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Notícias da Igreja
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Jornal - Notícias da Igreja

Espiritualidade Pascal

 

Estamos em pleno tempo da Páscoa. A consciência cristã dos nossos dias precisa de recuperar o sentido e de viver do espírito deste tempo litúrgico, que foi o primeiro, depois do domingo, a ser celebrado pela comunidade cristã. O Tempo Pascal é mais antigo do que a própria Quaresma, pois que dele se encontram testemunhos já desde os fins do século II.

A redescoberta da preparação para a Páscoa, que é a Quaresma, foi certamente uma grande graça para a Igreja, a qual foi por sua vez devida à redescoberta da própria Páscoa. Aliás a Páscoa nunca esteve ausente da consciência cristã, pois que o Mistério Pascal constitui o coração de todo o cristianismo, e a celebração da Páscoa o centro de toda a liturgia cristã. Mas o que é estranho é que esta redescoberta da Páscoa não se tenha estendido ainda, ao menos na consciência de muitas comunidades cristãs, a todo o Tempo Pascal. Mesmo antes de ter instituído uma Quaresma, já, e desde o princípio, ela conhecia a penitência que é conversão, e sem a qual não se pode entrar no Reino de Deus (cf. Mc 1, 15). Por consciência do próprio pecado, por experiência de uma vida cheia de negativos, pelos limites angustiantes que nos envolvem por todos os lados, facilmente aceitamos, ao menos em princípio, a necessidade de purificação, de libertação, de renovação. Foi talvez ainda nesta linha que os mistérios da paixão, ao menos na sua expressão dramática, encontraram sempre fácil aceitação entre o povo. E é ainda assim que a Semana Santa é ainda para muitos, acima de tudo, a Sexta-feira Santa, mas como que isolada no seu quê de quase trágico. Mas penetrar no mistério do Domingo, o «primeiro dia da semana» (Jo 20, 1), ultrapassar o «drama do Calvário», reconhecer o «jardineiro» da manhã da ressurreição junto do túmulo vazio (Jo 20, 15), não ser «tardo de coração» para compreender o viajante da estrada de Emaús «na tarde daquele dia» (Lc 24, 25), ser enfim capaz de reconhecer o «dom de Deus» (Jo 4, 10) na vida que surge da morte, quedar-se na contemplação que leva à ação de graças em louvor – em eucaristia – perante «o dia que o Senhor fez» e prolongar este estado de alma para além da Vigília Pascal, no meio das ocupações diárias de uma existência todos os dias dolorosa e interrogante, encontrar para a morte a resposta da vida n’Aquele que, pela obediência até à morte, foi exaltado pelo Pai até à sua direita e d’Ele recebeu um nome que está acima de todo o nome, o nome divino de SENHOR – tudo isso, foi capaz de o descobrir já uma Igreja sob a perseguição nos primeiros séculos.

No entanto, o Tempo Pascal quer ser esta ação de graças, vivida na alegria, que se apoia no mistério pascal consumado em Cristo. O Tempo Pascal é o tempo de re-conhecer e agradecer, de olhar para o sepulcro vazio, para a vitória sobre a morte, para a revelação da vida na plenitude divina com que ela se manifesta em Jesus Cristo ressuscitado, para o Espírito que invade a terra inteira para dela fazer a «nova criação» (cf. I Leitura da Vigília Pascal) e nela uma nova humanidade, e, ao mesmo tempo, para esta terra devastada e às vezes desesperada, para esta humanidade que se afadiga em libertar-se de tanta escravidão, para este mundo que sempre atrai e desilude.

A liturgia do Tempo Pascal sublinha muito todo este reconhecer e este agradecer. Partindo da Vigília, que é o momento de síntese de toda esta revelação e de toda esta atitude espiritual, a liturgia deste tempo perde-se, sobretudo nas primeiras semanas, como que na contemplação agradecida do Senhor que, na mesma carne que de nós recebeu e que n’Ele foi por nós levada à morte, destruiu a morte e manifestou a vida: são as aparições do Ressuscitado, com aquela inefável condescendência do Senhor que mostra as mãos e os pés perfurados e o lado aberto, para que Tomé «creia» (II Dom.), é a imagem do Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas (IV Dom.), e é a vida da Igreja a nascer da Páscoa, totalmente apoiada nesta fé e nesta esperança, como a seara a nascer do grão de trigo, que morreu debaixo da terra (Atos dos Apóstolos lidos no Tempo Pascal). Nas últimas semanas, o pensamento volta-se mais para a promessa do Espírito: «Aquele que crê em mim, disse Jesus, de seu seio nascerão torrentes de água viva. Ele dizia isto falando do Espírito que haviam de receber aqueles que n’Ele acreditassem» (Jo 7, 37-38). Para os que nascem da água e do Espírito, como é todo o cristão, o tempo da Páscoa é o tempo de recordar e renovar o Espírito de que nasceram.

