INTRODUÇÃO
Depois de uma breve análise socio-económica, cultural, religiosa e histórica da realidade da freguesia de Mangualde, procurarei esboçar um plano de acção pastoral nos vários níveis da actuação da Igreja.
Na elaboração deste Plano Pastoral foi sempre tido em conta a preocupação de se construir na freguesia de Mangualde uma comunidade evangelizada e evangelizadora, capaz de dar ao mundo as razões da nossa esperança.
É importante, antes de mais, apresentar os critérios, bem como os objectivos gerais que nos propomos.
Critérios
A) Tendo em conta a realidade da paróquia, incentivar o relacionamento comunitário na vida geral,
sendo um aspecto onde ainda há muito para caminhar;
B) Incentivar a consciência da unidade na mesma fé, iluminando a relação humana, levando a
uma boa vizinhança;
C) Forte apelo à unidade no amor fraterno, pois verifica-se uma certa separação entre as pessoas,
uma convivência individualista, egoísta e com tendência para a intriga.
Objectivos Gerais
A) Vida partilhada e em nível de comunhão;
B) Celebração da vida pela Liturgia;
C) Vida, expressão de fé;
D) Modelo a imitar: a comunidade primitiva de Jerusalém.
I - PASTORAL LITÚRGICA
Objectivos Gerais
A) Colocar os sacramentos instituídos por Cristo como Ele os quis, ao serviço e em função dos
homens que precisam de Salvação;
B) Cada sacramento seja preparado e celebrado com o máximo de consciência possível;
C) Despertar a fé das pessoas na preparação dos sacramentos, pois estes exigem e supõem a fé;
D) Dinamizar a expressão comunitária de todos os sacramentos;
E) Consciencializar a viver a fé que se celebra.
Tarefas
A - Assembleias Dominicais
1. Conseguir que cada um se considere interveniente e não assistente;
2. Promover ou auxiliar as equipas de animação litúrgica;
3. Constituir a equipa de acólitos e sua formação;
4. Elaborar as listas de leitores e sua formação;
5. Responsabilizar as equipas de animação litúrgica na escolha de cânticos adequados e respectivos
ensaios;
6. Organizar o serviço de comentários nas celebrações litúrgicas;
7. Concretizar o acolhimento das pessoas, particularmente as que são estranhas à comunidade, que
chegam para a celebração;
8. Formação de uma equipa para a cuidada atenção a factores externos e ambientais, como o som, a
luz e o espaço litúrgico;
9. Atenção à formação das equipas de todos estes diversos sectores;
10. Preocupação do pároco em fazer da Liturgia, com a criatividade possível, expressão da vida do
Povo de Deus.
B - Sacramento do Matrimónio
1. Os noivos no primeiro encontro devem sentir-se em família, bem acolhidos;
2. Responsabilizá-los pelo que vão fazer;
3. Fazê-los sentir a necessidade de uma preparação próxima e que a façam de livre vontade;
4. Consciencializar a comunidade para a responsabilidade na formação de novas famílias;
5. Que os noivos sejam conscientes da sua vocação e missão;
6. A celebração litúrgica seja uma verdadeira celebração de fé e que os noivos consigam vivê-la
festivamente;
7. Preocupação pela integração da nova família a todos os níveis de um modo especial a nível
religioso;
8. Inteirar-se, afavelmente, da sua situação social, cultural e religiosa;
9. Orientá-los na elaboração dos processos civil e canónico do matrimónio;
10. Fazer a preparação para o casamento com a participação no Curso do CPM (Centro de
Preparação para o Matrimónio);
11. Para a elaboração do processo civil e eclesiástico, seguir-se-iam as normas estabelecidas pelo
Direito. No caso do processo civil, procurar-se-ia que fossem os noivos a tratar dele no Registo
Civil. Estes processos teriam início logo a partir do primeiro encontro com os noivos;
12. Quanto ao cumprimento de formalidades, como registos, averbamentos, comunicações e
lançamento no ficheiro paroquial, todas elas deveriam fazer-se segundo o estabelecido dentro dos
prazos, sabendo da urgência e importância de cada uma delas.
