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Jornal - Notícias da Igreja

A Cruz Gloriosa

 

A Cruz é, sem dúvida, o sinal mais importante e precioso dos cristãos, É «símbolo» no sentido forte de sinal e meio de identificação e reconhecimento e, consequentemente, operador da comunhão entre todos os que na cruz se gloriam e por ela se reconhecem. É «símbolo» também enquanto condensação e figuração de Cristo e resumo da mensagem cristã, recapitulando história e escatologia.

O sinal da cruz teve usos no âmbito cultural e religioso bem antes do cristianismo quer como elemento gráfico decorativo, quer como sinal cósmico e antropológico. Saber isso obriga-nos a um exercício de discernimento – nem tudo o que é «religioso» pode ser «batizado» e aceite em termos cristãos – mas não nos deve surpreender nem perturbar. Desse conhecimento poderemos reter o que não estiver indissoluvelmente vinculado a erros e superstições: é o trabalho sempre em aberto da «inculturação» da fé e do culto. Mas para nós a grande referência que nos permite prescindir de todas as demais (ou pelo menos secundarizá-las) é certamente Jesus Cristo que, conforme professamos no símbolo dos Apóstolos, «foi crucificado, morto e sepultado». E no credo de Niceia, habitualmente recitado na Missa dominical, nós professamos que nosso Senhor Jesus Cristo «Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos».

O facto histórico de que Jesus foi submetido à pena capital, segundo a modalidade mais cruel e ignominiosa do direito romano, que era a da crucificação, está na origem da importância que a Cruz assumiu para a fé e o culto dos cristãos. Com São Paulo e os demais Apóstolos, os discípulos do Crucificado/Ressuscitado aprenderam a não se envergonhar da Cruz do seu Senhor e Mestre. E para tal, num tempo em que morrer crucificado era uma eventualidade e ter em conta, era preciso ter muita ousadia e destemor para se assumir como «adorador de um crucificado»! São João completou a leitura de fé do acontecimento do Calvário ao apresentar a Cruz como a elevação e glorificação do Verbo incarnado.

A gestualidade litúrgica e a utilização iconográfica seguiram-se de forma consequente e lógica. A iconografia da Cruz foi ganhando importância de forma gradual até que, após Constantino e a abolição da pena da crucifixão no direito Romano (séc. IV), a cruz com o crucifixo fez a sua aparição em formas que evoluirão num sentido cada vez mais realista. Ao mesmo tempo, na liturgia e na piedade pessoal, o sinal da cruz foi-se generalizando, como se pode já deduzir dos escritos de Tertuliano.

Actualmente, a Cruz com o Crucifixo é o único elemento iconográfico obrigatório para a celebração do culto divino. Na área do presbitério e, tanto quanto possível, próximo do altar, a presença do Crucifixo é requerida pelas normas litúrgicas para a celebração da Eucaristia (IGMR 117). Não é suficiente uma Cruz sem Cristo! E esta cruz com a imagem do crucificado – pode servir a cruz processional – é objecto de reverências e incensação.

Na liturgia pascal todos têm certamente presente a importância da adoração da Cruz na celebração da Paixão do Senhor em Sexta-Feira Santa. E desde essa celebração até à Vigília Pascal, os fiéis genuflectem à Cruz do Redentor. Na própria Vigília Pascal, a preparação do círio, no início do Lucernário, tem como primeiros elementos a gravação nele das duas hastes da cruz. Para que seja claro que o Ressuscitado é o Crucificado.

No que à gestualidade diz respeito, lembramos que é o sinal da cruz, traçado sobre a fronte da pessoa que vai ser baptizada (na admissão ao catecumenado ou no início da celebração do batismo das crianças) que a faz cristã! E o sinal da cruz, com várias modalidades, marcar a vida litúrgica e a piedade pessoal: a abrir a celebração eucarística, a acompanhar o anúncio do Evangelho, como gesto de bênção traçado sobre pessoas e coisas…

Na Liturgia da Igreja, é a Cruz que nos guia, nos envolve, nos abraça, nos santifica, nos atrai. Ela não cessa de nos dizer esta verdade que não pode ser subentendida nem subestimada: sem a Páscoa de Cristo – presente e atuante nos sacramentos da Igreja – não há Liturgia.