Entretanto, as leituras dos Atos dos Apóstolos recordam as viagens missionárias de Paulo e a expansão missionária da Igreja. São sempre os rios de água viva a jorrarem do trono do Cordeiro (Ap 22, 1) e a inundarem a terra inteira (cf. Ez 47, 1 ss.). É o tempo de tomarmos consciência de que ser cristão é entrar nesta multidão que vai pelo mundo, como Maria de Magdala, anunciando que vimos o Senhor ressuscitado e que Ele nos disse estas coisas (Jo 20, 18).

 
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Jornal - Notícias da Igreja

O TEMPO PASCAL

O Tempo Pascal é o tempo mais forte da espiritualidade cristã. A Liturgia foi estruturada para a promover, consciente da virtualidade santificadora da liturgia pascal.

 Um dos maiores problemas da pastoral pascal está na educação dos cristãos, para uma vivência intensa da celebração dos mistérios pascais. Habituados a concentrar a sua espiritualidade e renovação na celebração penitencial da Quaresma, são muito mais sensíveis à “via sacra da paixão” do que à “via sacra da alegria pascal” formada pelas “estações” das aparições do Ressuscitado.

 

O grande objectivo da liturgia pascal é a “nossa ressurreição em Cristo” (Cf. Col 3, 1s; 1 Cor 5,7). A pastoral pascal deve ser cristocêntrica, promovendo a vivência real da Páscoa pelo encontro pessoal com Cristo – a última palavra do Pai na História dos homens, o nosso Caminho, Verdade e Vida (Jo 14, 5).

 

A Páscoa é a “fonte e a meta” da pastoral, porque mistério pascal, celebrado neste Tempo, é o centro e a raiz da fé cristã, do mistério da Igreja e da Liturgia, devendo a sua celebração projectar-se em todo o Ano Litúrgico. É o tempo propício para a celebração dos sacramentos pascais do Baptismo, Confirmação, Primeiras Comunhões, etc.

 

A perspetiva existencial da Páscoa projeta sobre toda a Igreja a força renovadora, despertando nas comunidades a consciência de que são “testemunhas da ressurreição” no mundo, anunciadores de uma nova humanidade e de um mundo novo, com a sua “cultura da ressurreição” face à “cultura da morte”. Devem manter viva a esperança com a lógica do amor, que é capaz de suscitar a vida, mesmo no seio da morte!

 
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Jornal - Notícias da Igreja

2º DOMINGO DA PÁSCOA:

O DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA?

O Missal Romano, na sua nova edição de 2002, ao 2º domingo da Páscoa chama o “domingo da divina misericórdia”. Porquê? Será preciso mudar algo na liturgia deste dia?

Os textos bíblicos fazem referência à misericórdia de Deus, mas uma grande devoção à “divina misericórdia” surgiu com os escritos da S. Faustina Kowalska, que morreu em 1938 e canonizada em 2000. Esta religiosa viveu durante muitos anos em Cracóvia, onde João Paulo II foi Bispo, antes de ser nomeado Bispo de Roma. Esta devoção popularizou-se em Cracóvia e está associada a orações como “o rosário da misericórdia” e a uma imagem de Cristo com uns raios de luz a sair do coração, juntamente com esta frase: “Jesus, eu confio em ti”.

O Concílio Vaticano II, que recomendou as devoções populares, afirmou que estas teriam que estar em harmonia com a liturgia que, “por sua natureza é muito superior a todos os exercícios piedosos” (SC 13), e que as outras celebrações, a não ser que sejam de máxima importância, não podem ter preferência sobre o domingo (Cfr. SC 106).

No ano 2001, esta doutrina foi novamente repetida no Directório sobre a Piedade Popular e Liturgia: “A excelência da Liturgia, comparativamente a qualquer outra possível e legítima forma de oração cristã, deve encontrar receptividade na consciência dos fiéis: como as acções sacramentais são necessárias para viver em Cristo, as formas da piedade popular pertencem, inversamente, ao âmbito do facultativo” (n. 11).

