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A Eucaristia Dominical e a Orientação Espiritual de uma Paróquia (a partir da Sacramentum Caritatis)
A orientação espiritual, tão conhecida como direcção espiritual, é muito importante e cada vez mais necessária. Para um acompanhamento espiritual ideal, são necessários determinados requisitos:
a)é um carisma ao serviço da Igreja
b)é necessária uma preparação psicológica e pedagógica, uma formação permanente, com introspeção e com muita oração pessoal.
Quem faz este acompanhamento espiritual é um colaborador do Mestre (Jesus), é uma missão oculta mas, a longo prazo, muito eficaz; com muita paciência, afecto, discrição, humildade, sendo acolhedor, aberto à realidade do mundo, com simpatia e, sobretudo, que saiba contemplar a ação do Espírito Santo, a “história da salvação” daquela pessoa, porque conhecemos Deus pelo efeito que “produz” nas pessoas.
Mas, surge a questão: Como fazer este acompanhamento espiritual numa comunidade cristã? Para muitos cristãos, a Eucaristia Dominical é o único momento em que estão presentes e é a única oportunidade para rever a sua vida à luz de Jesus. Assim, como é que os sacerdotes irão sensibilizar, animar e motivar estes fiéis a ser discípulos de Jesus? A Exortação Apostólica Pós-Sinodal de Bento XVI, Sacramento da Caridade, aponta-nos algumas ideias:
É necessário estar atentos e vigilantes: às notícias, à situação actual da comunidade. Por isso, é tão importante o contato pessoal e social. Passando pelas ruas, contatando com as pessoas, visitando os doentes, sempre com muita discrição e humildade e depois “transferir” a realidade para a Eucaristia Dominical, “Mistério da fé!”, “É o resumo e a súmula da nossa fé” (n. 6). A Eucaristia “está na origem de toda a forma de santidade, sendo cada um de nós chamado à plenitude de vida no Espírito Santo” (n. 94). “A Eucaristia, enquanto sacrifício de Cristo, é também sacrifício da Igreja e, consequentemente, dos fiéis” (n. 70). Os homens “são convidados e levados a oferecer, juntamente com Ele, a si mesmos, os seus trabalhos e todas as coisas criadas” (n. 16).
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Papa convida cristãos a confiar no Espírito Santo
O Papa Francisco afirmou no dia 2 de setembro, no Vaticano que a “autoridade” na Igreja vem do Espírito Santo em vez de títulos académicos ou da sabedoria humana.
“Sabedoria humana, não, antes ensinados pelo Espírito Santo: São Paulo pregava com a unção do Espírito, manifestando coisas espirituais em termos espirituais. O homem abandonado às suas forças, porém, não compreende as coisas do Espírito Santo, o homem só por si não pode entender”, declarou, na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta.
Francisco evocou o ensinamento de Jesus Cristo, feito com a autoridade de quem tem a “unção especial do Espírito Santo” e vem trazer “a salvação, a liberdade”.
Alguns, recordou, “escandalizavam-se” com o estilo de quem não era um “pregador comum” e se apresentava com um homem livre, “sem poder ser julgado por ninguém”.
“Se nós cristãos não percebermos bem as coisas do Espírito, não daremos testemunho, não teremos identidade”, observou.
O Papa sustentou que a “identidade cristã” passa por “não ter o espírito do mundo”, o seu modo de pensar ou julgar.
“Podes ter cinco doutoramentos em Teologia e não ter o Espírito de Deus. Talvez sejas um grande teólogo, mas não és cristão, porque não tens o Espírito de Deus: aquilo que dá autoridade, que dá identidade é o Espírito Santo, a sua unção”, disse.
