Calendário

<<  Março 2024  >>
 Se  Te  Qu  Qu  Se  Sá  Do 
      1  2  3
  4  5  6  7  8  910
11121314151617
18192021222324
25262728293031

Entrada



Mapa

Coordenadas GPS:

40º36'21''N
7º45'57''W

Ver mapa aqui.

Visitas

mod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_counter
mod_vvisit_counterHoje1320
mod_vvisit_counterOntem4799
mod_vvisit_counterEsta semana17866
mod_vvisit_counterEste mês96202
mod_vvisit_counterTotal6891199
Visitors Counter 1.5
PDF Versão para impressão Enviar por E-mail

Bento XVI apresenta encíclica

“Caritas in veritate” – 1

Queridos irmãos e irmãs: A minha nova encíclica, Caritas in veritate, inspira-se numa passagem da carta de São Paulo aos Efésios, na qual o apóstolo fala sobre agir segundo a verdade na caridade: “Vivendo segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça” (4, 15). A caridade na verdade é, portanto, a principal força propulsora para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e de toda a humanidade. Por isso, toda a doutrina social da Igreja gira em torno do princípio caritas in veritate. Somente com a caridade, iluminada pela razão e pela fé, é possível alcançar objectivos de desenvolvimento com um valor humano e humanizador. A caridade na verdade “é um princípio à volta do qual gira a doutrina social da Igreja, princípio que ganha forma operativa em critérios orientadores da acção moral” (n. 6). A encíclica alude imediatamente, na introdução, a dois critérios fundamentais: a justiça e o bem comum. A justiça é parte integrante desse amor “com acções e de verdade” (1 Jo 3, 18), à qual exorta o apóstolo João (cf. n.6). E “amar alguém é querer o seu bem e trabalhar eficazmente pelo mesmo. Ao lado do bem individual, existe um bem ligado à vida social das pessoas (...).Ama-se tanto mais eficazmente o próximo, quanto mais se trabalha em prol de um bem comum”. Portanto, dois são os critérios operativos: a justiça e o bem comum; graças a este último, a caridade adquire uma dimensão social. A encíclica diz que todo cristão está chamado a esta caridade e acrescenta: “este é o caminho institucional (...) da caridade” (cf. n. 7).

Como outros documentos do Magistério, também esta encíclica retoma, continua e aprofunda a análise e a reflexão da Igreja sobre questões de vital interesse para a humanidade do nosso tempo. De modo especial, enlaça-se com aquilo que Paulo VI escreveu, há mais de 40 anos, na Populorum Progressio, pedra angular do ensinamento social da Igreja, na qual o grande pontífice traça algumas linhas decisivas – e sempre actuais – para o desenvolvimento integral do homem e do mundo moderno. A situação mundial continua com muitos problemas e o “escândalo” de desigualdades clamorosas, que permanecem apesar dos compromissos adoptados no passado.

Por um lado, registam-se sinais de graves desequilíbrios sociais e económicos; por outro, invocam-se de muitas lugares reformas que não podem demorar mais tempo para superar a brecha no desenvolvimento dos povos. O fenómeno da globalização pode, neste sentido, constituir uma oportunidade real, mas por isso é importante que se faça uma profunda renovação moral e cultural e um discernimento responsável sobre as escolhas que precisam ser feitas para o bem comum. Um futuro melhor para todos é possível quando se funda na descoberta dos valores éticos fundamentais. É necessária, portanto, uma nova projecção económica que volte a desenhar o desenvolvimento de forma global, baseando-se no fundamento ético da responsabilidade diante de Deus e diante do ser humano como criatura de Deus.

A encíclica certamente não oferece soluções técnicas para as grandes problemáticas sociais do mundo actual – não é da competência do magistério da Igreja (cf. n. 9). Esta recorda, no entanto, os grandes princípios que se revelam indispensáveis para construir o desenvolvimento humano nos próximos anos. Entre estes, em primeiro lugar, a atenção à vida do homem, considerada como centro de todo verdadeiro progresso; o respeito do direito à liberdade religiosa, sempre unido intimamente ao desenvolvimento do homem; a rejeição de uma visão prometeica do ser humano, que o considera artífice absoluto do seu próprio destino. Uma ilimitada confiança nas potencialidades da tecnologia seria finalmente ilusória. É preciso contar com homens rectos, tanto na política quanto na economia, que estejam sinceramente atentos ao bem comum.

Em particular, vendo as emergências mundiais, é urgente chamar a atenção da opinião pública diante do drama da fome e da segurança alimentar, que afecta uma parte considerável da humanidade. Um drama de tais dimensões interpela a nossa consciência: é necessário enfrentá-lo com decisão, eliminando as causas estruturais que o provocam e promovendo o desenvolvimento agrícola dos países mais pobres. Tenho a certeza de que esta via solidária ao desenvolvimento dos países mais pobres ajudará a elaborar um projecto de solução da crise global actual.

Bento XVI