HOMILIA DO DIA DE NATAL
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz”. À nossa volta, existem pessoas que vivem nas trevas. Quais trevas? A solidão, o isolamento, os ciúmes, as difamações, a exclusão e o esquecimento. Neste dia, celebramos o nascimento do Filho de Deus, que assume a natureza humana para nos recordar que Ele é a luz das nossas trevas, a companhia na nossa solidão e a liberdade das escravidões e opressões da vida. Este Menino é a Luz do mundo e é o Príncipe da Paz. Numa sociedade, onde reinam as guerras, os ódios, as invejas e os desentendimentos, é urgente sermos mensageiros da paz e da luz do Menino Deus. Infelizmente, não vivemos sempre no calor da amizade e da fraternidade, nem na luz radiosa da saúde e da boa disposição. É nestas trevas da vida que nasce uma luz, o Menino Jesus, o Emanuel, Deus connosco. Neste Natal, pensemos e gravemos nos nossos corações: Deus dá-nos um irmão que nos traz uma mensagem.
Deus dá-nos um irmão. Perante as dificuldades da vida, resplandece a luz de Jesus que nasce. Com Jesus, a nossa fraqueza transforma-se em fortaleza. Deus põe de lado uma lei que o povo judeu não era capaz de cumprir fielmente e a substitui com a presença amorosa do seu próprio Filho. Deus não nos dá uma lei para cumprir mas um irmão que nos ensinará a chamar Deus com o nome de Pai. O Filho de Deus nasce na pobreza para que ninguém se sinta excluído do calor amoroso de Deus. Numa humanidade amargurada e insegura, nasce o Filho de Deus para a renovar com uma presença fiel e a favor do seu povo. Como qualquer recém-nascido, o Menino Jesus chora nos primeiros momentos da sua vida. Ele chora para enxugar as nossas lágrimas!
Jesus, nosso Irmão, traz-nos uma mensagem. Ele é o melhor mensageiro que Deus enviou à humanidade. Ele é a mensagem mais clara de Deus. Qual é a mensagem? Somos filhos de Deus Pai, não somos escravos nem marionetas de um deus falso. Que alegria ver um menino no presépio que nos traz a paz às nossas guerras interiores e exteriores. É necessário que este Menino renasça nos nossos corações, porque Ele fala-nos da ternura de Deus. Com o nascimento de Jesus, Deus já não nos fala através de intermediários, de mensageiros. Agora, fala-nos pelo seu Filho. Mas, a cada um de nós, dá-nos a missão de levar o seu amor, a sua proximidade, a sua ternura e o seu carinho aos outros, através das nossas palavras e obras, imitando Jesus, o seu Filho muito amado.
Como posso celebrar o Natal este ano? Diante de uma mesa abundante, na confusão das prendas, nos gastos exagerados? Será Natal se te aproximares de um doente e dizer-lhe: Jesus está contigo; se fores ter com os esquecidos da nossa sociedade e dizer-lhes: Jesus está contigo; se fores ter com o pobre e o oprimido e dizer-lhe: Jesus está contigo; se fores ter com os desanimados e os carentes de amor e de esperança e dizer-lhes: Jesus está contigo. Ao levarmos esta mensagem, iremos encontrar Jesus nestas pessoas.
Como posso ter um Natal feliz? Alegra-te com a simplicidade da grandiosidade do Natal: um Menino nasce para dar um novo sentido à minha vida, para me ajudar a ser mensageiro de paz, de harmonia e de solidariedade entre os homens e as mulheres.
Cónego Jorge Seixas |
Bênção das Senhoras Grávidas
Realizou-se no dia 21 de dezembro, IV Domingo do Advento, como já vem sendo hábito na Missa das 11h00 da Paróquia de Mangualde, a Bênção das Senhoras Grávidas.
O Rev. Cónego Jorge Seixas chamou ao altar as 16 senhoras grávidas presentes e procedeu à bênção das mesmas uma a uma.
As futuras mamãs com um sorriso no rosto ou um pouco emocionadas, agradeceram a bênção e a graça recebida por Deus, aguardando com ansiedade a chegada do seu menino/menina.
Agradeceram também as botinhas feitas em lã, “um miminho” oferecido pela Paróquia.
Na cerimónia o Sr. Cónego lembrou uma senhora, que se encontrava inscrita e não pôde estar presente devido a um parto prematuro. Pediu a Deus por ela e pelo bebé, para que Deus os ajude.
Agradeceu à Equipa de Nossa Senhora que todos os anos organiza esta celebração. |
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MENSAGEM DE NATAL
do Pároco de Mangualde
Presépio de Pau de Canela da Coleção do Rev. Pe Jorge Seixas
Estamos no mês do Natal. Neste tempo somos chamados a contemplar um mistério que ultrapassa a nossa compreensão. Um grande mistério que podemos sentir de forma diferente em cada ano. Talvez porque, em cada ano, estamos diferentes.
