HOMILIA DO 4º DOMINGO DO ADVENTO (ANO C)
A celebração do Natal está cada vez mais perto. Na primeira leitura, o profeta Miqueias diz: “De ti, Belém-Efratá, pequena cidade entre as cidades de Judá, de ti sairá aquele que há-de reinar sobre Isarel”. Os grandes acontecimentos da salvação surgem sempre na humildade e na simplicidade: Belém não era cidade de referência, mas pequena e pouco importante. Na segunda leitura, a Carta aos Hebreus apresenta claramente a missão de Cristo: “Eis-me aqui: Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade”. Aquele que nos ensinou a oração do Pai-Nosso dá o exemplo de um dos pedidos mais difíceis de viver: Faça-se a vontade de Deus. O texto do evangelho narra-nos a primeira bem-aventurança que aparece nos relatos evangélicos: “Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor”.
“Maria pôs a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá” para ir visitar a sua prima Isabel. Vai a casa da sua prima, fica lá cerca de três meses até nascer João, para ajudá-la e estar ao seu lado. Visitando a sua prima Isabel, Maria manifesta a sua disponibilidade para ser ajuda e companhia, para levar no seu ventre e tornar presente Jesus com o seu amor e serviço aos outros. Como Jesus, Maria, com a sua vida, também diz: “Eis-me aqui; Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”. A visita de Maria à sua prima Isabel é um gesto de caridade e de misericórdia, feito com ternura, prontidão e serviço.
O encontro destas duas mulheres é de um grande simbolismo: Maria leva no seu seio o Messias, o Deus da ternura e da misericórdia, e Isabel vai ser mãe do Precursor, João Batista. As duas estão cheias de alegria, as duas aceitaram o plano de Deus para as suas vidas e entoam a Deus um hino de louvor. O encontro entres estas duas mulheres é também o encontro entre o Messias e o seu precursor, ou seja, entre Deus e a humanidade. Por isso, Isabel, cheia do Espírito Santo, exclamou: “Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o meu menino exultou de alegria no meu seio”.
Fazer uma visita a alguém não é algo banal. Visitar alguém é uma forma de amar alguém e de nos encontrarmos pessoalmente com alguém. E isto é muito claro na visita de Maria à sua prima Isabel, porque não vai simplesmente para cumprir um dever, mas porque quer partilhar a alegria do filho que espera e acolher também a alegria de Isabel. E se o primeiro filho é sempre esperado de uma maneira especial, a espera de Isabel, porque é uma mulher de avançada idade, é vivida de uma forma extraordinária. Hoje, esta visita de Maria convida-nos a visitar as pessoas que nos rodeiam, em casa, no trabalho, na escola, na universidade, na paróquia, na rua, entre os amigos e vizinhos. Não basta fazer uma mera visita de cortesia, mas recheá-la com gestos de perdão, ternura, bondade, compreensão, serviço, atenção e ajuda.
Hoje, imitar a visita de Maria à sua prima Isabel é praticar as obras de misericórdia: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os doentes e os presos injustamente e enterrar os mortos, dar bom conselho, corrigir os que erram, consolar os tristes, sofrer com paciência os defeitos dos outros. Tenhamos a coragem de abrir os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs que gritam por ajuda. Estendamos as nossas mãos para eles, toquemos nas suas mãos para que sintam o calor da nossa presença, da nossa amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e juntos possamos quebrar a barreira da indiferença que reina por todos os lados para esconder a hipocrisia e o egoísmo. Que Maria nunca se canse de derramar o seu olhar misericordioso sobre nós, que nos visite em todos os momentos da nossa vida e que nos mostre o fruto bendito do seu ventre, Jesus Cristo, o Autor da Vida, o Príncipe da Paz. |
D. Ilídio Leandro
Mensagem de Natal
Tantos sinais novos: nas montras, nas casas, nas ruas e nas praças! Sinais que anunciam o Natal. Esta quadra festiva marca todas as realidades, todas as pessoas, seja quem for e pense como pensar. O Natal não deixa, mesmo, ninguém indiferente. Ainda que os seus efeitos sejam mais de calendário do que de vida pessoal, familiar, social, cultural e tudo o mais, nada é indiferente, neste tempo.
Sabemos todos, por experiência, que passada a Quadra e desfeitos os enfeites, tudo parece voltar à mesma e fica tudo igual… E é uma pena porque o Natal é, mesmo, um sonho real de ontem que seria muito bom se fosse tornado realidade do hoje e de todos os amanhãs!
É verdade! O Natal quer, mesmo, ser um suplemento de alma e de vida para todos. Diz-nos que a paz e o amor são possíveis. Diz-nos que os piores efeitos “estufa” podem evitar-se e que a natureza pode ser espaço de todos e para todos, oferecendo vida com qualidade e com paz para todos. Diz-nos, mesmo, que o Papa Francisco tem razão e que, guiados por ele, damos vida nova a este mundo que Deus muito ama.
