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HOMILIA DO 2º DOMINGO DA QUARESMA

“Deixa a tua terra e vai para a terra que Eu te indicar”. Assim começa, no Génesis, a apresentação e a vocação de Abraão, pai do Povo de Deus. “Deixa a tua terra…” é muito doloroso, porque é sair da segurança e da estabilidade para procurar uma nova vida, ou seja, a verdadeira humanidade que Deus quer dar. Todos somos convidados a abandonar os critérios que nos perdem e nos desorientam, e a buscar a pátria da verdadeira vida, a convertermo-nos à verdade e à vida. Como isto nos recorda as tentações de Jesus, reflectidas no domingo passado. Ele rejeitou as “seguranças” que todos temos como certas, algumas até atribuídas a Deus, mas que não são a verdadeira vida.

O Filho de Deus fez-se Homem, encarnou com o nome de Jesus, ocultou durante algum tempo a Sua divindade. Um dia, subiu ao monte Tabor e dá-se a conhecer como Filho de Deus. Já tinha acontecido no início da sua vida pública, no dia do seu baptismo. A transfiguração de Jesus é um sinal externo que manifesta a sua plenitude interior, misteriosa. O seu mistério, a raiz da grandeza de Jesus, é a comunhão plena com o Pai do Amor e do Perdão, e a entrega amorosa, humilde, de serviço a toda a humanidade. Esta é a sua glória, que se manifesta momentaneamente através da luz do seu rosto e das suas vestes. Ele entregou-se ao Pai num amor total e generoso, vencendo assim todas as tentações da humanidade. Nele termina o caminho de Abraão, testemunhado por Moisés e Elias. É a presença definitiva de Deus entre os homens, que leva o Filho à vida plena da ressurreição através da humildade e da entrega amorosa na cruz. “Com testemunho da Lei e dos Profetas, quis mostrar que pela sua paixão alcançaria a glória da ressurreição” (Prefácio).

Deus revela-nos: “Este é o meu Filho muito amado, Escutai-O”. Escutar significa abrir os ouvidos à sua mensagem sobre o Amor de Deus e abrir os olhos para ver a cruz e a ressurreição de Jesus como a obra sublime de Deus entre nós e caminho para todos. Não se trata de conhecer simplesmente um episódio da vida de Jesus ou de um acto de obediência, mas “purificado o nosso olhar espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória” (Oração Colecta). A mensagem e o mistério de Jesus pedem um “visão interior”, uma íntima experiência do Amor, da Vida, do Perdão, da Liberdade, que nos conduz a uma vida nova. A transfiguração é a plenitude gloriosa do amor generoso de Jesus. Mas também é um convite a vivermos uma vida transfigurada.

No momento da Transfiguração os discípulos têm as duas reacções típicas que aparecem ao longo de todo o Evangelho nas suas relações com Jesus. Por um lado, a ilusão e o engano: “Como é bom estarmos aqui!”. Eles foram com Jesus, buscando o êxito e felicidade. Porém, Jesus falava-lhes que era necessário ser servo de todos e ser dos últimos. Para a Transfiguração, Jesus escolhe os três discípulos que O enfrentaram sobre este aspecto: Pedro, no primeiro anúncio da morte e da ressurreição; Tiago e João, que lhe pediram para, na glória, se sentarem à sua direita e à sua esquerda; e os três, adormecidos, no Getsemani, na noite da agonia. Por outro lado, a outra recção é o medo: “ao ouvirem estas palavras (Este é o meu Filho…), caíram de rosto por terra e assustaram-se. Têm medo de Jesus, ou seja, assustam-se com a sua mensagem e o seu caminho; é o do amor que não se procura a si mesmo, mas que se dá. É o medo de Pedro que negará o Senhor. Enganados, ou seja, não entendem o que Deus nos oferece, e medo em seguir o caminho de Jesus. São atitudes tantas vezes repetidas ao longo da história e em todos nós.

Mas, a palavra de consolação divina aparece sempre. “Levantai-vos e não temais”. Uma palavra de Alguém que ama na humildade até à morte e ressurreição. É Jesus que nos levanta, nos renova, nos abre a porta para viver dignamente. Diz-nos S. Paulo: “Ele salvou-nos e chamou-nos à santidade… fez brilhar a vida e a imortalidade, por meio do Evangelho”.

Paira uma nuvem de tensão permanente sobre as nossas cabeças (situação económica, social e política). Como Jesus, os cristãos são convidados a transfigurarem-se. Como? Não basta a mudança nas orações e nas coisas da Igreja. É necessária uma transfiguração total, com capacidade de enfrentar a realidade, aceitar as dificuldades, dar a mão a quem precisar, intervir onde quer que estejamos. A nossa transfiguração consiste em deixar, imitando Abraão, o nosso conforto e subir o monte da nossa vida ao encontro de Deus, para ficarmos longe dos vícios, das contendas e das discórdias. Assim, escutaremos a Palavra de Deus e seremos iluminados por Jesus Cristo.