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Igreja/Política:
Papa pede leis que protejam
os «indefesos e marginalizados»
Francisco recebeu no Vaticano os membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos
O Papa Francisco pediu leis que construam “pontes de diálogo” e promovam um “maior cuidado pelos indefesos e marginalizados”, como os migrantes, este domingo durante uma audiência com membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos.
“As leis que vocês promulgam e aplicam deveriam construir pontes de diálogo entre as diversas perspetivas políticas. Promover um maior cuidado pelos indefesos e marginalizados, especialmente os que são obrigados a deixar a sua pátria, como favorecer uma correta ecologia humana e natural”, disse, no encontro após a oração do ângelus.
Na Sala Clementina, o Papa realçou que o seminário da Rede Internacional de Legisladores Católicos para além dos “temas urgentes” também tem “atenção na visão cristã da pessoa humana”.
“Mesmo que a contribuição da Igreja às grandes questões da sociedade do nosso tempo possa ser muitas vezes colocada em discussão é vital que o vosso empenho seja permeado continuamente pelos seus ensinamentos morais e sociais, para construir uma sociedade mais humana e justa”, desenvolveu Francisco.
A Rádio Vaticano assinala que o Papa “alegrou-se” com o aumento de participantes no encontro da Rede Mundial de Legisladores Católicos, em concreto legisladores de países africanos; sobretudo do Quénia, do Uganda, do Zimbabwe e do Malawi, salientou o arcebispo de Viena, cardeal Christoph Schönborn.
“Uma ampla gama de experiências políticas e legislativas, evidenciando ainda mais claramente uma realidade humana coletiva que reflete a universalidade da Igreja”, observou.
O pontífice argentino encorajou que, depois de regressarem aos respetivos países, a fazerem referência “aos frutos” da reflexão sobre “como a fé católica leva a uma justa compreensão da pessoa”.
Francisco pediu que através do “sofrimento dos povos” olhem para Cristo “cujo amor inspirará a fazer com que o Espírito, por meio de uma troca de dons, possa conduzir sempre mais à verdade e ao bem”.
Neste contexto, o Papa recomendou também que levem para o emprego “a Boa Nova de Jesus”: “Ninguém é insignificante, ninguém deve ser descartado, em nenhuma fase da vida.”
A emissora católica contextualiza que a rede de Legisladores católicos (International Catholic Legislators Network) foi criada em 2010, com o apoio do arcebispo de Viena e de David Alton, membro católico da Câmara dos Lordes, e anualmente reúnem-se na cidade italiana de Frascat.
“O objetivo destes encontros é o fortalecimento na fé. Existem momentos fortemente religiosos - Missa, Terço, Adoração Eucarística - também um apoio espiritual. Os temas são aqueles que mais comprometem os parlamentares e são aprofundados com a ajuda de especialistas”, explicou ainda o cardeal Christoph Schönborn à Rádio Vaticano.
CB
In Agência Ecclesia |
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A igreja - casa da comunidade cristã
Parece, ao menos em certo sentido, que a primeira comunidade cristã não deu grande importância ao lugar onde se reunia. Neste aspecto, demarcava-se com nitidez da mentalidade pagã e mesmo judaica. Os cristãos possuíam a convicção de que “o Altíssimo não habita em casas feitas pela mão do homem” (Act. 7, 8) e que o verdadeiro templo onde Deus habita é o Senhor Ressuscitado (Jo. 2, 19; Col. 2, 9) e a comunidade edificada n’Ele, quais pedras vivas (Ef. 2, 19-22; 1 Pe. 2, 4-5). Onde quer que esteja, esta comunidade, unida a Cristo, pode orar em “espírito e verdade”. Tal modo de conceber e de proceder sublinha a primazia da comunidade dos crentes sobre o edifício.
Sem dúvida, desde o princípio, os cristãos procuraram um lugar disponível e adequado para as suas reuniões e celebrações. Naturalmente que tal busca só pôde ter plena expressão após a liberdade da Igreja (séc. IV).
É que não é indiferente reunir num estádio, num ginásio, numa sala de aulas, num auditório, numa garagem. E isto não só do ponto de vista funcional, como, sobretudo, do ponto de vista simbólico. As artes plásticas não só atendem à funcionalidade, mas sobretudo procuram configurar uma identidade.
Sobre as igrejas, sejam catedrais, basílicas, igrejas urbanas ou rurais, capelas ou ermidas, a Instrução Geral do Missal Romano diz: “o edifício sagrado, na sua disposição geral, deve reproduzir de algum modo a imagem da assembleia congregada...” (cf. nº 294); além disso, estes edifícios devem ser “dignos e belos como sinais e símbolos das realidades celestes” (cf. nº 288). Ou, como diz o Ritual da Dedicação: o edifício de pedras “será sinal visível daquela Igreja viva ou casa de Deus, que eles (os fiéis) próprios constituem” (cf. cap. I, nº 1). Desse modo, as nossas igrejas deverão ser uma espécie de teologia em pedra, silenciosa mas permanente, sobre a Igreja. Eis porque construir uma igreja não é uma tarefa fácil, nem deve ser encarada levianamente.
