Calendário

<<  Maio 2024  >>
 Se  Te  Qu  Qu  Se  Sá  Do 
    1  2  3  4  5
  6  7  8  9101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  

Entrada



Mapa

Coordenadas GPS:

40º36'21''N
7º45'57''W

Ver mapa aqui.

Visitas

mod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_counter
mod_vvisit_counterHoje5449
mod_vvisit_counterOntem9997
mod_vvisit_counterEsta semana39846
mod_vvisit_counterEste mês22547
mod_vvisit_counterTotal7069669
Visitors Counter 1.5
PDF Versão para impressão Enviar por E-mail

HOMILIA DO 1º DOMINGO DA QUARESMA

A história do ser humano é uma história de pecado e de graça. Desde o início da humanidade que se vive esta brutal “luta entre Deus e o Diabo (o Mal)”. É por aqui que se inicia a nossa reflexão quaresmal. Por isso, neste domingo, é proclamado o texto da criação da humanidade e do seu pecado. Também é proclamada a narração do primeiro grande momento da vida de Jesus, depois do baptismo, as tentações no deserto. São textos que, logo no princípio da Quaresma, nos apresentam o mistério de Jesus Salvador e da compreensão cristã de toda a vida humana, que é necessário assumir.

O texto do Génesis é muito conhecido: a criação e o pecado dos nossos primeiros pais. É somente proclamada a primeira parte deste texto, mas todos sabemos o final do mesmo: o castigo de Deus ao homem e à mulher, a expulsão do paraíso. Isto coloca algumas interrogações a todos nós, devido ao género literário usado e já tão “estranho” para os dias de hoje, e por causa do próprio tema do pecado original e do sentido do mal e da morte, que o Génesis atribui a um castigo de Deus. Assim, é necessário recordar que a última razão de tudo o que existe é Deus. O homem é livre e livremente decide sobre a sua vida e pode fazer o mal. Quando o homem peca pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo ódio, pela violência, pela sensualidade, rompe a relação com os outros e com a natureza, destrói-se a si mesmo e, assim, revolta-se contra o Deus da Vida e do Bem. Homem e mulher descobrem que estão despidos, sinal da sua debilidade e vulnerabilidade, submetidos ao sofrimento e à morte. O castigo e a expulsão do paraíso expressam, de uma forma figurada e simbólica, a situação concreta da humanidade que, na sua debilidade e na sua malícia vive no trabalho, no sofrimento e no conflito.

Antes de Jesus iniciar a sua vida pública, em ordem a realizar a Sua missão redentora, isola-se no deserto. Depois do baptismo, Jesus vai para o deserto, onde passa 40 dias e 40 noites, memória dos 40 anos do povo de Israel tentado no deserto. Jesus é tentado. Hoje, a expressão “tentar” é entendida de uma forma muito subjectiva: sentir interiormente a inclinação para o mal, para a atracção da sensualidade e do egoísmo; por isso, nos incomoda atribui-la a Jesus. O Novo Testamento entende este verbo (“tentar”) de uma forma mais objectiva: ser posto à prova. Jesus foi posto à prova, sobre a maneira de ser e de viver como Filho de Deus. A tentação começa sempre com a mesma expressão: “Se és Filho de Deus…”. No Calvário, encontramos esta expressão: “Desce da Cruz, se és Filho de Deus”. São três as tentações sobre a plenitude da vida: ter garantidas todas as necessidades materiais (“diz a estas pedras que se convertam em pão”); ser libertado das dificuldades e do sofrimento (“lança-te daqui abaixo: os anjos recebem-te nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra”); ser o primeiro, o vencedor e dominar o mundo (“tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”). A tentação definitiva da cruz resume tudo: se Deus quer o bem do seu Filho e da humanidade não pode permitir que Jesus morra na cruz. Porém, não podemos esquecer que Jesus é a Testemunha fiel do caminho de Deus para a humanidade. Ser Filho de Deus não é ter asseguradas todas as necessidades humanas, estabilidade e felicidade, mas é darmo-nos somente a Deus e aos outros, perdendo tudo. O homem não vive somente de pão, de felicidade ou de êxito; o homem vive de Deus no amor e na entrega. A vitória plena de Jesus foi a sua cruz.

Por isso, S. Paulo afirma que a entrega amorosa de Jesus na cruz supera toda a maldade da humanidade. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”. A graça de Deus faz com que cada pessoa viva no amor e na paz, aberta a Deus e aos irmãos. “Se pelo pecado de um só pereceram muitos, com muito mais razão a graça de Deus, por Jesus Cristo, se concedeu com abundância a muitos homens”.

Neste domingo, somos convidados a vencer a tentação do mais fácil, a tentação do poder e do dinheiro, a tentação da importância e do domínio dos outros. As tentações são sempre as mesmas: o ter, o poder e o prazer. A redenção é só uma: viver Cristo e Cristo crucificado. Que no fim da Quaresma possamos dizer: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.