“Tantas vezes, entre nós, encontramos entre os nossos fiéis velhinhas simples que talvez nem sequer tenham concluído a educação elementar, mas que falam das coisas melhor do que um teólogo, porque têm o Espírito de Cristo”, acrescentou. |
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“EVANGELII GAUDIUM”E LITURGIA – 3
Algumas referências litúrgicas da Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”
145. A preparação da pregação é uma tarefa tão importante que convém dedicar-lhe um tempo longo de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral. Com muita amizade, quero deter-me a propor um itinerário de preparação da homilia. Trata-se de indicações que, para alguns, poderão parecer óbvias, mas considero oportuno sugeri-las para recordar a necessidade de dedicar um tempo privilegiado a este precioso ministério. Alguns párocos sustentam frequentemente que isto não é possível por causa de tantas incumbências que devem desempenhar; todavia atrevo-me a pedir que todas as semanas se dedique a esta tarefa um tempo pessoal e comunitário suficientemente longo, mesmo que se tenha de dar menos tempo a outras tarefas também importantes. A confiança no Espírito Santo que actua na pregação não é meramente passiva, mas activa e criativa. Implica oferecer-se como instrumento (cf. Rm 12, 1), com todas as próprias capacidades, para que possam ser utilizadas por Deus. Um pregador que não se prepara não é «espiritual»: é desonesto e irresponsável quanto aos dons que recebeu.
Outra característica da catequese, que se desenvolveu nas últimas décadas, é a iniciação mistagógica, que significa essencialmente duas coisas: a necessária progressividade da experiência formativa na qual intervém toda a comunidade e uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã. Muitos manuais e planificações ainda não se deixaram interpelar pela necessidade duma renovação mistagógica, que poderia assumir formas muito diferentes de acordo com o discernimento de cada comunidade educativa. O encontro catequético é um anúncio da Palavra e está centrado nela, mas precisa sempre duma ambientação adequada e duma motivação atraente, do uso de símbolos eloquentes, da sua inserção num amplo processo de crescimento e da integração de todas as dimensões da pessoa num caminho comunitário de escuta e resposta (166). |
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“EVANGELII GAUDIUM” E LITURGIA – 2
Algumas referências litúrgicas da Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”
135. Consideremos agora a pregação dentro da Liturgia, que requer uma séria avaliação por parte dos Pastores. Deter-me-ei particularmente, e até com certa meticulosidade, na homilia e sua preparação, porque são muitas as reclamações relacionadas com este ministério importante, e não podemos fechar os ouvidos. A homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um Pastor com o seu povo. De facto, sabemos que os fiéis lhe dão muita importância; e, muitas vezes, tanto eles como os próprios ministros ordenados sofrem: uns a ouvir e os outros a pregar. É triste que assim seja. A homilia pode ser, realmente, uma experiência intensa e feliz do Espírito, um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de renovação e crescimento.
137. Agora é oportuno recordar que «a proclamação litúrgica da Palavra de Deus, principalmente no contexto da assembleia eucarística, não é tanto um momento de meditação e de catequese, como sobretudo o diálogo de Deus com o seu povo, no qual se proclamam as maravilhas da salvação e se propõem continuamente as exigências da Aliança». Reveste-se de um valor especial a homilia, derivado do seu contexto eucarístico, que supera toda a catequese por ser o momento mais alto do diálogo entre Deus e o seu povo, antes da comunhão sacramental. A homilia é um retomar este diálogo que já está estabelecido entre o Senhor e o seu povo. Aquele que prega deve conhecer o coração da sua comunidade para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus e também onde é que este diálogo de amor foi sufocado ou não pôde dar fruto.
138. A homilia não pode ser um espectáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos mediáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração. É um género peculiar, já que se trata de uma pregação no quadro duma celebração litúrgica; por conseguinte, deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência ou uma lição. O pregador pode até ser capaz de manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas assim a sua palavra torna-se mais importante que a celebração da fé. Se a homilia se prolonga demasiado, lesa duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre as suas partes e o seu ritmo. Quando a pregação se realiza no contexto da Liturgia, incorpora-se como parte da oferenda que se entrega ao Pai e como mediação da graça que Cristo derrama na celebração. Este mesmo contexto exige que a pregação oriente a assembleia, e também o pregador, para uma comunhão com Cristo na Eucaristia, que transforme a vida. Isto requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe mais que o ministro.