Nesta época, ficamos com mais saudades, começamos a recordar com mais intensidade os que já morreram e parece que ficamos mais deprimidos. É verdade! Ficamos mais sensíveis! Será por causa dos enfeites, das luzes e estrelinhas? Não! É porque Deus toma a iniciativa de fazer algo que nós não conseguimos: no tempo do Natal, Deus torna-nos mais humanos. Por isso o Natal é a oportunidade de rever o que realmente é mais importante para nós. Pensemos nas pessoas que estão mais próximas de nós. Como a estamos a tratar? Temos expressado amor, ternura, compaixão? Ou são as pessoas em quem mais descarregamos os nossos nervos, ou que mais sofrem connosco?
No Natal, recordamos que Deus tornou-se uma criança, nascendo numa gruta. José e Maria, sua esposa, que estava grávida, estavam em Belém, quando se completaram os dias para o parto, e Maria deu à luz ao seu filho primogénito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Deus assumiu a forma humana e não podemos esquecer algo fundamental: Deus entrou na humanidade, experimentou todas as suas limitações. Este mistério da humanidade de Deus é tão profundo. Fazer-se um de nós, é uma decisão da vontade de Deus tão grande que Ele despe-se de toda a sua majestade, glória e esplendor, para dizer o quanto nos ama. Ele veio trazer a luz para os que andavam errantes no mundo, perdidos na escuridão.
Neste ano de 2014, mais uma vez, Jesus nasce. Deus envia-nos a Luz. Será que vamos recusar a luz de Deus? Vamos continuar errantes neste mundo, construindo muros, alimentando conflitos, discórdias, difamações e intrigas? O Natal é essa luz que vem para brilhar no horizonte e dizer a cada homem e a cada mulher: perdoa, corrige-te, recomeça.
Geralmente os presentes que oferecemos no Natal vêm com um prazo de validade muito curto! Podemos comprar o melhor presente do mundo para uma criança. É novidade no dia de Natal, mas passados três, quatro dias, uma semana, acabou, vai para um canto ou para o sótão! O presente que Deus nos dá é para sempre. Ofereçamos também um presente para a vida inteira: o nosso amor, o nosso sorriso, o nosso afecto, o nosso perdão. Diz à pessoa que está ao teu lado o quanto ela é importante para ti. São palavras que parecem mero romantismo, mas fazem tão bem ao ouvido e ao coração.
Retira a armadura, retira a máscara, sai da hipocrisia, não tenhas medo de renascer, de voltar à essência da tua humanidade porque, às vezes, tornamo-nos seres que nós não reconhecemos: certas situações fazem-nos tomar decisões que nos vão tornando pessoas amargas, tristes, desanimadas. Aproveita o Natal e tenta recuperar o que de melhor há em ti: aquele sorriso lindo e sincero, aquele coração que era bom, aquela pessoa que era capaz de chorar de emoção. Volta a ser aquela pessoa que era capaz de acreditar, que era boa, simples, verdadeira, autêntica, amorosa. Volta a ser bom, porque Deus é bom.
Pe. Jorge Seixas |
HOMILIA DO 4º DOMINGO DO ADVENTO (ANO B)
A Palavra de Deus, proposta pela liturgia da Igreja para este domingo, centra-se no termo “casa”, nos seus diversos sentidos. A casa significa o espaço físico, uma construção, onde vive uma família. Mas também a casa tem um sentido metafórico de família: “vou a minha casa”, ou seja, vou estar com a minha família. Na primeira leitura, o rei David deseja construir uma casa para colocar a Arca da Aliança, sinal da presença de Deus no meio do seu povo. No evangelho, Maria é visitada pelo Anjo Gabriel que lhe diz: “o Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra”. A maternidade de Maria é obra do Espírito de Deus. Maria torna-se o novo templo (casa) da Palavra de Deus que se fez carne no seu ventre. Aceitando o plano de Deus, Maria gerou na terra o filho de Deus Pai.
Na primeira leitura, do Segundo Livro de Samuel, o rei David é apresentado de uma forma solene, poderosa e faustosa, vivendo já num palácio, em tempo de paz. Desejava construir um palácio tão imponente como o seu para colocar a Arca da Aliança, ou seja, para Deus. Mas os planos de Deus são muito diferentes dos planos dos homens. Quando David manifesta construir um palácio para Deus, é o próprio Deus que anuncia que lhe irá construir uma casa: dar-lhe-á um nome ilustre, preparará um lugar para o povo de Israel viver, defenderá o seu povo de todos os inimigos, conceder-lhe-á um descendente que irá consolidar a sua realeza. Será o descendente do rei David que irá construir um Templo para o Senhor.
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Continuar...
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