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PEDE-SE A CORAGEM

DO CONSENSO

A situação a que Portugal chegou é a crise há tanto tempo anunciada. Sem branqueamentos, a História permitirá apurar causas e responsabilidades. Mas agora, depois de tanta leviandade, há que mostrar a maturidade do país.

Aos partidos, ao Governo e ao Presidente da República pede-se a coragem do consenso. Discordar é fácil; esticar a corda do diálogo também. Mas ultrapassar divergências, esquecer rivalidades e pôr de lado inúteis vaidades só está ao alcance de políticos com sentido de Estado; os únicos em que importa confiar.

Os partidos e os dirigentes que se limitem a explorar o descontentamento e a frustração populares só contribuem para agravar a crise e nunca para a resolver.

De igual modo, a sociedade civil, os empresários, os sindicatos, os agentes sociais e culturais devem saber ultrapassar as fronteiras – sempre estreitas – dos seus interesses específicos.

Os sacrifícios são inevitáveis; mas serão inúteis sem uma estratégia nacional, consistente e participada; e se continuarem as perdas de tempo e as figuras tristes na praça pública.

Portugal precisa de acabar com o espectáculo ridículo e deprimente do ser visto, na Europa, como um devedor tão irresponsável quanto arrogante.

Se os portugueses não começarem por respeitar o seu próprio País, não serão, decerto, os outros a fazê-lo.