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SAGRADA FAMÍLIA

Quando perguntamos a alguém, sobretudo aos jovens, o que é mais importante na sua vida, a resposta é quase sempre a mesma: a família. Por mais que se fale de crise na instituição familiar, continua bem presente o desejo e a necessidade do calor e do apoio da família. Hoje, colocamos o olhar numa família singular (Jesus, Maria e José), percorrendo os caminhos da Palestina por razões administrativas, vivendo situações precárias e inseguras. Uma família como tantas outras! Nela descobrimos a verdade da encarnação, a verdade humana de Jesus: quando vem viver entre nós, Deus escolhe uma família semelhante às outras. É um sinal de confiança e, ao mesmo tempo, um pedido para que continue a abençoar todas as nossas famílias, já que ele abençoou a família humana, fazendo nascer nela o seu Filho, ou seja, fez da família a morada para o seu Filho.

 

 

Ben-Sirá, um judeu intelectual, apresenta a sua visão de família, marcada pela cultura do seu tempo. Era uma imagem comum em todo o Oriente. Israel integrou no Decálogo esta visão de família: os deveres dos filhos para com os seus pais não são somente de ordem moral, mas também um elemento religioso que assegura a continuidade da tradição, tão importante na fé judaica. Para um judeu, a garantia de uma vida digna é medida pelo respeito que tem aos seus pais quando já são idosos e pelo seguimento humilde dos seus conselhos.

Para S. Paulo, a visão de família está influenciada pela doutrina de Jesus sobre a “nova família”, ou seja sobre o grupo dos seus discípulos convertidos em “irmãos, irmãs, mães”, porque professam a mesma fé. Assim, a unidade da família não é uma simples solidariedade natural. A partir de uma concepção mais ampla do vínculo do amor, que une todos os crentes, S. Paulo descreve como deve ser a família cristã. A relação do filho com os pais já não é uma dependência com sentido único, como se pensava no mundo antigo, em que os adultos tinham todos os direitos. Agora, a autoridade dos pais consiste em serviço. Jovens e adultos, esposo e esposa, relacionam-se “no Senhor”, estão na mesma corrente de graça misericordiosa, renovando todas as relações humanas.

O evangelho apresenta a vida de S. José, guardião da mãe e do menino, como uma vida orientada sempre pela intervenção de Deus, através de um anjo. Seguindo as suas indicações, em dois sonhos, José proporciona a Jesus uma existência social que o integra na história do seu povo: o menino sai do seu povo, foge para o Egipto e regressa passando pelo deserto. Quando regressa a Israel, o anjo desaparece. José toma uma decisão pessoal, ou seja, decide ir morar para Nazaré. “Assim se cumpriu o que fora anunciado pelos Profetas: Há-de chamar-se Nazareno”. Em Jesus, cumprem-se as Escrituras. Não é necessário fazer um elogio piedoso das virtudes familiares, partindo de uma leitura moralizante dos textos bíblicos. O evangelho salienta o que é muito importante: a única regra moral é a docilidade à Palavra de Deus. Obedecendo às orientações do anjo, José manifesta que a sua vida não lhe pertence e que não é proprietário do “seu” filho nem da sua esposa. Em cada ser humano há um mistério particular que tem de se respeitar, seja qual for a nossa relação com ele.

A festa deste dia não exalta somente a riqueza que representa a família para cada um de nós. Ajuda-nos, também, a não esquecer o que tem sido o centro das nossas celebrações nestes últimos dias, ou seja, o realismo da encarnação do Filho de Deus numa família, sujeita a todas as vicissitudes da vida. Exílio, insegurança, incerteza, receio no futuro. Jesus assumiu em tudo a nossa condição humana, excepto o pecado. Hoje, não estamos perante a “maravilha” da noite de Natal, nem de uma imagem “dourada” da família. O Menino Jesus, inofensivo, foi rejeitado e perseguido. Belém, Egipto e Nazaré são as três estações do Menino Jesus, protegido por Deus e pelo amor dos seus pais. O regresso de Jesus do Egipto recorda os inícios do povo de Israel. Em Jesus, começa algo de novo. Foge da morte projectada pelos poderosos, passa pelo deserto e instala-se na fronteira dos mundos, na Galileia das nações (dos pagãos). Veio para salvar a todos.

Que o exemplo da Sagrada Família nos ajude a viver a mensagem de S. Paulo nas nossas famílias e nas nossas comunidades: “revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente. Reine a paz em vossos corações”.

Que a Sagrada Família abençoe todas as famílias e todos os povos da terra para que, como em Nazaré, se continue a sentir a presença do Deus do amor e da paz.