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À Descoberta do Essencial

 

Olá Caro(a) Paroquiano(a):

Por estes dias fui visitar um doente. Não tinha grande proximidade, directamente, à pessoa, mas somente aos seus filhos. Nem sabia muito bem como poderia ser recebido, pois o doente, tanto quanto se sabe, não é muito religioso nem tão pouco praticante.

Era espantosa a sua serenidade, creio que real e não meramente induzida por medicamentos nem por disfarce, estando aquele homem consciente do seu estado de saúde.

Aquela espécie de serenidade foi como que provocadora. Naquela serenidade se revelava algo mais do que o passar de uma esponja sobre “sacanices” (um eufemismo para talvez dizer pecados ou coisas menos correctas para consigo mesmo e os outros) do passado mais ou menos longínquo. Naquela serenidade poder-se-ia reflectir a confiança em quem o assiste (directa ou indirectamente) nestas horas (possivelmente) derradeiras.

Ficou-me, no entanto, a necessidade de reflectir sobre alguns aspectos a exigir maior ponderação e discernimento, sugerindo-me breves perguntas:

- Que cuidado temos com os doentes?

- Que consolação damos aos doentes?

- Que presença de fé manifestamos para com os (nossos) doentes?

- Quando devemos (se devemos!) falar de Deus aos doentes em fase terminal?

- Como se pode (ou deve) preparar um doente descrente para o encontro com Deus?

- Sabemos enfrentar a nossa doença, cuidando da doença dos outros?

- Que temos feito pelas famílias dos doentes, sobretudo, nossos conhecidos e até familiares?

 

Sem pretendermos teorizar a questão do cuidado prestado ou a prestar aos doentes, poderemos delinear breves sinais para uma preparação dos doentes que estão ao nosso cuidado e para que, quando estivermos em idêntica situação, possamos ser acompanhados condignamente… mesmo no aspecto espiritual.

Só uma pessoa com uma grande maturidade humana, psicológica e espiritual é capaz de aceitar-se na sua debilidade, sem se expor em excesso nem se esconder em exagero.

De facto, há pessoas que só estão bem a lamuriar-se, enquanto outras tentam fazer-se de fortes não deixando escapar as suas mais elementares fraquezas. O digno equilíbrio estará em sabermos ser nós mesmos, tanto nas horas de contentamento como nos momentos de revelação da nossa fraqueza, seja na doença seja na necessidade de apoio dos outros. Nem a dimensão mais profunda e intensa da fé nos pode subtrair às contingências de sermos e de vivermos na contínua exposição de nós mesmos à debilidade, que nos faz (ou deve fazer) mais humildes, mais fraternos e mais solidários.

Quando passamos pelo crivo da dificuldade, tanto psicológica como espiritual e moral, como que nos vamos conhecendo um pouco melhor, pois valorizamos o mais importante, pelo menos para nós, e relativizamos coisas que anteriormente (nos) pareciam imprescindíveis. No trato com as pessoas pode acontecer o mesmo: é nas horas de maior dificuldade que passamos a conhecer melhor quem gosta, efectiva e afectivamente, de nós. Tal como diz o povo: na prisão e na doença se percebe quem são os verdadeiros amigos. Certamente todos podemos fazer este teste. No entanto, podemos dizer: como dói o abandono; como é difícil engolir as traições… sobretudo daqueles que considerávamos amigos!

Na caminhada da vida podemos ir descobrindo que o essencial não são as roupagens da moda nem as linguagens (mais ou menos) lisonjeiras, mas antes a correcção de vida com os valores, dizemo-lo no contexto cristão, e a coerência do interior ao exterior, isto é, da nossa espiritualidade profunda até à profundidade da nossa relação com o Espírito de Deus que vive em nós.

Na medida em que se for degradando, como dizia S. Paulo, o nosso homem interior se irá revelando o nosso homem espiritual, até à configuração com Cristo, o homem perfeito e glorioso em nós e através de nós.

Porque acreditamos na força da descoberta do essencial ousemos deixar que o Espírito Santo nos descasque e faça verdadeiramente autênticos n’Ele e uns para com os outros.

 

Até para a semana.

 

2010-08-06

 

Pe. Jorge Seixas