Um outro aspeto a atender é com certeza a funcionalidade, que não pode deixar de ser simbólica, pois que o agir da comunidade o é também. Isto supõe uma atenção particular ao espaço, à proximidade e visibilidade. Sem o conhecimento do ser e do agir da comunidade é quase impossível edificar bem a igreja. Dever-se-á ter em conta a centralidade dos três pólos da Eucaristia: o altar, a cadeira e o ambão; a perspectiva dialógica entre o Presbitério e a nave; a possibilidade de movimentos, sobretudo processionais; o lugar dos diversos ministros e do Coro; os espaços para a reserva eucarística, a oração pessoal e celebrações de pequenos grupos; a celebração do batismo e da reconciliação... afinal tudo o que diz respeito à vida cristã, particularmente à celebração por excelência que é a Eucaristia.
A construção de uma igreja não deve estar sujeita a certa mesquinhez de mentalidade que se traduz em avareza financeira, por vezes encapotada por pretensa simplicidade ou “pobreza”. Deve procurar-se a nobre simplicidade, que é uma das características da verdadeira arte, e evitar toda a ostentação gratuita e fútil (cf. Rit. da Dedicação, cap. II, nº3).
A elaboração do projeto não deve ser entregue a qualquer pessoa, por mais hábil que seja, mesmo que pelo motivo de evitar despesas. É necessário escolher pessoas competentes e preparadas (cfr. IGMR. 289). Importa, também, que toda a comunidade a que se destina a igreja seja interessada no projeto e na sua realização. Além disso, a construção de uma igreja diz respeito a toda comunidade diocesana que deve dar o seu assentimento, pelo consentimento expresso e por escrito do bispo diocesano (cf. Código de Direito Canónico, cân.1215). A igreja há-de, pois, aparecer como sinal para os crentes, pela sua força convocadora, como pólo de referência da sua fé e pertença a uma comunidade, como lugar de crescimento espiritual e de missão apostólica. Mas para todos, mesmo não crentes, não deixará de ser, mediante a linguagem universal da arte, um sinal de esperança, pelos valores que Cristo oferece a todos os homens. |
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NASCIMENTO DE S. JOÃO BATISTA
24 de Junho
No dia 24 de Junho, celebra-se a Solenidade do Nascimento de João Batista, o precursor de Jesus. No Calendário romano, é o único santo do qual se celebra tanto o nascimento, como a morte ocorrida através do martírio.
Nos Evangelhos realça-se muito bem o seu papel em relação a Jesus. De modo particular, São Lucas narra o seu nascimento. E será exatamente sobre este nascimento que vamos aprofundar neste dia; e veremos que João Batista é o dom divino longamente invocado pelos seus pais, Zacarias e Isabel. Uma dádiva grande e humanamente inesperada. Mas a Deus nada é impossível!
Por isso vale muito a pena transcrever um resumo da narração do Evangelista São Lucas a cerca deste nascimento: “Nos tempos de Herodes, rei da Judeia, houve um sacerdote por nome de Zacarias, e sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas não tinham filhos, porque Isabel era estéril e ambos de idade avançada. Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe, coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume. Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar e vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o. Mas o anjo disse-lhe: “Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João. Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento; porque será grande diante do Senhor e desde o ventre da sua mãe será cheio do Espírito Santo; ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante de Deus para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto.” (Lucas 1. 5-17).
Acabamos de ver que o anúncio deste nascimento verifica-se precisamente no contexto da oração, no templo de Jerusalém; aliás, acontece quando Zacarias recebe o grande privilégio de entrar no lugar mais sagrado do templo para fazer a oferta do incenso ao Senhor. É lindo e admirável considerarmos este detalhe: também o nascimento de João Batista é marcado pela oração em seu cântico de alegria, de louvor e de ação de graças que Zacarias elevou ao Senhor.
O Anjo Gabriel, que anuncia a boa nova a Zacarias (Lucas 1. 19), exalta a obra de Deus na história e indica profeticamente a missão do filho João: preceder o Filho de Deus que se fez carne, para lhe preparar as estradas.
Toda a existência do precursor de Jesus é alimentada pela relação com Deus, sendo Deus o seu único ponto de referência. Mas João Batista não é apenas um homem de oração, do contato permanente com Deus, mas também um guia para esta relação, um grande profeta que com a sua voz não teve medo de anunciar a Verdade chamada Cristo.
Portanto, celebrar esta Solenidade do Nascimento de João Batista, recorda-nos, também a nós cristãos deste nosso tempo, que somos também nós, chamados a proclamarmos a Verdade de Cristo. A de Cristo, e não a nossa verdade. Para isso, a vida cristã exige, por assim dizer, o “martírio” da fidelidade quotidiana ao Evangelho, ou seja, a coragem de deixar que Cristo cresça em nós e que seja Cristo quem orienta o nosso pensamento e as nossas ações. Mas isto só é possível na nossa vida se a nossa relação com Deus for sólida. A oração jamais é tempo perdido, não é roubar espaço às atividades diárias, inclusive às obras apostólicas, mas é precisamente o contrário: se formos capazes de ter uma vida de oração fiel, constante e confiante, o próprio Deus dar-nos-á a capacidade e a força para viver de modo feliz e tranquilo, para superar as dificuldades e testemunhá-lo com coragem.
