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O Presépio na História

 

Esta palavra é de origem hebraica e significa a manjedoura dos animais; é também frequentemente utilizada para significar o próprio estábulo. O evangelista São Lucas diz que quando Jesus nasceu, a Virgem Maria O envolveu em panos e recostou numa manjedoura. Esta foi, portanto, o seu berço.

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 Presépios  da Coleção do Rev. Cónego Jorge Seixas

Calcula-se que a mais antiga representação do presépio seja do ano 380. Foi descoberta em Roma, nas catacumbas de S. Sebastião, a decorar uma parede de sala mortuária de uma família cristã. O Menino está deitado numa espécie de mesa, junto da qual se vêem o boi e o burro.

As representações do presépio sofreram um grande impulso a partir de 1223, ano em que S. Francisco de Assis resolveu fazer um presépio vivo em Greccio, com aprovação do Papa Honório III, na noite de 24 para 25 de Dezembro.

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É muito interessante analisar, ainda que em traços gerais, a transformação que foi sofrendo, ao longo dos tempos, a representação do nascimento de Jesus Cristo. Verificamos que as alterações acompanham a evolução do pensamento teológico acerca desse mistério admirável da nossa fé. Que uma pessoa da Trindade, o Verbo, tenha adquirido uma segunda natureza, tornando-Se homem, é qualquer coisa de assombroso, qualquer coisa que supera tudo quanto se poderia esperar do amor de Deus por estes seres tão frágeis, que somos nós, humanos.

Na arte bizantina, o nascimento situa-se numa gruta. Na arte ocidental, o Menino nasce num estábulo. A partir dos séculos XV e XVI, aparece também entre as ruínas de um edifício. Na Alta Idade Média, representa-Se deitado na manjedoura. Nos finais da Idade Média, sobretudo a partir do século XV, é deposto no chão, ora em cima de palhas, ora sobre um pano, ora dentro de um cestinho de vime, ora sobre a orla do manto da Senhora. Antes do século XV, os artistas envolveram-No em panos, seguindo a narrativa de Lucas (cap. 2,7). Depois começa a aparecer inteiramente despido, certamente também por causa da tendência realista do Renascimento, que aprendeu a pintar e a esculpir a anatomia do corpo.

A princípio, o Menino permanece imóvel. Mais tarde, faz o gesto de abençoar. Na época do Renascimento, chupa no dedo, nova manifestação do realismo. É também por esta altura que o corpo do Menino começa a irradiar luz, iluminando o espaço da gruta.

Antes do século XV, o boi e o burro, elementos inspirados pelos evangelhos apócrifos, aquecem-No com o seu bafo. Depois, começaram a afastar-se. Na mesma época, aparece S. José adorando também o Menino. Normalmente, segura na mão uma candeia, protegendo a chama com a mão para não se apagar. É uma nova maneira de iluminar a cena, o que, nos séculos XIII e XIV, se conseguia com a luz de uma candeia suspensa do tecto. Essa lâmpada pode, entretanto, significar que Jesus Cristo é a luz que brilha no meio das trevas.

Anteriormente ao século XV, S. José mantém-se afastado, a um canto, ora dando a ideia de que adormeceu, talvez cansado de procurar, em vão, pousada para Nossa Senhora, ora apoiado num cajado, com ar de quem está aborrecido ou de quem medita sobre o que acontece. Pode também significar tal postura que ele é alheio ao mistério da encarnação e do nascimento, quer dizer, que não é o pai biológico de Jesus Cristo.

As mudanças são mais significativas na representação de Nossa Senhora. Havia duas concepções diferentes do parto. Uma defendia que Nossa Senhora tinha dado à luz com dor. A outra defendia o contrário. Esta última acabou por se impor, tanto na arte bizantina como na ocidental. Durante toda a Idade Média, Nossa Senhora aparece deitada, significando a necessidade de repousar depois do esforço do parto. Em alguns casos, dá mesmo de mamar ao filho. Tal imagem, contudo, parecia contradizer o mistério do nascimento virginal. Por isso, a partir, mais uma vez, do século XV, época central das mudanças iconográficas, Nossa Senhora começa a aparecer ajoelhada, de mãos postas, em sinal de adoração.

O Presépio é um resumo de tanta doutrina, de tanta história e de tanta sensibilidade humana ao Divino. Dele tiramos imensas lições: de dedicação, de honestidade, de trabalho, de intimidade divina, de entrega, de generosidade, etc. Porém, a maior mensagem que nos transmite é a seguinte: Deus está no meio da humanidade e permanece para sempre.

Cónego Jorge Seixas