A devoção à divina misericórdia é um modo de exprimir o ministério da reconciliação de que nos fala Jesus no evangelho: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados”. Esta passagem do evangelho de S. João é proclamada no 2º domingo da Páscoa. Por isso, a Ir. Faustina pediu que neste domingo fosse celebrada a festa da divina misericórdia. Os bispos da Polónia chamaram a si este pedido e em 1995 o Papa instituiu esta festa somente para a sua terra natal. Em Maio de 2000, com a canonização da Ir. Faustina, o Papa determinou que o “domingo da divina misericórdia” fosse observado em todo o rito romano.

A Congregação para o Culto Divino publicou um documento, onde se diz que o título do 2º domingo da Páscoa terá uma designação adicional: “o domingo da divina misericórdia”. Mas que “se deve usar sempre para a celebração litúrgica deste domingo” os textos litúrgicos que estão no Missal e na Liturgia das Horas. Portanto, o nome oficial deste domingo é “2º Domingo da Páscoa”. Somente recebeu um nome secundário, o da “divina misericórdia”, salientando um dos temas do evangelho deste dia (o perdão dos pecados). O Directório sobre a piedade popular é bem claro: não se podem misturar as fórmulas próprias dos exercícios de piedade com as acções litúrgicas… deve salvaguardar-se a precedência própria do domingo. A devoção à “divina misericórdia” não pode prejudicar a importância fundamental da Páscoa.

Para que não fiquem dúvidas:

a)não se deve juntar textos aos que se encontram no Missal Romano para o 2º Domingo da Páscoa

b)não há obrigatoriedade de adquirir e de entronizar essa imagem de Cristo na nossas igrejas

c)este domingo é a continuação da festa da ressurreição de Cristo.

d)a celebração deverá terminar com a despedida pascal, com o duplo aleluia, como se recomenda no Missal Romano.

 
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Jornal - Notícias da Igreja

Preparar as Celebrações Pascais

A grande celebração anual dos cristãos é a Páscoa. Foi por causa da Páscoa que entramos em Quaresma. E se a pastoral faz um enorme investimento na Quaresma (e ainda bem, porque uma grande festa requer uma grande preparação!) é por causa da Páscoa. Mal seria, contudo, se esgotássemos as nossas energias na preparação e celebrássemos pobremente a Páscoa. Não estaria bem ter-se a impressão de dar um excessiva importância à Quaresma, de tal modo que esta aparecesse como a grande celebração anual dos cristãos. Isso seria um grave desvio, pois desvirtuaria todo o sentido cristão da Páscoa, reduzindo-a a uma quaresma. O valor, o sentido, a finalidade e a orientação da Quaresma é a Páscoa, quer do ponto de vista espiritual quer do ponto de vista litúrgico. Se não se chega a celebrar a Páscoa festivamente, exterior e interiormente, então a Quaresma foi inútil, foi vã. Os cristãos, de facto, não celebram a quaresma, mas a Páscoa. Nunca será demasiado insistir nisto.

Neste sentido, convém inculcar nos fiéis a importância e, consequentemente, o dever da celebração do Tríduo pascal, mormente da Vigília pascal, mas também da Cinquentena (o Pentecostes ou os Cinquenta dias).

A Páscoa é tempo de festa. Mas também, para muitos, é tempo de férias. Não será a festa da Páscoa um distintivo dos cristãos? Mesmo que ausentes da sua residência habitual, não deixem de celebrar a Páscoa em Igreja, nos lugares em que se encontrem. Os cristãos celebram a Páscoa em três dias, sexta, sábado e domingo (desde a Missa Vespertina da Ceia do Senhor, em quinta-feira santa, até ao fim da tarde do domingo da ressurreição) - que se prolongam nos 50 seguintes - como se fosse uma só celebração.