C - Sacramento do Baptismo
1. Oportunidade de catequização dos pais e padrinhos, recordando-lhes os seus compromissos
familiares;
2. A celebração, de preferência, seja comunitária;
3. Que a celebração seja um acontecimento de fé, marcante para a família e para toda a comunidade;
4. Acolhimento dos pais com toda a atenção possível, demonstrando o máximo interesse pelo seu
filho e pela sua decisão de o baptizar. Procurar saber, discretamente e pelo diálogo, quais são as
verdadeiras razões que levaram os pais a pedir o baptismo para que sejam tidas em conta na
respectiva preparação e marcar uma reunião para esse fim;
5. De início, a preparação será feita por um grupo de leigos;
6. Atenção especial a todas as formalidades resultantes do baptismo e de um modo especial na
inscrição do nome no livro de assento de Baptismo, sinal da entrada na comunidade eclesial;
7. Enquadramento da celebração na Eucaristia Dominical, sendo preparada, não só pelos pais
e padrinhos, mas também pela equipa de animação litúrgica;
8. Na celebração, realçar a riqueza dos símbolos existentes na celebração baptismal.
D - Celebração Exequial
1. A liturgia cristã dos funerais seja uma celebração do Mistério Pascal de Cristo;
2. O ministro sinta que terá de ser ministro da consolação e desempenhe esse ministério com a
participação de toda a comunidade;
3. Marcar o dia e a hora do funeral, entrando em contacto com a família, visitando-a e rezando com
ela;
4. Cuidada atenção nas homilias dos funerais, pois são momentos para falar a muitas pessoas que
raramente vêm à Eucaristia ou à Igreja;
5. Não haver descuido nas formalidades a observar no que se refere a registos, assentos,
comunicações e lançamento no ficheiro paroquial.
E - Sacramento da Confirmação
1. Sensibilizar para a importância do sacramento na dinâmica da Iniciação Cristã;
2. Enquadrar a preparação para o sacramento do Crisma no projecto global da catequese, dos 6
aos 16 anos;
3. Além da preparação a longo prazo, incluída no projecto global de catequese, ter em conta a
preparação a médio prazo, sobretudo no último ano de preparação, e a preparação próxima nas
últimas semanas;
4. Inserção imediata na comunidade eclesial, de uma forma activa, dos recém-crismados na vida
paroquial;
5. Ter em conta os averbamentos e as comunicações e criar um livro de registos de crismas.
F - Sacramento da Reconciliação
1. Consciencializar a comunidade para a alegria do encontro com o Pai da Misericórdia,
Reconciliador e Fonte de paz e de felicidade;
2. Ter em conta os tempos fortes do ano litúrgico, que são o Advento e a Quaresma, marcando
tempos para confissão individual e celebrações penitenciais para toda a comunidade;
3. Promover celebrações penitenciais para as crianças, especialmente no tempo do Advento e
Quaresma e festas finais de catequese;
4. Promover pelo menos duas celebrações penitenciais para jovens no Advento e na Quaresma,
procurando que não tenham receio e percam os preconceitos em relação a este sacramento;
5. Educar, a partir da catequese infantil, de adolescentes, de jovens e de casais jovens, sobre a
teologia do sacramento da Penitência;
6. Aproveitar a preparação para os outros sacramentos como o baptismo, crisma e matrimónio,
como momentos oportunos para sensibilizar sobre o sentido do pecado e necessidade deste
sacramento;
7. Marcar horários de confissões na paróquia, pelo menos um dia por semana, durante algumas
horas, não descuidando, até, a direcção espiritual;
8. Atenção muito especial para os doentes. Pedir aos ministros extraordinários da comunhão que
estejam atentos às necessidades de confissão dos doentes, para além de algumas visitas não
programadas aos doentes. Marcar confissões para os doentes ao domicílio nos tempos fortes
do Advento e da Quaresma.
G - Santa Unção e Comunhão dos Doentes
Antes propriamente de começar, convém esclarecer que a Unção dos Doentes encontra-se situada na pastoral geral dos doentes e dos idosos.
