HOMILIA DO 9º DOMINGO COMUM (ANO C)
A partir das leituras deste domingo, podemos afirmar que a salvação de Deus é para todos. Não é um privilégio para algumas pessoas ou nações. Para que esta salvação se torne realidade, basta ter fé em Jesus Cristo. Concedendo a salvação a todos, Deus revela a sua grande e infinita misericórdia (1ª leitura). Somente pede que o homem e a mulher se aproximem Dele com uma fé firme em Jesus Cristo e exponham com humildade as suas necessidades (2ª leitura e evangelho).
Na primeira leitura, o rei Salomão deixa bem claro que a salvação é universal. Por isso eleva a sua oração a Deus para que escute não somente os judeus que virão ao templo, mas também os pagãos e os estrangeiros. Deus não é somente para um povo, mas para todo o mundo. É o Deus de todos. É Ele que concede todas as graças aos homens e mulheres para reparti-las com os outros.
Na segunda leitura, S. Paulo apela à vigilância, ou seja, estarmos atentos àqueles que querem anunciar outro evangelho diferente que, como é evidente, não levará à salvação. São Paulo escreve aos Gálatas. Pregou-lhes a fé em Cristo e eles aderiram a esta fé, aceitaram o batismo e as graças do Senhor. Todavia, mais tarde, apareceram algumas pessoas que os perturbaram, exigindo-lhes a observância da lei antiga de Moisés (circuncisão, restrições alimentares, pureza ritual). E S. Paulo é muito claro afirmando que basta a fé e a adesão a Cristo para cada um se salvar, juntamente com a prática de boas obras, ou seja, que haja uma coerência entre a fé que se professa e as obras que se praticam.
No texto do evangelho, encontramos um episódio da vida de Jesus que revela a universalidade da salvação. Jesus atende o pedido de um centurião romano que lhe pede a cura de um dos seus criados. Ele era pagão, mas era um homem bom, honesto e humilde, simpatizava com o povo de Israel, a tal ponto de construir a sinagoga de Cafarnaum. Jesus ficou admirado com a atitude do centurião e elogia a sua fé. Por isso, curou o seu criado. Desde o nascimento, Jesus Cristo é a expressão suprema da universalidade da salvação. Quando inicia a sua pregação, tem um carinho especial com os marginalizados, elogia o leproso estrangeiro que lhe vem agradecer a cura, coloca numa das suas parábolas a figura de um samaritano a acudir alguém caído à beira do caminho. Jesus, ao curar o criado do centurião romano, deixa bem claro que a salvação não tem fronteiras, não pede passaporte nem papéis. Somente pede fé Nele. Ele é o único e universal Salvador. Em nenhum outro há salvação, porque não existe outro nome debaixo do céu dado aos homens, no qual possamos ser salvos.
Perante os textos sagrados deste domingo, somos convidados a viver com uma mentalidade aberta e a não nos fecharmos em alguma classe de racismo, de fundamentalismos, ou alimentar “grupinhos” com espírito de contradição ou de competição doentia. Há que saber dialogar com os outros e não alimentar ditaduras, reconhecendo que a verdade e o bem nem sempre estão do nosso lado. Há que saber dialogar com os outros e respeitar os que pensam de forma diferente.
É neste sentimento que devemos celebrar a Eucaristia, onde formamos uma assembleia comunitária, onde todos somos diferentes, mas fraternal. Na Eucaristia, elevamos na oração universal as nossas súplicas a Deus, solidarizando-nos com todos. Nela, trocamos o gesto da paz que desejamos a todos. É na Eucaristia, onde comemos o único pão partido, sentindo-nos irmãos uns dos outros, porque acreditamos em Jesus Cristo, o Salvador da Humanidade.
Cónego Jorge Seixas |
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CORPO DE DEUS (ANO C)
Depois da solenidade da Santíssima Trindade, celebramos neste dia a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Na Quinta-Feira Santa tivemos a oportunidade de celebrar a Última Ceia com Jesus em relação com o mistério da sua morte e ressurreição. Nesta celebração vimos de que forma o seu gesto salvífico é antecipado no contexto da ceia pascal com os seus discípulos, instituindo a sua nova aliança. Na solenidade deste dia, podemos aprofundar ainda mais este grande mistério e a importância que tem nas nossas vidas. A Eucaristia alimenta-nos e também muda a nossa maneira de viver e de entender o mundo. Se em cada domingo participamos na celebração da Eucaristia é o Senhor que nos alimenta e, assim, somos transformados, ou seja, tem de se notar na nossa vida.
“Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha”. Estas palavras são de S. Paulo, proclamadas na segunda leitura, dirigidas aos Coríntios e hoje a cada um de nós, à nossa comunidade. É o texto mais antigo escrito sobre a Eucaristia. Podemos ver como o sacramento da Eucaristia é um anúncio do como e do porquê de Jesus Cristo ter morrido, deixando-se partir, como ouvimos nas palavras da consagração, como se fosse um objeto: para alimentar a vida dos outros, para não excluir ninguém do banquete da vida.