Como era bom acreditar no Natal! Ao menos neste tempo, tudo diz alegria, solidariedade, amor e paz.
Façamos tudo para que os dons do Presépio e do Natal de Jesus sejam aceites, vividos, partilhados e todos gozem e transmitam a paz universal.
Com amizade – Bispo Ilídio |
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Jornal -
Geral
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Autarquia promove visita à Capela do Rebelo
No próximo dia 28 de setembro, a Câmara Municipal de Mangualde associa-se às Jornadas Europeias do Património 2012 e promove um conjunto de visitas explicadas à emblemática Capela do Rebelo.
As visitas irão decorrer, da parte da manhã, entre as 10h00 e as 12h45 e, da parte da tarde, entre as 14h00 e as 16h00.
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HOMILIA DO 3º DOMINGO DO ADVENTO (ANO C)
Sensivelmente a meio do Advento, como acontece também na Quaresma, temos um domingo da alegria. Neste domingo, é bela a mensagem dos textos bíblicos para gravar nos nossos corações: Deus quer a nossa alegria, nós fomos criados para a vida na alegria. Mas esta alegria supõe da nossa parte palavras e ações concretas, sobretudo na caridade e na justiça. Na primeira leitura, o profeta Sofonias diz: “solta brados de alegria…Exulta, rejubila de todo o coração, filha de Jerusalém...Não temas, Sião, não desfaleçam as tuas mãos. O Senhor teu Deus está no meio de ti, como poderoso salvador”. Na segunda leitura, S. Paulo, na sua Carta aos Filipenses, exorta: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. Não vos inquieteis com coisa alguma; o Senhor está próximo”.
O Senhor convida-nos à alegria. Mas, será que temos motivos para andar alegres? À primeira vista, parece que não! Tantos problemas existem na nossa sociedade: ganância pelo dinheiro, violência física e psicológica, egoísmo, pessimismo, guerras, corrupção, injustiças. Há leis aprovadas pelos nossos governantes que vão contra a lei de Deus e contra a dignidade da pessoa humana. Existe a ditadura do relativismo, do tudo é permitido (goza a vida!). Perante isto, como é que Deus tem a ousadia de nos convidar à alegria?
É necessário saber distinguir três conceitos que, muitas vezes, se confundem: o prazer, a alegria e a felicidade. O prazer é a experiência concreta que experimentam os nossos sentidos; também podemos ter prazer na nossa vida espiritual interior. A alegria, ou seja, a verdadeira alegria, é a satisfação por ter conseguido algo mediante o próprio esforço; também é a expressão de agradecimento por algo recebido gratuitamente. A felicidade não é tanto um objetivo, mas um resultado, devido a ter alcançado os projetos programados na vida. À luz destas definições, poderemos entender melhor o texto do evangelho deste domingo.
As pessoas que iam ter com João Batista andavam à procura da verdadeira alegria. Por isso, perguntavam-lhe: “Que devemos fazer?”, ou seja, que fazer para que, ao chegar ao fim do dia possa dizer: “estou satisfeito, estou alegre, porque fiz o que devia fazer?”. João Batista responde a esta pergunta com o convite à conversão. E a conversão é para todos mas segundo a situação própria de cada um. Às multidões, João pede solidariedade (“quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo”); aos publicanos pede que não sejam exploradores e corruptos (“não exijais nada além do que vos foi prescrito”); aos soldados pede que não sejam violentos nem promovam injustiças (“não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso salário”). A solidariedade, o respeito, a paz, a justiça, a união geram a verdadeira alegria.
Na segunda leitura, S. Paulo afirma: “Alegrai-vos porque o Senhor está próximo”. O Senhor está próximo, porque, ao assumir a natureza humana, Ele está presente na vida de cada homem e de cada mulher. A nossa alegria depende da forma como vivemos esta proximidade com Deus, que já está no meio de nós. Então, “que devemos fazer?”. Já sabemos como João Batista responde a esta pergunta. Ele diz-nos que não é necessário fazer nada de extraordinário na vida, mas é fundamental reformar o modo como vivemos a vida. Seremos alegres, viveremos e espalharemos à nossa volta a verdadeira alegria, através da caridade com o nosso próximo. Não esqueçamos estas frases de S. João: “todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus” e por isso “se nos amamos uns aos outros, Deus está connosco, e o seu amor realiza-se plenamente entre nós”. Só desta forma, apesar das dificuldades da vida, seremos sempre alegres. A verdadeira alegria é estar próximo de Deus, vivendo na sua graça e estendendo as mãos ao nosso próximo, àqueles de quem nos aproximamos com amor.
Cónego Jorge Seixas |
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