1. Desfazer a mentalidade existente de que a Santa Unção não é a “Extrema Unção”, só para
moribundos;
2. Criar um clima comunitário e favorável à celebração deste sacramento, situando-a no seguimento
do ministério de Cristo que curava os doentes;
3. Ajudar a mudar a mentalidade que se criou de que, quando o padre vai a casa, está alguém para
morrer;
4. Criar a consciência de que a Santa Unção é para os doentes que entram numa fase preocupante
e que pode receber-se de novo se se voltar a adoecer ou se se agravar o estado de saúde. Pode
ainda ser administrado antes de uma grave intervenção cirúrgica e aos idosos. Esta consciência
deve ser despertada a partir da catequese infantil, no sentido de que sejam eles próprios a pedir
o sacramento nos casos acima referidos;
5. A preparação dos doentes começa com as visitas a médio prazo e também pela família a curto
prazo, pelo ministro extraordinário da comunhão e pelo pároco;
6. Não esquecer o sentido comunitário da celebração da Unção: doente, grupo paroquial de visita
aos doentes, família e pároco;
7. Sensibilização para a celebração comunitária deste sacramento, quando o tempo estiver
favorável, para acamados que possam vir e sobretudo para os muito idosos;
8. A comunhão dos doentes é feita pelos ministros extraordinários da comunhão, tendo cada
doente a oportunidade de receber o Senhor uma vez por mês;
9. Preocupação de aumentar o número dos ministros extraordinários da comunhão. Quando tal
acontecer, iniciar a comunhão semanal dos doentes, nunca esquecendo a liberdade, neste
aspecto, do doente.
H - Religiosidade Popular
1. Colocar o culto de Nossa Senhora e dos Santos no seu devido lugar;
2. Fomentar a devoção mariana e a oração em família;
3. Realçar com grande importância a festa do padroeiro e aproveitar todas as festividades dos
santos para uma maior comunhão entre todos os paroquianos;
4. Fomentar o terço individual e em família;
5. Solenizar o mês de Maio e de Outubro, havendo celebrações marianas diárias na Igreja Paroquial
e nas capelas, mesmo sem a presença do padre, podendo ser orientadas pelos ministros
extraordinários da comunhão, catequistas e jovens;
6. Em todas estas celebrações, dar prioridade à escuta e à partilha da Palavra de Deus;
7. A festa do Padroeiro seja um momento forte na vivência anual da comunidade;
8. Com as festas dos outros santos, aproveitá-las para a construção de uma comunidade cada
vez mais unida, mais festiva e mais cristã, à maneira dos santos que se celebram e se recordam.
Pode ser feito, através de celebrações penitenciais, ensaios de cânticos e outras actividades.
II - PASTORAL CATEQUÉTICA
Objectivos Gerais
1. Promover a consciente e conveniente iniciação cristã de todos os membros da comunidade;
2. Actualizar a educação cristã de todos;
3. Levar a uma vivência cada vez mais profunda da fé cristã;
4. Levar à celebração da fé;
5. Fazer de cada um responsável pelo anúncio da Palavra e do Reino de Deus;
6. Fazer de cada um sujeito e objecto da Evangelização.
Tarefas
Todos estes objectivos gerais concretizam-se nas seguintes àreas de intervenção:
A) crianças e seus pais;
B) adolescentes e seus pais;
C) jovens e seus pais;
D) adultos;
F) casais;
G) idosos e doentes.
1. Criação do Secretariado Paroquial de Educação Cristã, presidido pelo pároco, tendo um coordenador geral e um representante de cada ano da catequese. Teria como finalidade programar e coordenar as actividades de todos e cada um dos sectores, a saber:
A) Festas das Classes;
B) Celebrações Penitenciais;
C) Festa de Natal;
D) Programação de formação de catequistas, etc.
2. Implantar os catecismos elaborados pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã. Estes seriam entregues aquando da matrícula, obrigatória para todas as classes e com a assinatura (compromisso) dos pais;
3. Realização de reuniões com os catequistas para rever, propôr e programar as actividades, marcar as acções de formação e reuniões de pais que seriam duas: uma no início do ano catequético e outra no início do ano civil;
4. Sensibilizar para a formação da catequese de adultos. Teria como finalidade aprofundar a fé em Jesus Cristo e preparar os grandes momentos do Ano Litúrgico e da vida da comunidade;
5. Revitalizar todos os movimentos eclesiais existentes na paróquia
6. Lançar um Curso Bíblico;
7. Convidar os jovens para a experiência dos Convívios Fraternos e os adultos para os Cursos de Cristandade;
8. Organizar encontros de casais do género revisão de vida;
9. A nível vocacional, valorizar a Semana dos Seminários e das Vocações. Promover, ainda, a participação de alguns jovens nos encontros de Pré-Seminário (iniciativa a estimular e a alargar), e noutros encontros vocacionais mais gerais;
