas e executadas com todo o rigor e que nos afectam inexoravelmente. Apesar disso, os cristãos não se apartam, nem se encerram em si mesmos, mas celebram o advento do Senhor, cooperando, com o espírito activo e vigilante na espera da Sua vinda gloriosa. Neste sentido, dão um contributo único e necessário ao seu tempo e aos lugares onde vivem, transformando a fatigante cultura de morte em cultura de vida, a tradição vazia em acontecimento de graça, o consumismo triste em alimento vivo e retemperador. Para um Natal que seja alegre para todos, pobres e ricos: Alegrai-vos! – eis o que nos transmite a Liturgia. Advento e Natal tornam-se assim mistério vivo e espera da humanidade do Senhor que veio, vem e há-de vir e que se celebra de modo único, em cada eucaristia que, neste tempo, tem um carácter e um ritmo próprio, convidando e atraindo à participação.

Também, para nós, soou a hora de celebrar o Natal “em Advento”, convocando todos a associar-se de algum modo e à sua medida, progressivamente, mais ampla e abrangente, de modo que Cristo não seja apenas a nossa esperança, mas a esperança de toda a humanidade. Este é o verdadeiro Advento e Natal capaz de encher o coração humano.
Desde há alguns anos que, adoptando uma tradição nórdica, assinalamos este tempo com uma coroa de verdes que sustentam velas ou círios que se vão progressivamente acendendo. Parece muito sugestivo, adequado e oportuno. Não será muito difícil de realizar. Na estrutura de uma roda, coberta por uma rede, colocam-se ramos verdes e prendem-se 4 círios, correspondendo aos 4 domingos / semanas da preparação (advento). Feita a inauguração no primeiro domingo, acende-se uma vela e nos outros, sucessivamente, 2, 3, 4 e o Natal chegou. Há quem não retire a coroa, mas misture flores a partir do Natal e no tempo natalício, acendendo sempre as 4 velas. Não se trata de um mero adorno, mas de um sinal visível que crie impacto. Além disso, a criatividade inspirada pela fé saberá encontrar outros sinais fortes.
Independentemente das coroas que enfeitam as entradas das casas (que recentemente nos habituamos a ver), às famílias sugerimos que façam um momento de oração junto da Coroa, preparada para o efeito numa Sala ou noutro lugar que se julgar conveniente. Poderá ficar a cargo do mais novo da família – eventualmente ajudado pela mãe – o acender progressivo das velas. A oração, dirigida pelo chefe de família, tanto pode ser a recitação do Terço ou de alguns dos seus mistérios – mistérios Gozosos - como uma breve celebração da Palavra de Deus escolhendo, de preferência, algum texto de entre as leituras propostas para a Missa durante o Advento; algum Salmo ou Cântico bíblico (por exemplo: Benedictus), um ou dois cânticos típicos de Advento, uma oração de louvor e de súplica...

A reunião da família para a oração será a melhor forma de preparar o Natal.
Finalmente, a celebração penitencial (porventura preparada na oração familiar) será um momento forte neste programa. Bom Advento.

Pe. Jorge Seixas