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Jornal - Notícias da Igreja

O Círio Pascal e a Luz de Cristo

Estamos na Páscoa do Senhor e nas paróquias e demais comunidades cristãs começa a sentir-se a azáfama dos preparativos. Entre eles a aquisição do Círio Pascal que, preparado no início da solene Vigília na Noite Santa, dissipará as trevas da noite, do coração e do espírito com a luz de Cristo Ressuscitado. E surgem questões: Como e de que material? Com que ornatos? Com que peso e medida?

A palavra «círio» vem do latim «cereus», quer dizer: «de cera». Faz parte da verdade do símbolo que seja mesmo de cera, não bastando que «pareça». Deveríamos cuidar de que tudo o que é imitação, fingimento, arremedo fosse afastado das nossas celebrações. No caso concreto do círio pascal, utilizar um «cilindro» de outra matéria para depois cantar o precónio pascal seria ridículo, para além de falso. Basta transcrever alguns trechos dessa belíssima oração que poderá remontar aos tempos de Santo Ambrósio e Santo Agostinho: «Agora conhecemos o sinal glorioso desta coluna de cera, que uma chama de fogo acende em honra de Deus: esta chama que, ao repartir o seu esplendor, não diminui a sua luz; esta chama que se alimenta de cera, produzida pelo trabalho das abelhas, para formar este precioso luzeiro».

 

Este precioso luzeiro, é símbolo de Cristo Ressuscitado. Na escuridão da noite, quando todas as luzes da igreja estão apagadas, ao acendê-lo em primeiro lugar do lume novo, o Sacerdote que preside à Vigília proclama: «A luz de Cristo gloriosamente ressuscitado nos dissipe as trevas do coração e do espírito». E erguendo-o, qual coluna de fogo que na noite do êxodo guia o povo, o ministro cantará por 3 vezes, subindo sempre na escala musical: «A Luz de Cristo!»

Se nele brilha a Luz de Cristo, retire-se dele tudo o que de algum modo possa desfocar esta centralidade e unicidade. Temos visto círios com os «enfeites» mais variados. Já o vimos com a representação da Senhora da Azinheira a falar aos pastorinhos de Fátima… E a fantasia sem fundamento, ou apoiada apenas na mera devoção sem doutrina, é ilimitada na sua suposta «criatividade». Como se essa chama gloriosa devesse lembrar à assembleia dos fiéis algo mais do que a Luz de Cristo. Como se nós fôssemos de Paulo, ou de Apolo, ou de Cefas e não todos sempre e só de Cristo!

 

O Círio pascal não é um objecto decorativo nem devocional. Não pode ser pretexto para exercícios de estética duvidosa ou descontextualizada. O Missal diz-nos qual deve ser o seu «preparo» e ornato: «Depois da bênção do lume novo, um acólito ou um dos ministros apresenta o círio pascal ao celebrante, o qual, com um estilete, grava no círio uma cruz; depois grava a letra grega Alfa por cima da cruz e a letra grega Ómega por debaixo e, entre os braços da cruz, grava os quatro algarismos do ano corrente». Nada impede – até servirá de ajuda aos celebrantes e assegurará a melhor visibilidade por parte da assembleia – que o círio já esteja «marcado» com essa cruz (duas hastes cruzadas), as duas letras gregas sobre e sob a haste vertical e os números do ano. E aqui até há espaço para o desenho, para a cor e, porventura, para relevos: com verdadeira arte. Nunca, porém, se pode prescindir da cruz: o Ressuscitado é o Crucificado e não há outro. Nem dos outros elementos gráficos que a celebração supõe e exige e que nos ajudam a ver e compreender que a Páscoa de Cristo, o nosso Alfa e Ómega, princípio e fim de tudo e todos, nos alcança e nos renova neste ano concreto em que vivemos: ano da graça. Por isso, o círio pascal tem de ser novo e único para cada ano.

O Rito da Vigília prevê a possibilidade de acrescentar este ornato cravando nas hastes da cruz 5 pinhas de incenso, numa alusão às cinco chagas de Cristo na Cruz. Se há país em que se justificaria manter este costume esse é Portugal: basta pensar que o simbolismo das chagas está presente na Bandeira Nacional, e essa devoção nos acompanha desde os alvores da pátria. Entretanto, este rito é opcional. Diz a rubrica do Missal: «o sacerdote pode…».

 

Que peso e medida? Em alguns lados, porventura para aumentar a superfície e ter mais espaço para relevos e criações pictóricas, chegou-se ao exagero de círios a pesar mais de 30 Kg, esquecendo que ele deve ser levado em procissão, bem erguido, por um homem normal e não por um qualquer Hércules ou campeão de halterofilia, que deve ser mergulhado pelo presidente na água baptismal por 1 ou 3 vezes, que deve ser sustentado nas mãos pelo ministro do Baptismo para que os padrinhos ou pais vão nele acender a vela dos neófitos, etc. Aliás, quando o diâmetro é excessivo, a chama do pavio não assegura a combustão de toda a cera liquefeita e esta acaba por apagar o círio se não houver a precaução de regularmente despejar a cera liquefeita num «cerimonial» acrescentado e bem dispensável. Mas o círio também não pode ser tão exíguo que desapareça da vista da assembleia e não possa ser «único para todo o ano», cumprindo gloriosamente a sua missão de arder em todas as celebrações com alguma solenidade do Tempo Pascal e, ainda, em todas as celebrações do Baptismo e, porventura, em todas as celebrações exequiais (o Ritual de Exéquias prevê a possibilidade de o círio ser a única chama a arder junto do féretro durante a celebração na Igreja). Enfim, o bom senso e o bom gosto terão de ditar a sua lei. Tenha-se em conta o número previsível de celebrações em que o círio deve arder, bem como a dimensão da igreja e do candelabro onde será colocado: durante o tempo pascal junto ao ambão e, no restante ano, no Baptistério. E não se exceda a medida e peso comportável pelas forças normais de uma pessoa. Bom senso e bom gosto!