Que São João Batista interceda por nós, a fim de sabermos conservar sempre a oração em nossas vidas para anunciarmos sem medo a Verdade, o Caminho e a Vida, Cristo Jesus. |
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Homilia do Papa Francisco
13 de Maio de 2017
«Apareceu no Céu (…) uma mulher revestida de sol»: atesta o vidente de Patmos no Apocalipse (12, 1), anotando ainda que ela «estava para ser mãe». Depois ouvimos, no Evangelho, Jesus dizer ao discípulo: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 26-27). Temos Mãe! Uma «Senhora tão bonita»: comentavam entre si os videntes de Fátima a caminho de casa, naquele abençoado dia treze de maio de há cem anos atrás. E, à noite, a Jacinta não se conteve e desvendou o segredo à mãe: «Hoje vi Nossa Senhora». Tinham visto a Mãe do Céu. Pela esteira que seguiam os seus olhos, se alongou o olhar de muitos, mas… estes não A viram. A Virgem Mãe não veio aqui, para que A víssemos; para isso teremos a eternidade inteira, naturalmente se formos para o Céu.
Mas Ela, antevendo e advertindo-nos para o risco do Inferno onde leva a vida – tantas vezes proposta e imposta – sem-Deus e profanando Deus nas suas criaturas, veio lembrar-nos a Luz de Deus que nos habita e cobre, pois, como ouvíamos na Primeira Leitura, «o filho foi levado para junto de Deus» (Ap 12, 5). E, no dizer de Lúcia, os três privilegiados ficavam dentro da Luz de Deus que irradiava de Nossa Senhora. Envolvia-os no manto de Luz que Deus Lhe dera. No crer e sentir de muitos peregrinos, se não mesmo de todos, Fátima é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe para Lhe pedir, como ensina a Salve Rainha, «mostrai-nos Jesus».
Queridos peregrinos, temos Mãe, temos Mãe! Agarrados a Ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus, pois, como ouvíamos na Segunda Leitura, «aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo» (Rm 5, 17). Quando Jesus subiu ao Céu, levou para junto do Pai celeste a humanidade – a nossa humanidade – que tinha assumido no seio da Virgem Mãe, e nunca mais a largará. Como uma âncora, fundeemos a nossa esperança nessa humanidade colocada nos Céus à direita do Pai (cf. Ef 2, 6). Seja esta esperança a alavanca da vida de todos nós! Uma esperança que nos sustente sempre, até ao último respiro.
Com esta esperança, nos congregamos aqui para agradecer as bênçãos sem conta que o Céu concedeu nestes cem anos, passados sob o referido manto de Luz que Nossa Senhora, a partir deste esperançoso Portugal, estendeu sobre os quatro cantos da Terra. Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os levou a adorá-Lo. Daqui lhes vinha a força para superar contrariedades e sofrimentos. A presença divina tornou-se constante nas suas vidas, como se manifesta claramente na súplica instante pelos pecadores e no desejo permanente de estar junto a «Jesus Escondido» no Sacrário.
Nas suas Memórias (III, n. 6), a Irmã Lúcia dá a palavra à Jacinta que beneficiara duma visão: «Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não tem nada para comer? E o Santo Padre numa Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com ele?» Irmãos e irmãs, obrigado por me acompanhardes! Não podia deixar de vir aqui venerar a Virgem Mãe e confiar-lhe os seus filhos e filhas. Sob o seu manto, não se perdem; dos seus braços, virá a esperança e a paz que necessitam e que suplico para todos os meus irmãos no Batismo e em humanidade, de modo especial para os doentes e pessoas com deficiência, os presos e desempregados, os pobres e abandonados. Queridos irmãos, rezamos a Deus com a esperança de que nos escutem os homens; e dirigimo-nos aos homens com a certeza de que nos vale Deus.
Pois Ele criou-nos como uma esperança para os outros, uma esperança real e realizável segundo o estado de vida de cada um. Ao «pedir» e «exigir» o cumprimento dos nossos deveres de estado (carta da Irmã Lúcia, 28/II/1943), o Céu desencadeia aqui uma verdadeira mobilização geral contra esta indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar. Não queiramos ser uma esperança abortada! A vida só pode sobreviver graças à generosidade de outra vida. «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24): disse e fez o Senhor, que sempre nos precede. Quando passamos através dalguma cruz, Ele já passou antes. Assim, não subimos à cruz para encontrar Jesus; mas foi Ele que Se humilhou e desceu até à cruz para nos encontrar a nós e, em nós, vencer as trevas do mal e trazer-nos para a Luz.
Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor. |
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