Calendário

<<  Junho 2024  >>
 Se  Te  Qu  Qu  Se  Sá  Do 
       1  2
  3  4  5  6  7  8  9
10111213141516
17181920212223
24252627282930

Entrada



Mapa

Coordenadas GPS:

40º36'21''N
7º45'57''W

Ver mapa aqui.

Visitas

mod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_countermod_vvisit_counter
mod_vvisit_counterHoje6090
mod_vvisit_counterOntem8911
mod_vvisit_counterEsta semana60887
mod_vvisit_counterEste mês99931
mod_vvisit_counterTotal7523866
Visitors Counter 1.5
PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Jornal - Regional

O Kerigma cristão é o anúncio pascal

(25º Aniversário da Cidade de Mangualde)

É assim desde a era apostólica. Anunciar Jesus Cristo é proclamar a sua ressurreição. Essa é a “boa-nova”: Jesus Cristo venceu a morte e reina vivo. Reside aí a simplicidade e a densidade da mensagem da Igreja. É simples, porque tudo se reduz a um acontecimento: Ele, o condenado à morte, venceu a morte e vive para sempre. Mas é denso e complexo, porque tem a ver com o mistério da nossa vida e da nossa morte, afirma a actualidade de Jesus Cristo em todos os tempos, como o Vivo no meio de nós e para nós. A Liturgia da Igreja intui a densidade desse anúncio quando exclama, na celebração da Eucaristia: “Anunciamos, Senhor, a Vossa morte, proclamamos a Vossa ressurreição. Vinde Senhor Jesus”. Só o encontro com o Ressuscitado, na Eucaristia, permite intuir a relação entre estas três realidades: a morte de Cristo não foi uma desgraça, é, antes, uma boa-nova a anunciar; ser cristão é proclamar, sempre e em tudo, a ressurreição de Jesus e isso fundamenta a nossa esperança de que Ele virá, um dia, ao nosso encontro, na plenitude da Sua glória de Filho de Deus.

Acreditar que Jesus ressuscitou dos mortos, é mais do que aceitar o acontecimento, por mais inaudito que seja. Mas se houve quem O viu morto na cruz e depois O viu vivo, o facto inexplicável impõe-se. Mas acreditar na ressurreição de Cristo é aderir, como mistério próprio, à vida desse ressuscitado, reconhecer a Sua glória de Filho de Deus, a sua Senhoria. Acreditar não é só aceitar; é mergulhar na voragem desse mistério, sentir que Ele pode transformar a nossa vida. É sentir que na ressurreição de Cristo, nós próprios já ressuscitámos, porque podemos viver uma vida de ressurreição, mesmo antes da nossa morte. Acreditar na ressurreição de Cristo, é mergulhar na aventura da fé, é encetar um caminho que tudo transformará. O Apóstolo Paulo ensina assim os cristãos de Roma: “Se confessares com a boca que Jesus é Senhor e acreditares no teu coração que Deus O ressuscitou de entre os mortos, serás salvo” (Rom. 10,9). Jesus chamou discípulos durante a Sua vida, antes da Paixão, e eles seguiram-n’O. Mas só na fé pascal eles perceberam o que era seguir Jesus, o que isso significava como caminho de eternidade e no Espírito Santo perceberam que era possível percorrer esse caminho. Ser discípulo é viver a vida do ressuscitado.

O Pentecostes foi uma manifestação surpreendente do mistério de Jesus ressuscitado; a força da Sua vida manifestar-se-á, doravante, até ao fim, na energia do Espírito. Essa força dá aos Apóstolos a coragem de saírem para a rua e enfrentarem a multidão, de quem se escondiam com medo, até àquele momento. E a sua mensagem é simples, concreta e veemente: “Homens de Israel, escutai estas palavras. Jesus de Nazaré, Homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais… que vós matastes cravando-O na cruz… Deus ressuscitou-O, libertando-O dos grilhões da morte” (Act. 2, 22-24). E este anúncio é feito com tal convicção, que logo a seguir muitos dos presentes “ouvindo estas palavras ficaram emocionados até ao fundo do coração e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: que havemos de fazer irmãos?” (Act. 2, 37).

Àqueles que se deixaram comover, isto é, a quem este anúncio tocava o coração, a orientação dos Apóstolos é sempre a mesma: convertei-vos e baptizai-vos (Act. 2, 37). Este apelo à conversão é mais do que o convite a uma mudança de atitudes morais; é o anúncio de que é possível começar a viver de novo uma outra vida, qual segundo nascimento, participação na vida de Cristo ressuscitado. Se a fé é a abertura fundamental a essa novidade, o baptismo introduz o crente na única via verdadeiramente eficaz e transformadora, a da eficácia sacramental, como ensina Paulo aos Romanos: “todos nós, que fomos baptizados em Cristo Jesus, fomos baptizados na Sua morte. Pelo baptismo fomos sepultados, com Ele, na morte, para que tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova” (Rom. 6, 1-4). Neste kerigma apostólico o anúncio da ressurreição de Cristo é sempre completado com o anúncio da vida nova da graça, na dinâmica sacramental.

Este anúncio os Apóstolos repetem-no em todas as circunstâncias: perante o Sinédrio que chama Pedro e João a contas (Act. 3, 10-12); é o que Filipe anuncia ao eunuco etíope que, no fim, pede para ser baptizado (Act. 9, 35-36); Paulo não se cansa de o anunciar, quer aos judeus (Act. 13,32), aos atenienses no areópago (Act. 17,31), ou perante o tribunal que o julga (Act. 23,6ss). A Igreja nasceu como povo crente porque acreditou neste anúncio e passou a partilhar a vida do ressuscitado.