140. Este âmbito materno-eclesial, onde se desenrola o diálogo do Senhor com o seu povo, deve ser encarecido e cultivado através da proximidade cordial do pregador, do tom caloroso da sua voz, da mansidão do estilo das suas frases, da alegria dos seus gestos. Mesmo que às vezes a homilia seja um pouco maçante, se houver este espírito materno-eclesial, será sempre fecunda, tal como os conselhos maçantes duma mãe, com o passar do tempo, dão fruto no coração dos filhos.
142. Um diálogo é muito mais do que a comunicação duma verdade. Realiza-se pelo prazer de falar e pelo bem concreto que se comunica através das palavras entre aqueles que se amam. É um bem que não consiste em coisas, mas nas próprias pessoas que mutuamente se dão no diálogo. A pregação puramente moralista ou doutrinadora e também a que se transforma numa lição de exegese reduzem esta comunicação entre os corações que se verifica na homilia e que deve ter um carácter quase sacramental: «A fé surge da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo» (Rm 10, 17). Na homilia, a verdade anda de mãos dadas com a beleza e o bem. Não se trata de verdades abstractas ou de silogismos frios, porque se comunica também a beleza das imagens que o Senhor utilizava para incentivar a prática do bem. A memória do povo fiel, como a de Maria, deve ficar transbordante das maravilhas de Deus. O seu coração, esperançado na prática alegre e possível do amor que lhe foi anunciado, sente que toda a palavra na Escritura, antes de ser exigência, é dom.
144. Falar com o coração implica mantê-lo não só ardente, mas também iluminado pela integridade da Revelação e pelo caminho que essa Palavra percorreu no coração da Igreja e do nosso povo fiel ao longo da sua história. A identidade cristã, que é aquele abraço baptismal que o Pai nos deu em pequeninos, faz-nos anelar, como filhos pródigos – e predilectos em Maria –, pelo outro abraço, o do Pai misericordioso que nos espera na glória. Fazer com que o nosso povo se sinta, de certo modo, no meio destes dois abraços é a tarefa difícil, mas bela, de quem prega o Evangelho. |
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“EVANGELII GAUDIUM” E LITURGIA – 1
Algumas referências litúrgicas da Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”
“A comunidade evangelizadora jubilosa sabe sempre «festejar»: celebra e festeja cada pequena vitória, cada passo em frente na evangelização. No meio desta exigência diária de fazer avançar o bem, a evangelização jubilosa torna-se beleza na liturgia. A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da liturgia, que é também celebração da actividade evangelizadora e fonte dum renovado impulso para se dar”. (n. 24)
“Sem diminuir o valor do ideal evangélico, é preciso acompanhar, com misericórdia e paciência, as possíveis etapas de crescimento das pessoas, que se vão construindo dia após dia. Aos sacerdotes, lembro que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível. Um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode ser mais agradável a Deus do que a vida externamente correcta de quem transcorre os seus dias sem enfrentar sérias dificuldades. A todos deve chegar a consolação e o estímulo do amor salvífico de Deus, que opera misteriosamente em cada pessoa, para além dos seus defeitos e das suas quedas”. (n. 44)
“A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai. Um dos sinais concretos desta abertura é ter, por todo o lado, igrejas com as portas abertas. Assim, se alguém quiser seguir uma moção do Espírito e se aproximar à procura de Deus, não esbarrará com a frieza duma porta fechada. Mas há outras portas que também não se devem fechar: todos podem participar de alguma forma na vida eclesial, todos podem fazer parte da comunidade, e nem sequer as portas dos sacramentos se deveriam fechar por uma razão qualquer. Isto vale sobretudo quando se trata daquele sacramento que é a «porta»: o Baptismo. A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. Estas convicções têm também consequências pastorais, que somos chamados a considerar com prudência e audácia. Muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa”. (n. 47)
“Este obscuro mundanismo manifesta-se em muitas atitudes, aparentemente opostas mas com a mesma pretensão de «dominar o espaço da Igreja». Nalguns, há um cuidado exibicionista da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas não se preocupam que o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da história. Assim, a vida da Igreja transforma-se numa peça de museu ou numa possessão de poucos”. (n. 95) |
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