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A fé não está em saldo

 

Olá Caro(a) Paroquiano(a):

Eu fico espantado quando vejo alguns cristãos à procura de um cristianismo mais barato. Não falta quem ache caro de mais ser coerente, viver de acordo com o Evangelho e a Tradição da Comunidade cristã, seguir as orientações da Mãe-Igreja, manter a assiduidade e a participação, ter referências para além do individual, assumir a pertença. Hoje como sempre, o que é bom é caro. Nunca entra em saldo.

É verdade que sempre houve a tentação de banalizar e trocar o essencial pelo acidental, o absoluto pelo relativo. Sempre foi mais fácil o superficial e o espectacular, que o profundo e o sério. Muita gente navega na zona da confusão e prefere o banal e o convencional ao verdadeiro e autêntico. É o mar dos redemoinhos. Passa pelas modas, o efémero e o show. Satanás também pôs Jesus à prova nessa área: “Se és Filho de Deus… muda estas pedras em pão, atira-te daqui a baixo para vermos os anjos segurar-Te… dá lá nas vistas! Dá espectáculo!” Mas Jesus separou as águas, como fará mais tarde com outro tipo de “inimigos”: “dai a Deus o que é de Deus, e aos homens o que é deles”. E o evangelista comentava: “e muitos se admiraram d’Ele”.

Quando Jesus começou a preparar os discípulos para participar na Eucaristia, teve uma conversa que os deixou perplexos. Alguns comentavam com os companheiros, murmurando em voz baixa: como é isto? Não é Ele um homem como nós? Como diz agora que é o pão descido do Céu? Conhecemos o pai e a mãe d’Ele… como é que agora diz que desceu do céu? Como é que nos pode dar a sua carne a comer? Esta conversa não dá para escutar!... É dura de mais! Jesus percebeu que a sua mensagem não estava a passar e disse-lhes: “isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subir aonde estava antes?...” O que é certo é que “a partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e já não andavam com Ele”. Ficou um resto apenas. Foi uma crise! Então, Jesus disse aos doze: “ e vós, não quereis também ir embora?” Simão respondeu pela Equipa: “Senhor, a quem iremos? Só Tu tens palavras de vida eterna! Nós cremos e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus”. No entanto, este mesmo Pedro, quando Jesus faz a catequese do perdão, acha a proposta exagerada e pede um desconto pensando que mesmo assim é generoso na oferta: “já darei um bom exemplo se perdoar até sete vezes, não?”. Jesus mantém o ‘preço’ e surpreende o capitão da Equipa: “Pedro, a minha medida, não é sete; é setenta vezes sete”. O sim não tem férias. O discípulo de Jesus não é uma simples criatura, é um filho de Deus, que tem no Filho Unigénito o modelo e a medida: 100 por cento = Tudo, até ao fim! Jesus fez o percurso da existência sempre vestido de SIM. Chegou de volta ao Pai, após a missão de resgatar os seus irmãos, sempre e só, ‘sim’, Pai, faça-se a Tua vontade… mesmo que eu tenha de passar pela morte de cruz!

Também nós somos confrontados com reacções deste tipo. Não falta quem ache que as exigências são demais e descabidas. Pensando que são coisas de “agora” pretendem desculpar as suas faltas culpabilizando a Mãe-Igreja, porque ‘dificulta’ ao pedir compromisso e coerência, ao encaminhar os seus filhos para a fidelidade. Nós somos os herdeiros da Igreja dos mártires e dos confessores da fé, homens e mulheres que foram coerentes até ao fim.

Os nossos Bispos, estão-nos, agora, a pedir a todos, clérigos e leigos, para “repensar a acção pastoral da Igreja”.

Classificam este momento como a hora da coragem e da criatividade. É um momento de mudança. Para a Igreja é hora de renovação. O que tem valor perene não se vai vender ao desbarato. A missão da Igreja não está em causa. O itinerário de conversão inicial e permanente não está em discussão. O processo de iniciação progressiva e gradual à vida cristã em comunidade orante, que dá testemunho da sua experiência do mistério de Deus e da solicitude fraterna, é projecto e tarefa de sempre. Também hoje! Resta cumprir por inteiro, porque a fé não está em saldo. Mas que mal há em pedir qualidade de vida aos baptizados, em preservar a sua identidade cristã?

 

Até para a semana.

 

2010-07-23

 

Pe. Jorge Seixas