Festa dos Beatos
Francisco e Jacinta
Dia 20 de fevereiro realiza-se a Festa dos Beatos Francisco e Jacinta – Pastorinhos de Fátima.
Na paróquia de Mangualde a missa às 18h00 terá a participação das crianças da catequese.
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HOMILIA DO 1º DOMINGO DA QUARESMA (ANO C)
Na passada quarta-feira, iniciámos o tempo da Quaresma com o rito da imposição das cinzas. Este é um tempo favorável para fazer uma revisão da nossa vida: como estou a dar testemunho de cristão nas minhas palavras, nas minhas ações, em casa, no trabalho, com os amigos e nas minhas responsabilidades profissionais e sociais? Estas semanas da Quaresma são também uma oportunidade para conhecer melhor o mistério de Cristo, para aprender a Verdade de Cristo, para reencaminhar a vida segundo o Evangelho e viver com alegria a dignidade de filhos de Deus.
Todos os anos, a Quaresma conduz-nos à Páscoa, ou seja, à paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo e ao seu regresso ao Pai. Regressa ao Pai levando no seu corpo os sinais da Paixão. Vivamos com intensidade este tempo quaresmal para celebrarmos alegremente a Páscoa deste ano. Que a Páscoa de Cristo seja também a nossa Páscoa. Para que tal aconteça, é necessário viver a nossa vida segundo a vontade de Jesus, o Filho de Deus, que se entregou por nós na cruz, na alegria e no entusiasmo da sua Ressurreição.
Pelas leituras bíblicas, a Quaresma deste ano está marcada pela misericórdia. Bem sabemos que Deus é misericórdia; foi assim que Se foi revelando no decorrer da história da humanidade. Mas para sentir este Deus misericordioso, é necessário assumir que somos pecadores, pedir-lhe perdão e procurar mudar a nossa vida. Deus concede a sua misericórdia generosamente a todo aquele que está arrependido. Depende de nós abrir o nosso coração à misericórdia de Deus, ou seja, com um coração contrito, humilde, disposto para começar de novo e voltar ao caminho reto, deixando a vida e os caminhos do pecado.
Neste primeiro domingo da Quaresma, somos convidados a fazer deserto, a rever e a centrar a nossa vida naquilo que é essencial e mais importante, ou seja, na fé que devemos professar com a boca e com a vida. Na primeira leitura, Moisés pedia ao povo de Israel para fazer a profissão de fé ao oferecer as primícias diante do altar do Senhor. E hoje somos convidados a fazer o mesmo. A profissão de fé não é uma lista de “verdades para acreditar” ou de “preceitos para cumprir”. Para o povo de Israel era o recordar das maravilhas que Deus fez quando o libertou da escravidão do Egito. Para nós, é voltar a experimentar nesta Páscoa a liberdade trazida pela morte e ressurreição de Cristo, que nos libertou da escravidão do pecado e da morte e nos faz participantes de uma nova vida: uma vida de santidade e de graça, uma vida de liberdade e de plenitude. Não podemos ter saudades das “cebolas do Egito”, mas voltar a agradecer a liberdade dos filhos de Deus que nos foi dada no dia do nosso Batismo.
A narração das tentações de Jesus é para nós um aviso. Durante o deserto da nossa vida, a nossa fé será tentada pelas forças do mal, pelo demónio. Seremos tentados nos três pontos mais fracos que todos carregamos como herança do pecado original: ter, poder e desejo de triunfo. O que fazer? Cristo ensina-nos a vencer as tentações, através dos seguintes meios: a oração, a Palavra de Deus, o jejum, a vigilância, o desprendimento e a humildade. Como é importante rezar sempre com a Bíblia entre as mãos! O jejum é a forma de nos afastarmos de tudo aquilo que não agrada a Deus: ambição, ganância, vícios, egoísmo, inveja. A vigilância ajuda-nos a estar atentos e a dar conta por onde o mal nos quer atacar. O desprendimento das coisas faz-nos bem para nos enchermos de Deus, porque quanto mais vazio está o coração de uma pessoa, mais precisa de coisas para comprar, possuir e consumir. A humildade será sempre a arma eficaz contra o nosso orgulho e egoísmo.