10. Programação de formação de agentes que programariam cursos de catequistas, animadores de jovens, adultos e casais.
III - PASTORAL SOCIO-CARITATIVA
Objectivos Gerais
1. Especial atenção aos pobres, aos idosos que vivem sós e aos mais necessitados;
2. Preocupação em ter sempre uma informação actualizada destas realidades;
3. Contribuir para criar novos horizontes que propiciem um desenvolvimento harmónico e integral das pessoas.
Destinatários
1. Lugar privilegiado aos idosos;
2. Embora ligados aos idosos, cuidada atenção aos doentes.
3. As crianças que, algumas vezes, não têm na família um apoio minimamente aceitável, nem condições para crescer como crianças alegres e felizes, desintegradas do meio;
4. Algumas famílias que se encontram em dificuldades, sejam elas a nível económico, social ou outro.
Tarefas
1. Colaborar em todas as acções de apoio social, não esquecendo a importância das Conferências Vicentinas. A nossa missão seria de concentrar esforços no sentido de criar um grupo de visitadores de doentes e de idosos, estando atentos às necessidades possíveis de satisfazer. Para estas acções terão papel preponderante o pároco, os ministros extraordinários da comunhão, alguns jovens e outros;
2. Promover uma festa anual de todos os doentes e idosos no Dia Mundial do Doente ou em outra data a marcar no Verão;
3. Lutar contra a solidão do doente, realçando os valores de uma vida crescente e ascendente de modo a dignificar e a dar sentido à vida do doente e do idoso.
IV - ORGANIZAÇÃO PAROQUIAL
Objectivos Gerais
1. Desburocratizar ao máximo a vida paroquial;
2. Organizar e coordenar as actividades de toda a paróquia, em todos os níveis da acção da Igreja para que haja uma verdadeira pastoral;
3. Promover a corresponsabilidade eclesial;
4. Promover a abertura da paróquia ao arciprestado e à Igreja Diocesana e Universal.
Tarefas
1. Marcar tempos determinados de atendimento no Cartório Paroquial;
2. Incentivar o Conselho para os Assuntos Económicos e colocá-lo a funcionar de acordo com o Estatuto-Base da Diocese de Viseu. A ele, competiria, para além de outras atribuições, gerir toda a economia da paróquia, assegurar um Fundo Paroquial, donde sairia um ordenado fixo para o pároco e outros membros que houvesse e ajudar as Comissões de Festas e Capelas no cumprimento das suas tarefas;
3. Reestruturar o Conselho Pastoral Paroquial, rever os estatutos de acordo com os Estatutos-Base da Diocese de Viseu e colocá-lo a funcionar;
4. Responsabilizar as Comissões de Culto, dando orientações na escolha dos seus membros e colocá-los dentro de uma dinâmica mais comunitária;
5. Actualização do ficheiro paroquial;
6. Velar para que a paróquia, no seu pároco, nas suas estruturas e nos seus membros, não se feche em si própria, mas se abra à realidade arciprestal, diocesana e universal, não só participando nas actividades propostas, mas mesmo aceitando responsabilidades a esses níveis, no campo da cooperação, dinamização e mesmo liderança de processos ao serviço de todos.
CONCLUSÃO
Sem querer repetir ideias já apresentadas, diria que este trabalho, embora com todas as suas limitações apontadas, poderá ser uma contribuição útil para uma acção a realizar no futuro. É possível que, em algumas coisas, quando vier a ser concretizado já esteja desactualizado. No entanto, sem ser exaustivo, pode pelas suas ideias e caminho percorrido, ser um ponto de partida para uma futura actuação.
Creio que este trabalho pode ser válido pelas suas virtualidades, se é que as tem, e também pelos seus limites, tanto aqueles que estão nele explícitos, como outros que nos fez revelar.
Espero que este simples trabalho possa ser uma contribuição, embora singela, para que o reino de Deus seja cada vez mais e melhor acolhido pelos homens e que a Igreja seja um Sinal cada vez mais claro desse Reino.
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