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Hospitalidade, Respeito

e Alegria

Entrámos no mês de Maio, com a natureza em festa, campos floridos de variadas cores, que despertam em nós a alegria de viver. Bem precisa o povo deste sentimento de alegria para aliviar a depressão do desemprego e da crise.

 

 

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Para os cristãos haverá outros motivos que fortalecem a esperança, sobretudo o facto de estarmos em tempo pascal, sentirmos a protecção de Nossa Senhora, a quem o mês de Maio é dedicado, e, neste ano, recebermos a visita do Papa Bento XVI, o sucessor do Apóstolo S. Pedro na cátedra de Roma, com igual missão de ser elo de comunhão entre todos os Apóstolos e seus sucessores. Quem não partilha da fé cristã terá dificuldade em sentir-se animado com esta visita, sobretudo numa altura em que o mundo anda à procura de tudo o que é negativo na pessoa humana, porque não tolera o que é diferente e muito menos quando os critérios de vida e de acção conferem a quem os vive uma exemplaridade para outras pessoas, como é o caso do Papa.

A maioria da população portuguesa nutre um carinho especial pelo Papa, não pelo facto de Bento XVI ou antes João Paulo II, mas por aquilo que significa. Mesmo em tempos conturbados da História da Igreja, os católicos portugueses sempre viram na figura do Papa alguém significativo para a vivência da sua fé. Não será agora que nos vamos deixar perturbar pelas vozes contestatárias de alguns, de fora e de dentro da Igreja.

Então que motivos e razões podemos alegar, que nos motivem a preparar-nos para esta visita e exigir de quem não partilha as nossas convicções que seja tolerante para connosco e respeituoso das nossas? Em primeiro lugar, se as minorias merecem o nosso respeito, também estas o devem mostrar em relação às maiorias. A alegria e o bem dos outros não prejudica ninguém, antes pelo contrário, pode contribuir para o bem estar de todos. Em segundo lugar, nunca devemos ridicularizar as convicções profundas do nosso próximo, sobretudo quando são de origem espiritual e religiosa. Isso cria fracturas na coesão social e enfraquece a convivência democrática. Mesmo aos governantes, na promoção da paz e do bem comum, fica bem facilitar as expressões religiosas dos cidadãos e, partilhando a alegria destes, fomentar um ambiente de hospitalidade e de respeito para com uma figura representativa para as convicções da maioria dos cidadãos. Assim vai acontecer. Em terceiro lugar, os Papas, sobretudo os últimos, têm contribuído com doutrina, sobretudo na área social, e também com exemplos de solidariedade efectiva, para que as relações entre os povos sejam mais humanas e solidárias. Para ficarmos apenas nesta dimensão, lembremos as encíclicas sociais e o papel dos Papas no desmoronar de muitos muros que dividem povos, blocos e culturas.

Para os católicos as motivações da sua alegria por esta visita do Papa são ainda mais profundas. À luz de Cristo e do Evangelho conhecemos o significado do colégio apostólico, o papel de Pedro como elo visível e artífice da comunhão e do vigor da fé na Igreja. Por isso sentimo-nos honrados e estimulados com esta visita. Apesar da frequência com que vemos a sua pessoa e ouvimos as suas palavras através dos meios de comunicação social, a sua presença pessoal entre nós, as mensagens que nos vai transmitir a propósito de algumas áreas específicas da nossa situação eclesial e social, o ambiente criado pelas multidões dos crentes que vão participar nos diferentes encontros, contribuirão para fortalecer a nossa esperança em tempos de crise, aumentar a nossa auto-estima e despertar energias positivas para a construção de um país mais solidário e lutador pelo progresso e bem comum.

Todos sabemos como a fé, a alegria e o entusiasmo dão um forte contributo ao nosso íntimo. Por isso todos sairemos a ganhar com esta visita.

Imploremos de Nossa Senhora a paz para o mundo, trabalho digno para todos e a protecção para o Santo Padre, para que continue a ser o mensageiro de Cristo e dos valores evangélicos para a humanidade. Preparemo-nos, pois, para, uma vez mais, sermos um povo hospitaleiro, respeituoso e que se alegra com a visita do sucessor de Pedro. E, mesmo não sendo católicos, alegremo-nos com os que se alegram.

Pe. Jorge Seixas