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de Deus com Jesus Cristo

(25º aniversário da Cidade de Mangualde)

Evangelizar é dar testemunho acerca de Jesus Cristo. O cristianismo é uma fé religiosa, ou seja, uma manifestação da relação do homem com Deus. Não há verdadeira religião sem fé em Deus. Mas o carácter específico do cristianismo é o facto de o homem viver a sua relação com Deus na sua relação com Jesus Cristo, um homem como nós e Filho de Deus. Reconhecer em Jesus o Deus Vivo, porque Filho de Deus Pai, é o elemento decisivo da fé cristã. Não preciso de procurar Deus por outros caminhos; Ele é o caminho. Segui-Lo como discípulo é percorrer, com Ele, o caminho que me leva a Deus; amá-Lo é fazer a experiência insondável do amor divino; comungar da Sua experiência de Filho de Deus, é descobrir Deus como um Pai, deixar que Ele me conduza à intimidade da comunhão trinitária; aceitar o seu desafio de amar os outros como Ele os ama, é descobrir que o amor a Deus nos conduz à fraternidade cristã, como comunhão de amor.

Jesus Cristo basta-nos: podemos unir-nos a Ele como nosso irmão, e ser por Ele introduzidos no mistério da intimidade de Deus, de que Ele nos dá testemunho como Filho. Jesus Cristo é um caminho próprio para encontrar Deus: Ele só é resposta para quem procura Deus; devemos receber o seu testemunho de intimidade com o Pai, e descobrir a Igreja como uma comunhão de filhos de Deus, “filhos no Filho” e perceber que esse dom da filiação divina é o mais maravilhoso fruto da redenção.

Deus é uma inquietação contínua do coração humano, mesmo quando não se lhe dá expressão no concreto da vida ou até se afirma não acreditar n’Ele. Nós sabemos a origem dessa inquietação: foi Deus que nos criou, recebemos d’Ele a vida, e esta clama pelo seu regresso à fonte, à Vida que nos deu vida. Fizeste-nos para Vós e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós, escrevia Santo Agostinho. Jesus Cristo é a resposta para aqueles que buscam saciar essa inquietação. Caminho para a vida, só interessa a quem busca a plenitude da vida.

Que poderá este anúncio significar, no nosso tempo e na nossa cidade? As inquietações religiosas do nosso tempo são diversas das do século I em que apareceu o cristianismo. Então a busca de Deus era explícita, tanto para os judeus como para os não judeus, profundamente religiosos na variedade dos deuses que adoravam. Os judeus buscam Deus através da Lei e dos Profetas e de uma religião fortemente institucionalizada; os pagãos, na proximidade dos seus “deuses”, cuja concepção situava a divindade muito próxima da realidade humana. Nessa variedade de caminhos para Deus, Jesus Cristo aparece como o caminho. Aos judeus São Paulo diz que a Lei é impotente para os levar à intimidade com Deus e que só a fé em Jesus Cristo realizará neles esse anseio. E aos não judeus, Paulo anuncia Jesus Cristo, como o Deus desconhecido que eles procuram na sua profunda religiosidade (cf. Act. 17,22 e ss). A todos o Apóstolo convida a irem ao encontro de Deus, com Jesus Cristo.

Mas o que significa, hoje, na nossa cidade, esta procura de Deus? A quem poderá interessar Jesus Cristo como caminho e como resposta? Esta dimensão antropológica universal adquire, hoje, contornos e manifestações diferentes. Num país de tradição cristã, onde a maioria dos cidadãos continuam a afirmar-se católicos, a busca de Deus está ligada a essa tradição cristã. Mas isso não significa que todos os baptizados tenham percebido que é em Jesus Cristo, Filho de Deus, que encontrarão Deus. Mesmo para os cristãos é urgente um anúncio de Jesus Cristo, Deus, porque Filho de Deus, único caminho para o Pai. Para muitos cristãos a relação viva com Jesus Cristo vivo, de modo a gerar intimidade e compromisso, é débil ou mesmo nula. Exprimem a sua religiosidade em práticas e devoções que não têm, necessariamente, a densidade de uma comunhão de vida e de amor com o Senhor ressuscitado.

Outros acreditam que encontrarão Deus através de uma concentração do espírito, espécie de meditação transcendental e são vulneráveis às diversas propostas de religiões alternativas. Mas há muitos que caíram numa espécie de ateísmo prático ou indiferença religiosa; outros lutam por uma laicidade da cultura e fazem do agnosticismo a sua confissão de fé. Mas mesmo esses podem sentir, de vez em quando, “saudades de Deus”, expressas numa inquietação interior, numa ânsia de perfeição, numa busca de valores exigentes ou mesmo em dúvidas e interrogações sem resposta. Para anunciar Jesus Cristo, Filho de Deus, é preciso pressentir e saber identificar essas inquietações que podem ser busca de Deus. É que Jesus Cristo só é verdadeiramente resposta para quem procura Deus, embora possa acontecer que se encontre Deus, encontrando-O a Ele. O anúncio de Jesus Cristo a esses irmãos nossos tem de ter a foSrça de um testemunho, isto é, eles têm de sentir a verdade de Jesus Cristo a partir do lugar que Ele tem na nossa vida de crentes enquanto peregrinos de Deus.

 

Cónego Jorge Seixas