A liturgia do Tríduo exige uma preparação cuidada, particularmente dos ministros: presidente, acólitos, leitores, cantores, salmistas, organistas, etc.. Em muitos casos, requere-se uma preparação remota. Muitos cânticos deverão ter sido já preparados durante a Quaresma. O Coro, por exemplo, precisa de um repertório adequado, entre outros, para o lava-pés (5ª feira santa), para a adoração da cruz (6ª feira santa), para a aspersão (vigília), para a procissão do Santíssimo Sacramento (5ª feira), para a procissão para o baptistério (vigília), etc.; os leitores (em número razoável) deverão ser bem preparados para as leituras, nomeadamente as da vigília; os salmistas (em número notável) terão de cantar vários salmos, nomeadamente na vigília; os acólitos e outros ministros têm muitas coisas a preparar e devem, sobretudo, preparar-se, com repetidos ensaios, para que a celebração decorra com ritmo, nobreza, naturalidade e beleza. Também o Presidente e o Diácono precisam de uma preparação cuidada, não apenas dos ritos, mas também do canto. Cantar o Precónio pascal e o tríplice Aleluia (na vigília), entoar o canto da apresentação da Cruz e a solene oração universal (na 6ª feira), os Prefácios da Oração Eucarística (de 5ª, da vigília e do domingo), a despedida (na vigília e no domingo).

Todos os domingos do Tempo Pascal (Cinquentena = Pentecostes) são excepcionalmente festivos.

Não são, como outrora se dizia, domingos depois da Páscoa, mas domingos de Páscoa. Essa máxima solenidade deve ser não só interior, mas também exterior. Sem dúvida que, para ela, muito contribui o canto e a música, mas não bastam. Importa lançar mão de tudo o que possa contribuir para o máximo brilho do espaço litúrgico e para o carácter festivo da celebração, a iluminação, os arranjos florais, a limpeza e ornamentação da igreja, a disposição dos celebrantes (todos os participantes na celebração) e a sua participação activa. Deverá, sem dúvida, haver um grande esforço (foi a grande actividade quaresmal) para congregar todos os baptizados em celebrações festivas (não necessariamente longas, palavrosas e enfadonhas). A Páscoa implica um investimento espiritual e material de toda uma comunidade (esse foi o objectivo da quaresma) para a Festa. Há nisto, muito campo de criatividade pastoral, exercitada no Jubileu, que importa não esquecer ou deixar morrer. Sem a longa Festa da Páscoa, o cristianismo perde o seu sentido.

Eis um tema, um assunto para uma urgente reunião do Conselho de Pastoral paroquial, ou das equipas de pastoral, porventura de assembleias de pastoral paroquial: Como vamos celebrar a festa da Páscoa: o Tríduo e a Cinquentena? Não se pense que não é preciso, que basta que seja como no ano passado, ou, pior ainda, que o assunto não é importante. A celebração da Páscoa é o núcleo da verdadeira Pastoral, porque o é da vida cristã.

 
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Jornal - Notícias da Igreja

Papa despede-se «simplesmente»

como «peregrino»

Bento XVI despediu-se no dia 28 de fevereiro como um “peregrino”, na última aparição pública do pontificado, que se conclui às 20h00 de Roma (menos uma em Lisboa) por decisão do Papa, que apresentou a sua renúncia.

“Sabeis que hoje é um dia diferente dos outros, já não sou Sumo Pontífice da Igreja - sou-o até às oito da noite, depois já não -, sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra”, declarou, desde a varanda do palácio apostólico de Castel Gandolfo, arredores de Roma, propriedade da Santa Sé.

O futuro Papa emérito mostrou-se “feliz” à chegada a este local, vindo do Vaticano, de onde tinha partido em helicóptero, sobrevoando a Praça de São Pedro, às 17h07 de Roma.

“Quero ainda com o meu coração, com o meu amor, com a minha oração, com a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, trabalhar para o bem comum, para o bem da Igreja e da humanidade”, acrescentou, ao som das palmas dos presentes e dos sinos.

Bento XVI, de 85 anos, concedeu uma bênção aos presentes, “do fundo do coração”, convidando todos a avançar “juntos no Senhor, pelo bem da Igreja e do mundo”.

“Obrigado, boa noite, obrigado a todos vós”, foram as palavras finais do pontificado, iniciado em abril de 2005, por volta das 17h41 locais (menos uma em Lisboa), após um discurso com pouco mais de dois minutos.

A Igreja Católica não tinha visto qualquer Papa resignar desde 1415, com a abdicação de Gregório XII.

Bento XVI deverá manter-se no palácio apostólico de Castel Gandolfo, propriedade da Santa Sé, durante um período de pelo menos dois meses, segundo o Vaticano.

 
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