Há um aspeto que muitas vezes esquecemos, mas que está bem evidente nas palavras de S. Paulo. A Eucaristia dá-nos uma forma e uma razão para morrer, mas também oferece-nos uma forma e uma razão para viver. Celebrar a Eucaristia ensina-nos como temos de viver e a razão da nossa vida. Vive-se assim: entregando-se, deixando de pensar somente em nós, dando a vida por todos e por tudo. Viver a vida como doação às pessoas que vivem connosco, com os seus problemas, sendo pão para os outros, alimentando-os com a nossa amizade, união, apoio e carinho. Vive-se por amor. Não podemos esquecer que o mistério eucarístico é precisamente isto: é amor, é sacramento do amor. As palavras de S. Paulo convida-nos a esta forma de viver e de morrer, porque aquele que assim viveu e morreu é o Messias que um dia virá. Celebramos a Eucaristia até que Ele venha, esperando pela sua vinda, como dizemos na oração eucarística. A ressurreição, a eternidade, a vida em Deus são o ar que respiramos todas as vezes que celebramos a Eucaristia, é o ar de Jesus ressuscitado depois da sua morte e é o ar que respiramos até ao dia da sua vinda com toda a glória e esplendor. Celebramos a Eucaristia porque acreditamos no amor e que só o amor é vida, uma vida que vem de Deus.
O texto do evangelho deste dia faz referência a esta relação entre a Eucaristia e o amor. Perante aquela multidão, os discípulos têm a tentação de desinteressar-se das suas necessidades. Por isso, queriam despedir as pessoas. Estar com Jesus implica aceitar que tudo o que acontece à nossa volta deve preocupar-nos, até ao ponto de nos oferecermos aos outros como ajuda. A Eucaristia é contrária ao desinteresse e ao individualismo. A Eucaristia é uma forma de viver. O texto do evangelho termina dizendo: “Todos comeram e ficaram saciados; e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram”. No banquete do Messias, não há ninguém que não fique saciado.
Que nesta solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo sintamos que o alimento da nossa vida é a Eucaristia que nos dá energia para ir ao encontro das fomes dos nossos irmãos: fome de alegria, de paz, de sentido para a vida, de coragem. Através das nossas mãos, que os nossos irmãos mais necessitados sejam saciados e reconfortados pelo pão vivo descido do céu.
Rev. Cónego Jorge Seixas |
Profissão de Fé
No dia 22 de maio, Domingo da Santíssima Trindade na Missa 11h00, na Igreja Paroquial de Mangualde, 55 jovens do 6º ano da catequese fizeram a sua Profissão de Fé.
Como já é hábito os jovens ocuparam a parte central da Igreja. O Rev. Cónego Jorge Seixas começou por perguntar a estes jovens: Quem é Deus?
Fez-se silêncio e os jovens olhando atentamente para o Sr. Cónego, tiveram alguma dificuldade em responder, um mistério incompreensível à nossa inteligência.
Então o Sr. Cónego explicou: “ o episódio da vida de S. Agostinho, passeando pela praia, procurando entender o mistério de Deus. Como é difícil compreender quem é Deus, da mesma forma que era impossível à criança que, junto a S. Agostinho, pretendia encher um buraco feito na areia com toda a água do mar. Conhecer Deus é tão impossível como esvaziar todo o mar para encher um pequeno buraco. Mas, talvez nos possa ajudar a ideia de S. Patrício, o primeiro a introduzir o Cristianismo na Irlanda no século V. Ele tinha uma forma muito original de explicar a ideia de um único Deus em três pessoas, porque os pagãos imaginavam que as três pessoas divinas eram três deuses diferentes. Para lhes explicar, usava um trevo e apontava para as suas três folhas. Este gesto simples foi suficiente para que aquelas pessoas acreditassem que as três pessoas divinas são um único Deus. Por isso, S. Patrício é o padroeiro da Irlanda e o trevo é um símbolo que representa todos os irlandeses.
Jesus revela que Deus é amor. É Amor porque entregou o seu Filho na cruz para salvar toda a humanidade, é Amor porque enviou o Espírito Santo para nos guiar e iluminar nas nossas vidas.
Deus está no meio de nós, salientando que o Espírito Santo habita em nós desde o dia do nosso Batismo, pedido pelos nossos pais. Nesse dia o pai acendeu a vela no Cirio Pascal, representando Cristo Vivo, ressuscitado. Os pais e padrinhos professaram a fé por vós, agora são vocês que vão renovar esses votos com toda alegria dizendo acredito neste Deus que me ama muito.
Os pais acenderam um a um a vela do batismo dos filhos no Círio Pascal entregando-a logo a seguir a estes jovens que celebram assim a sua Profissão de Fé.
A Igreja que se encontrava cheia de fiéis, transformou-se num Templo iluminado.
Os jovens participaram ativamente em alguns momentos da celebração Eucarística.
Os cânticos estiveram a cargo do Grupo Coral da Paróquia de Mangualde.
O Rev. Cónego Jorge Seixas felicitou todos os jovens, bem como os pais e padrinhos e catequistas, pedindo uma salva de palmas.
Fez um apelo a toda a comunidade e a todos os jovens a participarem na grande manifestação de Fé que é a Procissão do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Gostaria que em Mangualde fosse a maior Manifestação de Fé dos cristãos.
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