Todos somos tentados! Jesus foi tentado mas não pecou. As tentações não são pecado! Todos temos a tentação do egoísmo, da riqueza, do poder, da fama, do prazer, da indiferença, do desespero, da falta de confiança em Deus! Tantas vezes falhamos na solidariedade, na justiça, no serviço aos outros! Em todas as tentações há o perigo de nelas cairmos, mas também são boas ocasiões de amadurecimento, de redescobrir o verdadeiro sentido da vida, são oportunidades para crescermos na fé e na entrega das nossas vidas a Deus.
Cónego Jorge Seixas |
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HOMILIA DO 5º DOMINGO COMUM (ANO C)
Depois da desagradável experiência em Nazaré, onde Jesus fui expulso da sua terra e até o quiseram matar, Ele regressou a Cafarnaum onde ensinava aos sábados na sinagoga e curou a sogra de Pedro e muitas outras pessoas. Depois, dirigiu-se à Judeia, percorrendo outras cidades para anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Jesus sabe que é o mensageiro enviado para anunciar que tinha chegado o tempo da misericórdia de Deus. Os seus milagres e as curas dos doentes são sinais que permitem ver que Deus visitou o seu povo e que está perto a aurora da salvação. É neste contexto que acontece a pesca milagrosa, narrada no texto do evangelho deste domingo. Com este milagre, Jesus dá a conhecer a vocação dos apóstolos: “Daqui em diante sereis pescadores de homens”.
Na margem do lago, Jesus viu dois barcos estacionados. Jesus subiu para o barco que era de Simão e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-se e do barco pôs-se a ensinar a multidão. De todos os lados vinham pessoas para ouvir Jesus, porque falava com autoridade, fazendo milagres e anunciando o reino de Deus. Mas o reino de Deus só produz efeito quando é acolhido por corações bem dispostos. E para que os corações daqueles pescadores ficassem bem dispostos, Jesus fez um milagre: pediu a Simão e aos seus companheiros: “Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca”. Para aqueles pescadores, este pedido era absurdo, feito por alguém que nada percebia de pesca. Perante o pedido de Jesus, surge uma sequência interessante de reações: em primeiro lugar, há a opinião de Simão (“Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada”); a seguir, Simão cede e obedece (“Mas, já que o dizes, lançarei as redes”); depois, é a surpresa geral pela grande quantidade de peixes que apanharam, começando as redes a romper-se; de seguida, a reação de Pedro (“Senhor, afasta-te de mim, que sou um homem pecador”); finalmente, o chamamento que dissipa todos os medos (“Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens”) e a aceitação dos pescadores em seguir Jesus (“Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus”).
Hoje, continua a ser este processo que Jesus utiliza para nos chamar a ser pescadores de homens. Também ficamos incomodados com o seu chamamento. Não sabemos bem o que devemos fazer para evangelizar os nossos vizinhos, os nossos companheiros de trabalho, os amigos, os filhos e os netos! Já tentámos algumas vezes mas nem sempre deu resultado! Para nossa surpresa, Jesus diz-nos para continuar a lançar as redes, ou seja, para não perdermos o entusiasmo missionário e a alegria evangelizadora. Apesar das nossas fraquezas, Ele continua a chamar cada um de nós e a convidar a segui-lo.
Deus chama, porque precisa de nós. Como chama? Através de alguém, respeitando a nossa liberdade, mas com muito amor e confiança; às vezes, com insistência, outras, suavemente. Quem chama? Homens e mulheres normais, com virtudes e defeitos, mas entusiasmados. Chama para quê? Para criar com cada pessoa uma intimidade com Ele, conhecer os segredos do seu coração, e depois ir e pregar a sua mensagem de salvação. Onde chama? Na família, na escola, num hospital, nas circunstâncias da vida. O que nos oferece? Aqui na terra, a sua amizade, a sua companhia, a sua graça; e depois, a vida eterna. Perante isto, qual deverá ser a nossa resposta? A mesma dos profetas, dos apóstolos e de tantos homens e mulheres no decorrer da história: “Eis-me aqui: podeis enviar-me”. Uma resposta de prontidão e de amor.
Cónego Jorge Seixas |
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